Estadão Conteúdo - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não descartou orientar o presidente Michel Temer vetar algum ponto do projeto do Regime de Recuperação Fiscal, desenhado para Estados em calamidade financeira, aprovado nesta terça-feira, 20, pelos deputados. “É uma prerrogativa do governo, mas ainda nem recebemos o texto, temos que analisar isso com lupa”, afirmou em evento promovido pelo Fórum Permanente de Desenvolvimento Futuro 10 Paraná, em Curitiba.
Da forma como foi aprovado na Câmara, o pedido de recuperação fiscal de Estado que decretar calamidade financeira vai demorar mais tempo para ser aprovado pelo Ministério da Fazenda.
A equipe econômica já avisou que não vai aprovar planos de recuperação judicial na base de “me engana que eu gosto”.
O plano terá que atender as exigências do governo.
Sem as contrapartidas previstas na lei, a aprovação da recuperação deixará de ser automática e a equipe do Tesouro terá que levar mais tempo para analisar em detalhes os planos de recuperação a ser apresentado pelos Estados do Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. “É igual a um processo de recuperação judicial que uma empresa faz com um juiz.
A empresa tem que levar um plano que convença o juiz de que executando ele a empresa ficará viável”, disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, um integrante da equipe econômica.
Para a Fazenda, a Câmara dos Deputados tomou “aparentemente” a decisão mais fácil ao retirar as contrapartidas, mas acabou retardando as negociações com prejuízos para a recuperação dos próprios Estados.
Isso porque a lei aprovada manteve o poder do Ministério da Fazenda de dar a recomendação favorável para o Estado entrar no Regime de Recuperação Fiscal.
Esse regime procura espelhar o que acontece com a recuperação judicial das empresas.
Os deputados também mantiveram a prerrogativa do presidente da República de homologar ou não a recuperação. “Sem o plano de recuperação, a Fazenda não vai aprovar”, disse a fonte da equipe econômica.
Ela acrescentou que teria sido muito melhor manter as contrapartidas.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, avisou o governador do Rio de Janeiro, Luiz Pezão, que sem as contrapartidas o plano vai demorar mais para ser aprovado.
A pressão política é vista pela equipe econômica com naturalidade, mas a avaliação é de que o efeito de aprovar uma recuperação que seja inútil seria um desastre, comprometendo a recuperação da economia brasileira. “Se tivesse tudo na lei, seria melhor, inclusive para o Rio”, ressaltou a fonte.
As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.