Em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta quarta-feira (21), o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) disse que o presidente Michel temer (PMDB) deve chegar ao final do mandato, em 2018, por “falta de alternativas”. “Não fico contra eleição geral, pois representa a vontade do povo, mas hoje pior do que tirar o Temer, seria perder o Meirelles.
Então fico preocupado com a economia.
Não acredito que ninguém que assumisse iria manter o ministro, pelo contrário iriam se candidatar para tirar ele”, disse.
Para Cristovam, as manifestações contra o presidente da República se dão por conta das melhoras “que não estão sendo vistas na situação do País”, após a saída de Dilma Rousseff (PT). “Entre os motivos para os protestos estão os muitos que ainda estão descontentes com saída de Dilma, são muitos e eles tem força nas ruas.
Existem, também, aqueles que não estão vendo as mudanças esperadas e por fim os escândalos de corrupção, que ajudaram na queda da ex-presidente, e chegaram ao redor de Temer por conta dos ministros que ele escolheu.
Tudo isso faz esse caldo de descontentamento”, ressaltou.
O senador acredita que Temer deveria “vestir a camisa de presidente”, para que o País tomasse os rumos econômicos corretos. “Ele ainda não vestiu camisa.
Continua fazendo política de acordos, sem dizer não a ninguém.
Esse é um momento de sangue, suor e lágrimas.
Temer precisa correr o risco de dizer não e deixar que a história o julgue”, disse.
Ainda durante a entrevista, Cristovam comentou a forma como foi aprovado na Câmara, o pedido de recuperação fiscal dos Estados. “Não me surpreendeu por causa da pressão dos governadores e pela situação catastrófica que se encontram.
O Brasil faliu, acabou a possibilidade de fazer escolas, estádios e outros.
Por isso, acredito que a PEC do Teto vai ajudar e espero que chegue nos estados e municípios.
Se tivesse chegado no Rio de Janeiro, por exemplo, o Estado não estaria na atual situação”, ressaltou.
ENSINO MÉDIO Ministro da Educação, entre 2003 e 2004, Cristovam Buarque criticou os que se opõe a Medida Provisória do Ensino Médio (MP 746/2016). “Estou irritado com a dificuldade que temos de fazer reforma na área de educação.
Recebemos durante o ano muitas medidas econômicas e ninguém reclama.
Se ela não for aprovada vai focar dormindo nas gavetas”.
Na última segunda-feira (19), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, posicionou-se contra a MP 746, em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Janot defende que a medida não apresenta os requisitos de relevância e urgência para edição de medidas provisórias, além de ferir diversos princípios constitucionais. “O desfazimento dos efeitos da concretização da reforma do ensino médio desenhada pela MP 746/2016 conduziria a grave situação de insegurança jurídica e a severos prejuízos pedagógicos e pessoais para toda a comunidade”, diz Janot.
Para Cristovam, a atitude do procurador foi lamentável e “mostra, mais uma vez, que os parlamentares fogem do debate interno e buscam judicializar as questões importantes”. “Eu li o que Janot preparou e vi uma manifestação totalmente política.
Ele disse que não existe urgência, mas não é ele que decide, somos nós senadores. É óbvio que reformar a educação é o mais urgente para o Brasil, pois não fizemos o dever de casa 30 anos atrás.
Cerca de 70 anos atrás patronos da educação já falavam destas mudanças, há 20 anos se debate.
Por isso, acho profundamente lamentável que o procurador tenha se prestado para esse papel”, desabafou.
Por fim, o senador fez questão de parabenizar o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), por ter a “coragem para propor a reforma”. “Essa reforma não faz o Brasil ser campeão da educação, mas melhora bastante”, concluiu.