Um levantamento de opinião recente realizado pelo Instituto de Pesquisas Nassau descobriu que, para a maioria da população, o ministro Teori, relator da operação Lava Jato no STF, foi morto e não apenas uma vítima de trapalhadas da sorte, como definiu um colega do tribunal federal.

De acordo com os resultados do questionário principal, a maior parte dos entrevistados, 57%, respondeu não, quando questionado se o ministro havia sido vítima de um acidente.

Apenas 33% dos entrevistados disse afirmar que o ministro foi sim vítima de acidente.

Outros 10% disse não saber ou não respondeu.

A boa notícia da pesquisa é que uma maioria de 72,6% disse acreditar que a morte do ministro da Lava Jato não acabará com a operação da PF e Ministério Público Federal.

Para apenas 8,4% a morte vaia acabar sepultando junto as investigações.

Outros 13,3% afirmaram que talvez a morte contribuísse para o mesmo fim.

Outros 5,7% disse não saber ou não respondeu.

Como mobilizou o Brasil, há duas semanas, uma maioria esmagadora dos entrevistados (90%) ficou sabendo da morte em um acidente de avião.

Morte no mar Relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Teori Zavascki morreu na tarde da quinta-feira (19), aos 68 anos, após a queda de um avião em Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro.

A morte de Teori foi confirmada pelo filho do magistrado Francisco Zavascki em sua conta no Facebook.

O filho do ministro, também publicou a seguinte mensagem no Facebook: “Amigos, infelizmente, o pais estava no avião que caiu!

Por favor, rezem por um milagre”.

Nascido em Faxinal dos Guedes, Santa Catarina, em 15 de agosto de 1948, Teori Albino Zavascki faleceu na tarde desta quinta-feira (19), aos 68 anos, num acidente aéreo com um avião bimotor modelo Beechcraft C90GT, prefixo PR-SOM, que caiu em Paraty, na região da Costa Verde, no Rio de Janeiro.

Ele era o relator da Operação Lava Jato, no STF, sendo responsável por cerca de 7 mil processos.

Em maio de 2016, ele tomou uma atitude inédita na Corte e convocou um juiz a mais para ajudar com os processos.

Outros ministros têm dois magistrados à disposição.

Zavascki tinha três.

Investigadores da Lava Jato trabalhavam com a previsão de que todo o conteúdo das 77 delações da empreiteira Odebrecht, considerada a maior delação do esquema, fosse tornado público na primeira quinzena de fevereiro.

A expectativa de investigadores era de que o ministro Teori Zavascki, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, retirasse o sigilo dos cerca de 900 depoimentos tão logo as delações fossem homologadas.

Isso estava previsto para ocorrer após o fim do recesso do Judiciário, nos primeiros dias de fevereiro deste ano.

Desde que os processos da Lava Jato começaram a chegar ao STF, em março de 2015, o gabinete de Teori passou a ter número maior de novos processos que de decisões proferidas.

Na prática, isso significa um acúmulo maior de ações sob sua relatoria.

No último dia de 2013, eram 6.534 processos no gabinete de Teori aguardando decisão.

Um ano depois, no fim de 2014, a montanha diminuiu para 5.920 ações.

Em 31 de dezembro de 2015, o primeiro ano da Lava-Jato no STF, houve uma reviravolta e o número de processos voltou a subir, atingindo a marca de 6.253.

Ao fim de 2016, o número saltou para 7.423.

Atualmente, o ministro Teori Zavascki tinha sob sua relatoria 13 ações penais e 67 inquéritos, sendo que duas ações penais e 42 inquéritos são da Operação Lava-Jato.

Embora as investigações ainda não estejam na fase final, já provocaram muita dor de cabeça em autoridades em Brasília.

Saiu do gabinete do ministro, por exemplo, a ordem de afastamento do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara.

Teori também já determinou a prisão do ex-senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), que era líder do governo no Senado.

Os dois foram punidos por tentativa de atrapalhar as investigações da Lava-Jato.

Ameaças Teori Zavascki admitiu, em junho de 2016, no Rio de Janeiro, a existência de ameaças à sua família, conforme mensagem postada por seu filho no Facebook, mas minimizou o fato, afirmando: “Não tenho recebido nada sério”.

Ele não deu maiores detalhes sobre o assunto e fez o comentário após uma palestra que realizou nesta segunda-feira na cidade.

A frase foi uma resposta à indagação da reportagem da Agência Brasil, se ele confirmava a mensagem postada por seu filho, Francisco Prehn Zavascki, no Facebook, no último dia 26 de maio, às 23h06: “É obvio que há movimentos dos mais variados tipos para frear a Lava Jato.

Penso que é até infantil imaginar que não há, isto é que criminosos do pior tipo, (conforme o MPF afirma), simplesmente resolveram se submeter à lei.

Acredito que a lei e as instituições vão vencer, porém, alerto: se algo acontecer com alguém da minha família, você já sabem onde procurar…!

Fica o recado!”.