Em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta terça-feira (3), o comandante da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), coronel Carlos D’Albuquerque, afirmou que o Governo Paulo Câmara (PSB) está tranquilo em relação ao fim do reforço das Forças Armadas em Pernambuco e que o movimento de Operação Padrão dos militares não afetou a segurança pública dos pernambucanos.
Segundo o coronel, medidas tomadas como a suspensão das férias de policiais e remanejamento de escalas evitaram impactos na segurança pública. “Eu digo que não houve prejuízo.
Essa soma de esforços com certeza não veio a comprometer a segurança.
Tivemos uma manutenção e mesmo com o movimento, não houve prejuízo à sociedade pernambucana”, declarou.
Entretanto, o presidente da Associação dos Cabos e Soldados de Pernambuco (ACS-PE), Alberisson Carlos, parece não ter gostado das declarações de D’Albuquerque e disse, também à Rádio Jornal, que o comandante da PM está tentando “maquiar” os números que mostram a insegurança em Pernambuco.
Alberisson afirmou que a Operação Padrão mostra a fragilidade da segurança pública no Estado.
O militar ressaltou reportagem do Jornal do Commercio, desta terça-feira, que traz os índices de violência em Pernambuco no ano de 2016.
Segundo o JC, estatísticas da Secretaria de Defesa Social (SDS) dão conta que houve 4.380 assassinatos no Estado entre 1º de janeiro e 27 de dezembro.
O número é o maior desde 2009. “O comandante tenta maquiar os números que estão no jornal mostrando a escalada da violência.
O governo de forma imatura e intransigente não senta com os verdadeiros representantes da tropa para dialogar”, ressaltou o presidente da ACS-PE.
Ele afirmou ainda que há descontentamento na tropa. É bem verdade que se quiséssemos decretar uma greve, nós já teríamos feito isso", disparou.
A insatisfação da tropa aumentou justamente quando o Governo decidiu retirar as associações da mesa de negociação permanente dos militares, negociando diretamente com os comandantes gerais.
Associações como a Aspra-PE (Associação de Praças de Pernambuco), alegam que como os comandantes ocupam cargos de confiança, não representam os interesses da tropa.
Ainda assim, o coronel Carlos D’Albuquerque bateu o pé e assegurou que as negociações não serão realizadas diretamente pelas associações. “As associações estão conversando com os comandantes, elas não deixaram de participar do diálogo.
Mas a negociação direta com o Estado será feita pelo comando da PM.
O governo e os comandos não abrem sobre isso, ouviremos quantas vezes for necessário, mas a interlocução será pelos comandos”, ressaltou.
O comandante da Polícia Militar de Pernambuco também falou sobre a passeata de familiares dos trabalhadores da PM que está marcada para a tarde desta terça.
Para ele, qualquer movimento é válido, desde que feito com responsabilidade. “Que o façam, mas de forma pacífica, pois pode prejudicar qualquer conversação”, explicou.
Será realizada nesta terça-feira, no Recife, às 14h, a primeira “Caminhada da Família Policial e Bombeiro Militar em busca de Respeito e Dignidade”.
O objetivo da mobilização é mostrar à população e autoridades, a insatisfação dos filhos, pais, mães, esposas e amigos dos PMs e BMs.