Estadão Conteúdo e Agência Brasil - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, estava na Suíça quando recebeu a notícia sobre a morte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki.

Imediatamente, ordenou o cancelamento de todos os seus compromissos no país e decidiu que retornaria nesta sexta-feira (20) ao Brasil, chegando a Brasília no fim do dia.

A pessoas próximas, admitiu que, agora, o que está em jogo é a investigação da Operação Lava Jato.

Com a morte do relator do caso no STF, Janot prevê que a homologação das delações da Odebrecht deve sofrer atrasos e que não mais haveria condição de que sejam realizadas no início de fevereiro, como estava planejado.

LEIA TAMBÉM » Corpo de Teori é resgatado de avião que caiu em Paraty » Morte de Teori gera onda de teorias da conspiração sobre futuro da Lava Jato Na Procuradoria-Geral da República, os cálculos são de que, se os casos da Lava Jato forem redistribuídos a um outro ministro, a homologação dos 950 depoimentos da construtora poderiam ser adiadas em pelo menos três meses.

Nessa quinta-feira (19) assessores do Supremo informaram que audiências com os 77 delatores da Odebrecht para confirmar que concordaram em colaborar com a Lava Jato serão canceladas.

A expectativa era de que Teori e sua equipe começassem nesta semana as audiência.

Nesta fase, os delatores não precisariam entrar no mérito das denúncias, mas apenas informar se foram coagidos ou não a firmar o acordo de delação com o Ministério Público. » Malafaia sugere que Temer nomeie Moro ministro do STF no lugar de Teori » Mundo jurídico nacional em choque com morte de Teori Em um rápido pronunciamento à imprensa na noite de quinta-feira, a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, evitou comentar o futuro dos processos da Lava Jato após a morte de Teori. “Não estudei nada, por enquanto”, disse ao ser questionada sobre que ministro ficaria com a relatoria dos inquéritos. “Minha dor é humana, como tenho certeza de que é a dor de todos os brasileiros depois de perder um juiz como este”, afirmou a ministra.

Cooperação Janot estava na Suíça para discutir com o procurador-geral do país europeu avanços na cooperação em relação às investigações.

No encontro, ele pediria o congelamento de novas contas e tentaria estabelecer uma forma de garantir que as novas delações da Odebrecht pudessem contar com o apoio dos suíços.

Berna teria a função de confirmar contas e as informações prestadas pelos executivos brasileiros.

Para tentar evitar uma exposição, Janot escolheu um hotel modesto de três estrelas em Berna, longe do centro da cidade.

Mesmo assim, na recepção, foi reconhecido por um grupo de estudantes estrangeiros. » Temer lamenta morte de Teori e decreta luto oficial de três dias no País » Políticos pernambucanos destacam figura do ministro Teori Foi justamente quando avaliava o que dizer aos suíços que recebeu a notícia.

Numa primeira ligação, ouviu de fontes oficiais que o avião acidentado levava o ministro.

Ainda assim, torcia para um final feliz.

A pessoas próximas, já alertava que, se a morte fosse confirmada, seria um abalo à Lava Jato.

Seu telefone não parava de tocar, de receber mensagens e mesmo alertas sobre dúvidas relacionadas ao “suposto acidente”.

Por horas, Janot se recusava a pensar na hipótese da morte do ministro e pedia calma a todos.

Uma de suas preocupações era justamente a pressão que sofreria o MP para apurar a “tese do assassinato”. » Responsável por sua nomeação, Dilma lamenta morte de Teori: “Perdemos um grande brasileiro”.

Lula também lamenta » Morre ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF Com a confirmação da morte, dizia que sentia que estava sonhando Imediatamente, mandou a PGR decretar luto oficial e insistia que o momento era de mostrar firmeza.

Desaba depois, recomendava Pressionado a dar uma declaração à imprensa, insistia que o momento era de luto e que não falaria além da nota oficial.

Mas quem esteve com Janot na noite desta quinta-feira escutou dezenas de vezes que o Brasil estava sendo colocado à prova.

Destino dos processos da Lava Jato ainda incerto A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, disse nessa quinta-feira (19) que ainda não estudou como ficará o andamento dos processos da Operação Lava Jato.

O ministro Teori Zavascki, que morreu em acidente de avião na tarde dessa quinta, era o responsável pela condução das investigações na Corte. “Não estudei nada por enquanto.

A minha dor é humana, como eu tenho certeza é a dor de todo brasileiro por perder um juiz como esse", disse.

Cármen Lúcia recebeu a notícia da morte de Teori em Belo Horizonte e retornou no início noite a Brasília para acompanhar o caso.

Aparentemente abatida, a ministra foi diretamente do aeroporto ao Supremo para falar com os jornalistas sobre a morte de Teori, a quem chamou de “um amigo super afetuoso, leal, digno”.

Durante entrevista, Cármen Lúcia confirmou que o velório do ministro será em Porto Alegre, onde mora a família dele, e não no Salão Branco do STF, como é tradicional na Corte.

Ela informou estar em contato constante com a família de Teori, de quem partiu o pedido para que o velório fosse realizado na capital gaúcha, onde o ministro morava e onde construiu sua carreira. “O Supremo acata e dará todo o suporte para tudo que for necessário”, disse a presidente do STF. “O Supremo se ressente e vai ressentir sempre da perda de um juiz como esse.

Esperamos agora que o desenlace dos acontecimentos aconteça de uma maneira bem humana”, acrescentou.