É possível que o governo federal escape sem muitas sequelas das chacinas em Manaus e Roraima Por Márcio Juliboni, no Antagonista Temer demorou para reagir à chacina de Manaus e, quando o fez, foi um desastre, segundo o cientista político Jairo Pimentel, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
Mas, apesar de tudo, é possível que Temer saia desses episódios sem muitos arranhões.
O motivo, segundo Pimentel, é que a população tende a responsabilizar os governos estaduais pela segurança pública, e a não enxergar muito o vínculo do assunto com o governo federal, responsável pelo repasse de recursos, coordenação de políticas públicas e controle de fronteiras.
Com tudo isso, o povo tende a esquecer ou a desconsiderar o papel de Temer e sua equipe no caso.
Veja os principais trechos da conversa com O Antagonista: O Antagonista: Quanto as chacinas nos presídios do Amazonas e de Roraima podem afetar politicamente Temer?
Jairo Pimentel: O governo federal demorou para responder à situação e, quando o fez, foi de modo desastroso. É o caso, sobretudo, do plano de segurança apresentado pelo Ministério da Justiça. É uma resposta paliativa, que mostra pouco interesse do governo federal para tratar disso de modo mais firme.
Além disso, a relação com os Estados não tem sido muito diplomática e pode gerar rusgas políticas.
O Antagonista: O governo diz que as chacinas são um problema de gestão de presídios e, portanto, a culpa é dos Estados. É um modo de se eximir de responsabilidade?
Pimentel: A questão vai muito além da segurança interna dos presídios. É fundamental que o governo federal intervenha, porque há fatores exógenos: a guerra de facções pelo controle de territórios e rotas de drogas.
O Antagonista: Quem será mais cobrado pela população por esses episódios?
Pimentel: As pessoas tendem a cobrar mais dos governadores, porque sabem que a segurança pública é uma responsabilidade dos Estados.
O governo federal tem um papel mais de fornecer inteligência, controlar fronteiras…
O Antagonista: Mas os Estados rebatem, dizendo que o governo federal não envia os recursos de que precisam.
No fim, tudo isso não volta para Temer?
Pimentel: Essas informações levam tempo para se disseminar pela população.
Sem um fluxo grande de notícias mostrando a responsabilidade do governo federal nesses casos, o povo tenderá a se esquecer rapidamente disso.
O argumento dos Estados de que Temer não liberou recursos não vai colar por muito tempo.