Se, com a impugnação da candidatura de Romero Sales (PTB), o mais votado em Ipojuca, o partido escolheu para a eleição suplementar a esposa dele, a servidora pública Célia Sales, presidente do PTB Mulher do município, do outro lado, da situação, os adversários do PSDB não devem em hipótese alguma convocar para a nova disputa a mulher do ex-prefeito Carlos Santana, Simone Santana, deputada estadual pelo PSDB.
Na avaliação de membros do partido, depois de tanta polêmica na Justiça Eleitoral, não faria sentido lançar uma candidatura que possa ser objeto de contestação, após o fim deste segundo pleito.
Até mesmo dentro do PSDB há pessoas que dizem que ela é hoje inelegível.
Dentro do PSDB, de acordo com fontes confiáveis, o candidato é mesmo Carlos Santana, consiga ou não uma nova decisão favorável, no TSE, após ter apresentado novos embargos no final do ano passado.
A dúvida é saber se a candidatura do tucano ainda é factível, considerando que seria muito curto o tempo restante para reverter o desgaste da última eleição municipal.
Caso venha a assumir uma secretaria na atual gestão, provisória, Carlos Santana ficaria inelegível, sinalizando que o grupo vai adotar outro estandarte.
No entanto, uma decisão estratégia como esta só poderia ser adotada depois da decisão final do TSE, onde recorrer em busca de uma última brecha possível para assumir o comando da cidade.
Na cidade, o que se especula é que Carlos Santana estaria para ser indicado como secretário de Finanças do município, pelo prefeito provisório, o vereador Ricardo Souza, ligado à Carlos Santana. “De lá, teria a máquina na mão, de uma prefeitura rica. “Romero Sales não terá esse poder de fogo”, avaliam observadores locais.
Fontes do PSB, que estiveram aliadas a Santana, apostam que ele não será candidato, diante da elevada rejeição.
Legalmente, poderia sair candidato, neste segundo round, contra a mulher do rival.
Na cidade, também se dá como certo que, nesta segunda eleição, haverá mais dispersão, provocada, de votos, para minar as forças reunidas pelo PTB de Romero Sales.
Nesta linha de trabalho, o então vice de Carlos Santana, Pedro Serafim Neto, será candidato em faixa própria. “A junção dos dois (Santana e Serafim) não foi engolida pela população.
O grupo dos dois passou a vida brigando”, explica um morador da cidade.
Depois de tanto tempo do fim das eleições, mesmo que frustradas, já teria havido tempo para mapear uma boa radiografia dos votos, especialmente onde perdeu as eleições.
Nesta mesma linha, até mesmo uma candidatura de dentro do bloco de Romero Sales poderia ser útil, ao projeto tucano, por esvaziar os votos da oposição.
Pelo lado da oposição, há muita insatisfação com a Justiça Eleitoral, não apenas por ter impugnado o resultado.
Neste momento mesmo, está sendo organizado um protesto na porta do TRE, na Agamenon Magalhães, para apressar a marcação da data do pleito.
O TRE agendou uma reunião no dia 24 de janeiro, para decidir a data.
Romero Sales e seus aliados acreditam que a demora desmobiliza sua militância.
Além do protesto desta sexta-feira, haverá ainda um protesto no acesso às praias, para chamar a atenção para o problema, na avaliação dos petebistas.
Somente em abril seria realizada a nova eleição, para desgosto do PTB.
LEIA TAMBÉM » Confusão marca eleição do presidente da Câmara de Ipojuca, que assume a cidade » Data de nova eleição em Ipojuca só será definida em 24 de janeiro » Ipojuca terá novas eleições após candidato de Lula perder recurso no TSE Célia e Romero Sales, do PTB (Foto: reprodução do Facebook) Romero Sales teve a candidatura impugnada pelo órgão e concorreu sub judice devido a uma ação do seu adversário, Carlos Santana (PSDB), atual prefeito que tentava reeleição.
O argumento, acatado depois pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi de que o petebista foi condenado por improbidade administrativa e dano ao erário quando era vereador do município.
Sales e outros integrantes da Câmara viajaram a Foz do Iguaçu, no Paraná, com o intuito de participar de um treinamento, mas, segundo a Justiça, “culminou em viagem de turismo à custa dos cofres públicos”.
O dano total foi de R$ 69.657,86. » Na cidade da Refinaria Abreu e Lima, candidato de Lula bate tucano com facilidade, mas está impugnado » “Prometer escrituras não é compra de votos, é proposta de governo”, explica advogado de Romero Sales » TRF aceita denúncia contra prefeito de Ipojuca por desvio de R$ 6,7 milhões Em outubro, Carlos Santana teve 23.765 votos, do total de 66.468 do município.
Os votos de Sales não foram divulgados devido à situação da candidatura dele.
Em 2012, o tucano saiu vencedor por pouco mais de 200 votos.
Como Sales não assumiu a prefeitura e novas eleições terão que ser realizadas, o presidente da Câmara Municipal, Irmão Ricardo (PTC), está interinamente no cargo.
Ligado a Santana, ele manteve a maioria dos secretários do antigo gestor.
A eleição na Casa, no último domingo (1º), foi marcada por confusão.