O líder do Democratas no Senado, Ronaldo Caiado (GO), pretende realizar uma sessão temática no plenário da Casa para investigar o samba-enredo deste ano da Imperatriz Leopoldinense, tradicional escola do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro.
A música fala sobre o agronegócio, o desmatamento e a história do povo indígena. » Apresentadora diz que ‘índio de verdade’ tem que morrer “de malária, tétano e sem remédio” Caiado parece não ter gostado do tema “Xingu, o clamor que vem da floresta”, e mostrou indignação com a letra do samba que, segundo ele, “denigre a imagem do setor com calúnias generalizadas sobre a atuação da classe rural brasileira, respeitada mundialmente pela eficiência e tecnologia aplicadas, além de ser responsável há vários anos pelo saldo da balança comercial do País”.
A Imperatriz pretende, através do tema, fazer uma crítica ao setor agropecuário.
Um dos trechos do samba-enredo diz: “O belo monstro roubas as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios.
Tanta riqueza que a cobiça destruiu.
Sou o filho esquecido do mundo, minha cor é vermelho de dor, o meu canto é bravo e forte, mas, é hino de paz e amor.” Caiado ainda defende a apuração dos patrocinadores do samba-enredo “difamatório”. “Assim que retornarem as atividades legislativas vou buscar a realização de sessão temática para discutirmos em plenário os motivos que levaram a Imperatriz Leopoldinense a autorizar um samba-enredo que denigre a imagem do agronegócio, único setor, que diante de uma crise devastadora, deverá ser superavitário.
Há tantos graves problemas que o país passa, como a violência, o tráfico de drogas, as facções criminosas e uma escola de samba se ocupa em difamar o setor que deveria ser enaltecido e homenageado na Marquês de Sapucaí”, argumenta Caiado.
Ouça na íntegra o samba-enredo: A partir do início do ano legislativo e após a eleição da mesa diretora dia 2 de fevereiro, o senador vai propor a promoção da sessão temática para que o assunto entre na pauta antes do Carnaval.
A Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), por meio de nota, destacou que repudia o samba-enredo e critica “a abordagem generalista proposta pela Imperatriz Leopoldinense sobre o produtor rural, não separando o “joio do trigo”, é incorreta, injusta e inadequada, com viés tipicamente alarmista característica da linha de pensamento pseudo ambientalista”.
No site oficial da Imperatriz, a escola afirma que a escolha foi uma homenagem ao Parque Nacional Indígena do Xingu, localizado ao norte do estado de Mato Grosso, numa zona de transição florística entre o Planalto Central e a Floresta Amazônica.
No último ano, a Imperatriz também falou sobre a vida rural brasileira, em uma homenagem à música sertaneja, em especial à dupla Zezé di Camargo e Luciano.
Confira abaixo a letra de ‘Xingu, o Clamor que Vem da Floresta’: Brilhou a coroa na luz do luar!
Nos troncos a eternidade a reza e a magia do pajé!
Na aldeia com flautas e maracás Kuarup é festa, louvor em rituais Na floresta, harmonia, a vida a brotar Sinfonia de cores e cantos no ar O paraíso fez aqui o seu lugar Jardim sagrado, o caraíba descobriu Sangra o coração do meu Brasil O belo monstro rouba as terras dos seus filhos Devora as matas e seca os rios Tanta riqueza que a cobiça destruiu!
Sou o filho esquecido do mundo Minha cor é vermelha de dor O meu canto é bravo e forte Mas é hino de paz e amor!
Sou guerreiro imortal derradeiro Deste chão o senhor verdadeiro Semente eu sou a primeira Da pura alma brasileira!
Jamais se curvar, lutar e aprender Escuta menino, Raoni ensinou Liberdade é o nosso destino Memória sagrada, razão de viver Andar onde ninguém andou Chegar aonde ninguém chegou Lembrar a coragem e o amor dos irmãos E outros heróis guardiões Aventuras de fé e paixão O sonho de integrar uma nação Kararaô, Kararaô, o índio luta por sua terra Da Imperatriz vem o seu grito de guerra!
Salve o verde do Xingu, a esperança A semente do amanhã, herança O clamor da natureza a nossa voz vai ecoar Preservar!
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