Momentos antes de a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) sofrer o impeachment, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu chamar a seu gabinete os senadores petistas Humberto Costa (PE) e Paulo Rocha (PA), para discutir a opção que salvou a ex-presidente de perder os direitos políticos: o fatiamento do julgamento.

Para isso, Renan e petistas acertaram a solução que acabou mantendo o direito de Dilma de exercer cargo público.

Em troca, ele obteve o apoio do PT, a terceira maior bancada da Casa, para a eleição da Mesa Diretora do ano seguinte, segundo o jornal Folha de S.

Paulo.

LEIA MAIS: » PT vê risco de que bancada no Senado diminua em 2018 » A estrela do PT não brilhou nas capitais do Nordeste em 2016 Não existe consenso entre a ala mais ideológica e os senadores mais pragmáticos.

Ainda assim, a maioria do PT vai votar no candidato que o PMDB lançará formalmente no fim de janeiro, o senador Eunício Oliveira (CE). À Folha, o PT negou qualquer acordão.

Recentemente, Humberto Costa e Paulo Rocha procuraram Eunício para saber qual espaço seria cedido ao PT em caso de vitória do peemedebista.

De acordo com a Folha, os petistas querem espaço na Mesa Diretora que comandará o Senado pelos próximos dois anos.

Eunício prometeu aos petistas a primeira-secretaria, cargo que funciona como uma espécie de prefeitura da Casa, com alto poder de gerenciamento orçamentário.

Ainda segundo a Folha, saindo vitorioso com apoio do PT, Eunício também prometeu ao partido o comando da Comissão de Assuntos Sociais, uma das maiores da Casa, mas não tão importante quanto a Comissão de Assuntos Econômicos, presidida por Gleisi Hoffmann (PT-PR) no último biênio –esta foi prometida ao tucano Tasso Jereissati (CE).

DIVISÃO Foto: Moreira Mariz/Agência Senado O posicionamento tem dividido a bancada petista.

Senadores avaliam como uma contradição o apoio a um nome do PMDB após o impeachment, visto que o presidente Michel Temer (PMDB) atuou diretamente para agilizar e articular votos contra Dilma.

Os pró-Eunício argumentam que ele não se expôs durante o julgamento da petista, diferentemente do até agora único concorrente, José Medeiros (PSD-MT), ferrenho anti-dilmista.

Contrária ao acerto com Renan, a ala “ideológica” do PT discute, com aval do ex-presidente Lula, lançar um nome na disputa. » PT deve lançar Lula como candidato à Presidência no início de 2017 A bancada petista no Senado tem dez parlamentares.

Costa e Rocha são considerados da ala mais pragmática, enquanto Lindbergh Farias (RJ) e Gleisi se posicionam entre os mais ideológicos.

Apesar do favoritismo e da falta de concorrentes de peso, pesa contra Eunício a sombra da Lava Jato, na qual ele já foi citado quatro vezes.

Há expectativas sobre novas delações até o início de fevereiro, data da eleição.

Ele foi citado na colaboração de Cláudio Melo Filho, ex-diretor da Odebrecht.