Dois deputados da base aliada de Paulo Câmara pediram a saída de Temer, nesta quinta.
O deputado estadual Romário Dias (PSD) e o socialista Lucas Ramos.
Veja abaixo as argumentações de cada um.
Um passo à frente: a responsabilidade do PSB com o Brasil Por Lucas Ramos Deputado Estadual - PSB A instabilidade imperou durante todo o ano de 2016.
O doloroso processo de impeachment que enfrentamos parece não ter sido suficiente para recolocar nosso país no caminho do crescimento.
Ao assumir o comando do Poder Executivo, o presidente Michel Temer prometeu recuperar a confiança de investidores, garantir conquistas sociais e investir em políticas públicas que promovessem o avanço nacional.
O início do governo reacendeu em todos os brasileiros a esperança de dias melhores.
Infelizmente, não é isso que estamos percebendo.
No início, foi adotado o discurso de um governo de coalizão que apresentasse a possibilidade de apontar um caminho para fora das crises política e econômica.
Mas o que vemos é um governo incapaz de estancar a sangria das contas públicas e que caminha a passos largos no aprofundamento da crise política.
As medidas impopulares adotadas por Michel Temer geraram um nível de insatisfação mais intenso que aquele que desembocou no impeachment da presidente Dilma Rousseff – e em um governo com duração muito menor.
A reforma do Ensino Médio, que ameaçou retirar da base curricular disciplinas como sociologia, filosofia, artes e educação física e abriu o precedente para que os chamados “profissionais de notório saber” - e não professores – pudessem lecionar, iniciou uma série de ocupações em escolas e instituições públicas que, em muitos casos, duram até hoje.
A Proposta de Emenda à Constituição 55, chamada de PEC do Teto de Gastos, aprovada no Senado Federal foi elaborada sem levar em conta a voz da sociedade que demonstra claramente ser contrária à limitação dos investimentos, o que pode prejudicar áreas importantes como saúde e educação.
E agora, vem esta danosa reforma da previdência.
O bom senso pede que tal proposta seja reavaliada, mas o governo do presidente Michel Temer parece não ter olhos nem ouvidos para o brasil.
Buscando sanar a seguridade social, o presidente e sua equipe optaram por impor ao trabalhador brasileiro um tempo maior de serviço além de determinar o recebimento do benefício menor.
Se aprovada, esta Proposta de Emenda à Constituição, que já está em tramitação no Congresso, obrigaria o trabalhador a contribuir por longos 49 anos para ter direito ao benefício integral.
Quase meio século de trabalho.
Exemplificando: a pessoa que começasse a trabalhar aos 16 anos de idade precisaria contribuir com a previdência sem interrupções até os 65 anos para receber 100% do benefício, limitado ao teto do INSS.
Na prática, a proposta do governo Michel Temer obriga o brasileiro a trabalhar por mais tempo para receber um valor menor na aposentadoria com a justificativa de equilibrar os custos e gastos da previdência.
A verdade é que a corrupção e a má gestão dos bens públicos e de obras (que sempre ficam pelo caminho, inacabadas) hoje corroem o erário bem mais que a previdência.
Temos exemplos aqui mesmo em Pernambuco: a transposição do Rio São Francisco e a Ferrovia Transnordestina. É preciso que aconteça uma reforma, mas não nos termos apresentados de forma açodada, pois sacrifica demais o contribuinte além de apresentar regras de transição injustas e insuficientes.
A nossa indignação aumenta ao sabermos que o presidente Michel Temer, articulador da reforma da previdência, conquistou o direito à aposentadoria aos 55 anos e recebe mensalmente mais de R$ 30 mil, enquanto que os trabalhadores urbanos recebem, em média, R$ 1.303 e os rurais, R$ 808.
Não é essa postura dos seus governantes que o Brasil quer.
O Brasil quer ser ouvido e respeitado.
E o Partido Socialista Brasileiro não pode ser conivente com medidas que afrontam o bom senso e prejudicam a sociedade brasileira.
Lembro que por muito menos deixamos a base de apoio do governo Dilma em 2013 e não podemos continuar ligados a este governo fadado ao fracasso.
Um governo em que figuram no seu alto escalão personagens envolvidos em investigações, denúncias, acusações de crimes e escândalos.
O mais recente, a saída de José Yunes do cargo de assessor especial da presidência.
Homem forte e de extrema confiança de Michel Temer, entregou sua carta de demissão após ser citado no acordo de delação premiada do ex-dirigente da Odebrecht, Carlos Melo Filho.
O executivo afirmara que a empreiteira entregou, no escritório de José Yunes, uma mala com R$ 4 milhões em dinheiro vivo, o que seria uma parte dos R$ 10 milhões pedidos por Michel Temer ao então presidente da empresa, Marcelo Odebrecht.
Vê-se que a corrupção neste governo está espalhada pelos corredores de Brasília.
Foram seis ministros demitidos em seis meses.
O governo Temer não possui nenhuma condição de prosseguir com o discurso de limpeza ética e recuperação nacional.
E nós, socialistas, não podemos continuar fazendo parte deste grupo.
Devemos assumir imediatamente uma postura de independência.
Neste dia 15 de dezembro, quando comemoramos o centenário do nosso grande líder Miguel Arraes, me inspiro em suas ideias e posições em favor do povo e da democracia.
O PSB tem compromisso e responsabilidades com o país, atuando no campo da esquerda desde a sua fundação, e escrevendo sua história como uma legenda reconhecidamente ligada à defesa dos direitos humanos, da democracia, do desenvolvimento social igualitário e do trabalho em benefício de todos.
Nossa agremiação lutou contra o regime militar, participou ativamente do processo de redemocratização e nos últimos anos assumiu uma postura de protagonismo no cenário político nacional.
Agora, é tempo do PSB tomar uma posição firme em relação ao governo Michel Temer.
Não há outra localização que não seja a independência, abandonando a base governista.
Tal posicionamento já é admitido pelo diretório estadual do partido no Rio Grande do Sul e foi levado ao debate durante encontro da executiva nacional.
Nós reforçamos esse posicionamento e, diferente do que estão tentando alimentar, tal atitude não poderia representar maior compromisso com o Brasil e com os brasileiros. É urgente a saída dos socialistas da base do governo Michel Temer para que o PSB faça jus à sua história, à memória de Miguel Arraes e permaneça sintonizado com a vontade popular, contribuindo com o debate e apresentando soluções criativas para superação dos tempos de crise.
Para que o país possa sair do marasmo a que parece estar condenado, a solução é a convocação de eleições diretas.
Já defendi em artigo publicado na imprensa a realização de novas eleições presidenciais como saída menos dolorosa para o momento que passamos.
Mais do que nunca, é a hora de voltarmos às urnas.
No caso de uma eleição indireta, a crise moral e ética que passamos seria agravada em função do nível de comprometimento da credibilidade do Congresso Nacional.
O presidente não nos deve tirar este direito, não pode ignorar a Constituição Federal que afirma que todo o poder emana do povo. É necessário dar um passo à frente.
Por novas eleições diretas!
O PSB estará sempre caminhando de mãos dadas com o Brasil.
Romário Dias pede “Fora Temer!” “O Presidente da República (Michel Temer) precisa renunciar de imediato o seu mandato.
Ele é o grande obstáculo de todas as mudanças e o responsável por todos os problemas, hoje, existentes no país”.
Assim o deputado estadual Romário Dias (PSD) defendeu seu posicionamento sobre a política nacional diante do atual momento que o Brasil enfrenta.
Durante pronunciamento na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), nesta quinta (15), Dias ainda propôs que haja eleições gerais em outubro de 2017 e que as assembleias legislativas se unam e se pronunciem sobre a crise. “Como um governo que protagoniza o sistema de corrupção no País pode continuar? É insustentável.
Defendo que sejam realizadas eleições gerais para outubro de 2017 e que haja o fim da reeleição, com o prolongamento dos mandatos de quatro para cinco anos”, afirmou.
Dias ressaltou que, para assumir o comando do País, é preciso uma pessoa, “político ou não, que tenha dignidade de caráter para construir um caminho de respeito com as instituições e com o poder representado pela Constituição”.
Ainda de acordo com o deputado, é preciso “acionar, de imediato, a União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale) para que as assembleias legislativas possam se posicionar”.
Ao presidente da Alepe, deputado Guilherme Uchoa (PDT), Dias sugeriu: “Solicito a vossa excelência que pegue esta minha proposta e leve à Unale.
Vamos fazer um grande movimento nesse Brasil por meio das assembleias legislativas”.
O parlamentar também ressaltou o elevado índice de desemprego, que chegou a 11,6 milhões de pessoas até junho deste ano, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), “maior nível desde 2012”.
Além de se posicionar sobre a violência, que, segundo Dias, está “em índices altíssimos, por uma revolta em que o pivô principal é o Presidente da República, não os governos dos estados”. “O Brasil está desgovernado.
As pessoas não podem investir em um País sem comando, onde as leis não funcionam e a corrupção impera.
O povo está triste, o País não se desenvolve, as empresas estão paralisadas, a sociedade está paralisada.
Precisamos criar um pacto pelo Brasil, em que, unidos, possamos restaurar a normalidade e o crescimento econômico.
Acredito que, só assim, poderemos voltar a crescer e a construir um País mais democrático e inclusivo”, finalizou.