O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), fez um apelo nesta terça-feira (13), antes do início da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de Gastos Públicos em segundo turno, para que o presidente da República, Michel Temer (PMDB), renunciasse imediatamente e que o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), suspendesse a sessão devido ao quadro de grave crise política, institucional, econômica e social pelo qual passa o país.

A PEC foi aprovada, com folga.

Segundo Humberto, não seria possível aprovar uma medida, agora, porque iria prejudicar os investimentos públicos sociais pelos próximos 20 anos e ela era defendida por um governo fragilizado por denúncias graves de corrupção. “O que o presidente não eleito Michel Temer deveria fazer era renunciar já, diante dos escândalos que o atingem diretamente e que também afetam os seus ministros mais próximos”, disse. “Queremos eleições diretas imediatamente.” O senador apresentou requerimento à Mesa Diretora do Senado para adiar a votação da proposta, alegando que a maioria dos brasileiros rejeita o governo Temer.

O requerimento foi barrado pela base do governo no plenário. “Temer está pior avaliado do que a presidenta Dilma no momento do impeachment.

Estamos vendo o governo sendo atingido no seu coração com denúncias extremamente graves. É óbvio que o presidente e seus ministros não têm condição de levar ao Brasil a lugar nenhum, a não ser ao buraco, quanto mais votar uma proposta que vai valer por duas décadas”, ressaltou.

Humberto Costa disse acreditar que a instabilidade é tão grave que é possível comparar com o momento vivido pelo país em 1964, ano do golpe militar.

Ele ironizou o governo ao dizer que a população brasileira não sabe se Temer vai brincar o carnaval de fevereiro de 2017 como presidente do país ou não. “Como esses que estão aí no poder querem definir, agora, a política econômica da nação pelos próximos 20 anos?

Isso não é possível.

Tínhamos de parar tudo neste momento e convocar eleições diretas para o início do ano que vem”, reiterou.

O líder do PT também criticou a velocidade com que as sessões de discussões da PEC foram feitas na última semana, excluindo a participação da sociedade, e fez questão de lembrar das manifestações públicas recentes de uma diretora do Banco Mundial e do relator para extrema pobreza e diretos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). “São opiniões insuspeitíssimas de que a PEC nº 55/2016 é algo ímpar no mundo em termos de retrocessos sociais e também um risco para a política educacional no país”, observou.

Parlamentares da oposição apresentaram um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que seja suspensa a tramitação da PEC no Senado.

O ministro Luís Roberto Barroso, relator da matéria, indeferiu o pedido.