O senador Armando Monteiro Neto (PTB) classificou como retrocesso, na manhã desta terça-feira (24), a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de assinar a saída do país do Tratado de Associação Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), negociado pelo governo de Barack Obama e visto como um contrapeso à crescente influência econômica e política da China.
Para Armando, que foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a saída dos EUA do TPP vai ter efeitos negativos para o País a longo prazo. “Logo Trump se dará conta que talvez os Estados Unidos não tenha ganhos líquidos reais com a decisão.
No início pode ajudar alguns setores a curto prazo, mas no geral o País perde, e preços devem aumentar para os cidadãos americanos.
Vejo que em termos globais eles também podem perder com essas condições”, disse o pernambucano.
Durante entrevista à Rádio Jornal, o senador afirmou que a decisão de Trump pode beneficiar o Brasil. “Acho não deixa de ser retrocesso, mas pode beneficiar nosso País.
Por exemplo, a Austrália que fazia parte do acordo poderia vender carne de forma mais favorável.
Com esses países fora do acordo, o Brasil fica em situação de menor defasagem”, explicou.
Segundo Armando, o comércio global perde, pois o acordo possuía várias questões importantes como questões ambientais, compras governamentais e regras trabalhistas.
Sobre a visão protecionista adotada pelos Estados Unidos, o senador afirma que a decisão vai de encontro com a natureza do comércio global. “Sabemos que a globalização trouxe desequilíbrio, mas é importante, pois cada país pode se especializar em áreas e ser melhor do que outros em determinados seguimentos.
Essa busca pela eficiência melhora as coisas.
Por isso, vejo sempre como ruim o protecionismo, é retrocesso!”, disse Armando.
TPP O tratado foi assinado por 12 países: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura, Estados Unidos e Vietnã, que representam 40% da economia mundial e um terço do comércio global.
O TPP, que visa reduzir barreiras comerciais em algumas das economias com o crescimento mais rápido da Ásia e se estender do Canadá ao Vietnã, não pode entrar em vigor sem os Estados Unidos.
Ele precisa da ratificação de pelo menos seis países que respondam por 85% do Produto Interno Bruto (PIB) combinado dos países membros.
Várias organizações não governamentais o questionam por alegar que há normas pouco transparentes para os trabalhadores e o meio ambiente.
Argumentam ainda que viola normas soberanas de países-membros e limita o acesso a medicamentos.
A ordem executiva para iniciar a saída do país do Tratado de Associação Transpacífico foi a primeira decisão do novo presidente republicano, que durante a campanha denunciou o que chamou de acordo “terrível”, que “viola”, segundo ele, os interesses dos trabalhadores norte-americanos.