Estadão Conteúdo - O professor de direito penal internacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e procurador regional da República Artur Gueiros considera que será “muito difícil” trazer Eike Batista, que tem dupla nacionalidade brasileira e alemã, de volta para o Brasil, caso ele vá para a Alemanha, país que não extradita seus nacionais.
LEIA TAMBÉM » Advogado diz que Eike vai se entregar o mais rápido possível » Eike pagou propina a Cabral por meio de falsa venda de mina de ouro O fato de Eike estar no exterior, neste momento, possibilita que ele não seja preso?
Sim.
Dentro deste quadro, há o risco da não aplicação da lei penal brasileira pelo fato de ele estar fora do Brasil e ter nacionalidade alemã.
Se ele realmente estiver nos Estados Unidos, a Interpol, que o incluiu na lista vermelha, pode prendê-lo e extraditá-lo.
Agora, é uma corrida contra o tempo. É fundamental que evitem que ele vá para Alemanha.
E se ele for para a Alemanha?
Neste caso, vai ser muito difícil trazê-lo, porque a Alemanha não extradita nacionais.
O governo brasileiro até poderia tentar uma extradição por vias diplomáticas.
Mas a repercussão negativa da situação carcerária no Brasil, com as rebeliões, pode ser um elemento contra. » Operação que determina prisão de Eike mira pagamentos de propinas a Cabral » Eike Batista tem prisão decretada em nova fase da Lava Jato Como fica a situação com ele nos EUA?
Se ele for capturado, pode ser deflagrado um processo de extradição dele para o Brasil.
Fora da Alemanha, ele não tem nenhuma proteção.
Também há a possibilidade de a promotoria americana resolver instaurar uma investigação sobre os fatos da Lava Jato e abrir um processo criminal contra ele. É possível que haja esse interesse devido à dimensão dos seus negócios, inclusive internacionais.
O pior lugar do mundo fora do Brasil para ele estar, neste momento, é os EUA, porque eles têm essa permissão de perseguir criminalmente práticas corruptas no mundo inteiro.
A decisão de prendê-lo foi do dia 13 de janeiro, mas a PF só deflagrou a operação ontem.
Houve erro neste tempo?
Devido a profundidade desta operação, que é complexa porque envolve muitos mandados de prisão e de apreensão.
Mas já acompanhei casos em que houve monitoramento em tempo real do acusado.
Não sei o que aconteceu, se esta pessoa é difícil de fazer esse monitoramento em tempo real, se ela não usa o telefone.