Estadão Conteúdo - A Executiva Nacional do PDT decidiu nesta terça-feira (17) expulsar o senador Telmário Mota (RR) por ter votado a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria um teto para os gastos públicos da União por 20 anos em novembro e dezembro do ano passado.
Os três senadores que eram do PDT na época da votação da PEC do Teto no Senado votaram a favor da proposta: Telmário, Lasier Martins (RS) e Pastor Valadares (RO).
Lasier já deixou o partido no fim do ano passado.
Já o caso de Valadares será analisado posteriormente, porque ele era suplente na época da votação.
LEIA TAMBÉM » Por 53 votos a 16, PEC do Teto é aprovada em votação final e congela gastos por 20 anos » Dilma: Temer traiu programa com PEC do Teto e Reforma da Previdência De acordo com o partido, a Executiva decidiu expulsar Telmário, mas ainda precisa ser referendada pelo Diretório Nacional da legenda.
Nesse intervalo, o parlamentar de Roraima pode apresentar sua defesa.
Nos bastidores, porém, integrantes do PDT consideram que dificilmente a expulsão será revertida. “Cara de pau” Telmário Mota acusou o presidente da legenda, Carlos Lupi, de “cara de pau” ao comandar sua expulsão da sigla.
O parlamentar criticou duramente Lupi, lembrando que ele deixou o Ministério do Trabalho em 2011, no governo Dilma Rousseff (PT), sob acusações de corrupção.
Ele disse que, com a decisão, o PDT indica que roubar é “plausível”, mas ninguém pode ter opinião própria. “O Lupi está fechando o PDT, reduzindo o partido a nada”, reclamou ele, em entrevista exclusiva, contando estar filiado ao partido há 20 anos.
Ele disse que, mesmo sem ajuda da direção nacional, fez o partido crescer em Roraima na última corrida municipal, com a eleição de ao menos um vereador em cada um dos 15 municípios de Roraima e ainda um prefeito. » Telmário Mota promete em plenário voto a favor de Dilma, mas volta atrás » Jucá chama Lupi e Telmário de bandidos.
PDT entra com representação contra ex-ministro O senador disse não ter sido informado do fechamento de questão do partido para votar a favor da PEC do Teto.
Ele contou não ter votado no mérito do primeiro turno na PEC, tendo apresentado uma emenda para tentar retirar o que considera o congelamento da saúde e da educação do limitador.
Contudo, a emenda foi rejeitada em plenário.
Foi no segundo turno, disse, que acabou votando a favor da PEC por considerar que o resultado já era previsível. “A Inês estava morta, não tinha como (reverter)”, disse.
Telmário disse que fará questão de apresentar a sua defesa ao Diretório Nacional do PDT.
O senador afirmou que deseja olhar a “cara de pau” dos integrantes da Executiva e do presidente do partido de expulsar um “homem honesto”.
Ele disse estar “tranquilo” e, por ora, não vai procurar outra legenda para se filiar. » “Candidatura de Ciro é irreversível”, diz presidente do PDT » “PT terá que cair na real e apoiar Ciro Gomes à Presidência”, diz presidente do PDT O senador questionou ainda o fato de a direção do partido não ter feito qualquer tipo de punição para o deputado Weverton Rocha (PDT-MA), autor da emenda que alterou o projeto das 10 medidas do pacote anticorrupção.
Se confirmada a saída de Telmário do partido, a bancada do PDT será reduzida a um terço em relação à última eleição geral, em 2014 - uma queda de seis para dois integrantes.
Deixaram a legenda, desde então Reguffe e Cristovam, ambos eleitos pelo Distrito Federal, e Lasier Martins (RS), em dezembro passado.
Ficariam apenas Acir Gurgacz (RO) e Zeze Perrella (MG), que tem conversado com integrantes do PMDB para sair do partido.