Enquanto o governador Paulo Câmara leva bordoadas e mais bordoadas, seja de socialistas históricos seja da ala do senador Fernando Bezerra Coelho, o prefeito do Recife, sem alarde, começou a realizar eventos com grupos da sociedade, onde ouve críticas recebe sugestões para a nova gestão.

Já foram realizados três eventos desta natureza, com a presença apenas de secretários.

O mais recente deles, nesta quarta-feira, ocorreu no Caxangá Golf Club, na Zona Oeste da cidade.

Não apenas empresários do clube participaram.

O Blog de Jamildo acompanhou.

Curiosamente, o evento foi realizado no mesmo dia em que o prefeito abriu os trabalhos legislativos, com um discurso oficial diante dos vereadores do Recife (responsáveis pela representação da sociedade).

No mesmo dia, o socialista almoçou com os comerciantes do Recife. “A relação com a política (classe política) fluiu bem, mas a relação com a sociedade poderia fluir melhor. É isto que estamos fazendo aqui”, explicou aos presentes, ao iniciar a conversa informal. “Quero estabelecer uma canal mais direto com a sociedade.

Já fui em 22 áreas da cidade em janeiro, seja para fiscalizar uma obra ou agradecer a população.

Quando eu digo que vou trabalhar mais do que tinha trabalhado, as pessoas recebem com surpresa.

Eles dizem, que coisa estranha, nunca tinha visto isto antes.

Realmente, é novo.

Já fiz outras reuniões como essa, na Anchan, e vamos fazer mais.

Vamos fazer a interlocução direta com a sociedade”, acrescentou.

No evento, Geraldo Julio estava acompanhado dos auxiliares Fred Oliveira e Marconi Muzzio, além do secretário de Turismo e Lazer, Ana Paula, e o secretário de Imprensa, Carlos Eduardo.

Antes de começar a responder os questionamentos, Geraldo Julio disse que a iniciativa era um canal de comunicação mais eficiente com a sociedade. “Vim aqui mais ouvir do que falar.

Se ficar dentro do gabinete, não vou ter esta oportunidade.

Como temos um novo mandato, vamos ter um novo governo e um novo quadriênio”, afirmou.

Na abertura da fala, não se sabe se com o objetivo de justificar não ter como fazer tudo, Geraldo Julio disse ter certeza, já no ano passado, de que, em 2017, seria muito duro. “A crise sobrecarrega o serviço público, seja na saúde, seja na educação.

E não se pode reduzir os serviços.

O Brasil estava uma bagunça em 2013 e em 2014, mas a crise se agravou muito e o cenário de hoje é outro” De acordo com aliados, a ação pode ser resultado de pesquisas, que apontaram que a falta de diálogo sistemático com a população era ruim para a imagem do gestor. “Não queriam ressucitar o OP (Orçamento Participativo), então criaram esse modelo”.

O primeiro que se apresentou para falar, o professor Mauro Ferreira Lima, ex-vereador do Recife e hoje professor universitário, abriu logo a caixa de ferramentas com uma cobrança pública.

Sacou uma carta com sugestões que foram apresentadas em 2013 e não foram aproveitadas.

Seriam mais de 15 ações ignoradas.

Geraldo não se abalou e ouviu pacientemente.

Quando teve de volta a palavra, elogiou o professor por amar a cidade e levou a carta, entregue a uma assessora do cerimonial.

Em linhas gerais, pedia conversação em praças (como a do Sebo e Maciel Pinheiro) ou mercado de São José, mais atenção ao setor de construção civil, Porto Novo, combater decadência do Pátio de São Pedro, Pátio Santa Cruz, mais segurança no Recife Antigo e cuidados com Parque das Esculturas.

A advogada Renê Patriota, ligada ao PV, prestigiou o evento e pediu que a Prefeitura do Recife abrisse uma guerra ou intolerância zero contra a exploração das crianças de rua.

Ela queria que fossem usadas as câmaras de fiscalização de trânsito, as mesmas que são usadas para multar o cidadão. “Precisamos de tolerância zero com as famílias que exploram seus filhos nos sinais”, disse a advogada, mãe de quatro filhos, todos doutorados.

O prefeito prometeu ‘abrir uma agenda’ para discutir o tema.