Na segunda visita a Pernambuco como presidente, Michel Temer (PMDB) vai à cidade sertaneja de Serra Talhada, governada pelo petista Luciano Duque, que inicia agora o segundo mandato.

Apesar de o seu partido ser de oposição ao peemedebista, após o impeachment de Dilma Rousseff e da saída da presidência após 13 anos, Duque garante que não mistura política com gestão, nas palavras dele.

Além disso, defende as parcerias com os governos federal e estadual por mais recursos para o município. “Questões políticas a gente deixa para o campo politico e no tempo certo”, afirmou o prefeito.

Temer vem ao Estado na próxima segunda-feira (30), passando primeiro por Floresta, também no Sertão, onde vai visitar as obras da Transposição do Rio São Francisco.

De lá, segue com o ministro da Educação, o pernambucano Mendonça Filho, para Serra Talhada, onde vai inaugurar a unidade do Instituto Federal do Sertão (IFSertão).

A construção custou R$ 15 milhões.

LEIA TAMBÉM » Temer visita Pernambuco na próxima segunda-feira Temer com Paulo Câmara em dezembro (Foto: Beto Barata/Presidência da República) Duque lembra que, quando Temer assumiu a presidência, em maio do ano passado, imaginou que poderia haver retaliação ao fato de ele ser petista.

Mas afirma que, de lá para cá, apresentou projetos principalmente para os ministros pernambucanos - além de Mendonça, Fernando Filho (Minas e Energia), Bruno Araújo (Cidades) e Raul Jungmann (Defesa) - e fechou parcerias. “O tratamento que a gente tem tido tem sido republicano, não posso reclamar”, afirmou o prefeito, que exalta a importância de as gestões municipais terem corpo técnico para elaborar e acompanhar projetos. “As políticas de saúde, desenvolvimento… quem quer que seja o governante tem que dar continuidade.

Os municípios dependem muito de programas federais.

Desde Lula (também petista), o governo federal tem colocado políticas públicas para o fortalecimento dos municípios”, disse. “Se parcerias têm que ser feitas, eu vou fazer, independente de posicionamento político.

Essa política antiga de perseguir, prejudicar e não mandar recursos é uma página virada no País.” » Temer quer ser lembrado como “o maior presidente nordestino” do Brasil » Edital de último trecho da transposição sai no mesmo dia da visita de Temer a Pernambuco, mas beneficia Ceará O prefeito entende que a visita de Temer a Serra Talhada tem um objetivo político na região, além do administrativo.

Apesar disso, pondera que a conquista para o município com a inauguração do Instituto Federal é grande, citando como exemplo a do campus da Universidade Federal de Pernambuco na cidade, há dez anos, na gestão de Lula. “Serra Talhada é antes e depois da UAST (como é chamada a unidade)”, garante. “Principalmente de uma cidade que tem mais de 50% da população abaixo da linha da pobreza.

Uma escola federal tem um aparato que as escolas municipais não podem oferecer.” Duque enfatizou que o PIB (Produto Interno Bruto) do município cresceu de R$ 1,1 bilhão em 2015 para R$ 1,2 bilhão em 2016 em um momento em que o nacional está em recessão.

Teto de gastos e Reforma da Previdência Apesar de o petista estar receptivo à visita de Temer, é crítico da emenda constitucional que colocou um teto nos gastos públicos. “Vejo com muita preocupação como vai ficar a situação dos municípios havendo um corte.

Não creio que um País possa desenvolver a população se não houver investimento em saúde e educação”, disse Duque.

O prefeito ainda afirma que os repasses para os municípios são desproporcionais hoje. “Trinta centavos para a merenda de uma criança?

Dá para comprar pipoca”, ironizou. “A população está crescendo, envelhecendo.” » Geraldo Julio reafirma críticas à PEC do Teto: “Quem paga a conta sozinho é o povo” » Dilma: Temer traiu programa com PEC do Teto e Reforma da Previdência Duque defendeu ainda que o governo federal olhe para as previdências municipais. “Estamos sentados em cima de uma bomba que vai explodir lá na frente”, prevê.

O prefeito justifica que o modelo atual nasceu com erro, principalmente na contribuição, que não acompanhou a evolução salarial dos servidores.

Por causa disso, hoje muitas prefeituras têm que fazer aportes financeiros.

Entretanto, adiantou: “Vamos ver qual é o modelo.”