Sem alarde, o Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco abriu um inquérito para investigar supostas irregularidades em obras de contenção de encostas em Olinda, realizadas com recursos obtidos pelo ex-prefeito Renildo Calheiros (PCdoB) através de um convênio com o Ministério das Cidades.

Segundo apuração da Controladoria Geral da União (CGU), que denunciou as supostas irregularidades aos procuradores do MPF, a Prefeitura foi “omissa na fiscalização da obra, sendo conivente com o grande atraso na execução da mesma, comprometendo o controle da qualidade dos serviços e efetiva execução do contrato”.

Ainda, segundo relatório da CGU, na planilha das obras consta a despesa de R$ 785.560,89 sem o detalhamento analítico de custo, inviabilizando investigar se o dinheiro é realmente devido pelas obras.

O inquérito foi distribuído ao 3º Ofício de Combate à Corrupção da Procuradoria da República, órgão da primeira instância do MPF.

Ex-prefeito, Renildo não tem mais foro privilegiado a partir de janeiro deste ano, podendo ser investigado e processado na primeira instância da Justiça.

Antes, como prefeito, só podia ser investigado pelo foro privilegiado do TRF ou do TJPE.

O procurador responsável é Claudio Dias, o mesmo que está a frente da Operação Turbulência da Polícia Federal, que envolveu nomes ligados ao PSB.

Informações de bastidores dão conta que Renildo Calheiros pleiteia se tornar secretário estadual do governador Paulo Câmara (PSB).

Para tanto, quer ficar com o lugar do seu correligionário Marcelino Granja (PCdoB), atual secretário estadual da Cultura, que vem sendo muito criticado no Palácio do Campo das Princesas.

Aparentemente, Granja já sabia há tempos que Renildo Calheiros iria pleitear uma vaga no primeiro escalão estadual.

Como o PCdoB não tem votos nem bancada para ter duas pastas, Granja percebeu que a vaga pleiteada por Renildo poderia ser a sua própria.

Não se sabe se motivado pela contrariedade de estar sendo “fritado” pelo próprio partido, Granja protagonizou um episódio constrangedor para o Governo do Estado, durante a cerimônia de sanção da Lei do Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco, em 22 de dezembro do ano passado.

Em seu discurso, Granja criticou o afastamento de Dilma e a atuação do Judiciário contra o ex-presidente Lula (PT).

Tudo na frente do ministro Roberto Freire (PPS), que foi vaiado e chamado de “golpista” na cerimônia, além de um constrangido governador Paulo Câmara, que tentou conter as manifestações desrespeitosas com Roberto Freire.

Outro movimento estranho, nas coxias do PCdoB, é que, nas últimas semanas, uma alta dirigente do partido andou procurando os colunistas de política de alguns dos jornais do Estado para falar mal do correligionário, dando a entender que Granja seria substituído no governo de Paulo Câmara.

A despeito de toda esta movimentação, um membro graduado do PSB, ouvido sob reserva, avalia que a nomeação de Renildo Calheiros seria mais um erro do governador, pois é um “nome pesado”, que inclusive poderia ser envolvido em investigações, diretamente ou através do irmão, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

Para o socialista, sempre sob reserva, a nomeação de Renildo Calheiros seria “chamar noticiário negativo” para um governo que já tem muitas preocupações.