Dep.

Silvio Costa Filho Líder da Bancada de Oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco A Arena Pernambuco foi apresentada à população do Estado como motivo de orgulho e novo eixo de desenvolvimento para a Região Metropolitana do Recife.

Mas acabou se transformando numa grande dor de cabeça para o Governo, que gasta atualmente R$ 1 milhão por mês apenas para manter o empreendimento.

Alvo de investigação da Polícia Federal, de auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE), de inquérito no Supremo Tribunal Federal, e agora de denúncias de cartel no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o estádio multiuso virou um emaranhado de problemas, que coloca em dúvida a sua viabilidade.

Afinal, que investidor vai querer assumir um negócio eivado de tantas dúvidas e dificuldades?

A Oposição acompanha, desde o início, o projeto da Arena Pernambuco.

Em sua origem, não seria só o estádio.

Foi prometido um grande complexo de entretenimento e lazer, a Cidade da Copa.

A construção de shopping, empresariais, centro de convenções ajudaria a tornar o empreendimento mais atraente, junto com as 60 melhores partidas dos três clubes da capital e de eventos internacionais.

Nada saiu do papel.

Nem o complexo, nem o acordo com Sport, Santa Cruz e Náutico, nem os eventos.

Hoje, o Estado espera aval do Tribunal de Contas para lançamento de nova licitação para administração do estádio.

Mas com toda sorte de complicações jurídicas e a viabilidade financeira em xeque, a nova concorrência é cercada de incertezas.

O próprio ex-governador João Lyra, no comando do Estado, ao final de 2014, se recusou a assinar o repasse do terreno da Cidade da Copa à Odebrecht e suspendeu as contrapartidas do Estado.

Na época, Lyra considerou o contrato danoso para Pernambuco, antecipando um problema que seria questionado mais tarde pelo TCE.

Além do imbróglio jurídico, há uma série de contrapartidas não cumpridas no âmbito da mobilidade urbana, como os corredores Norte-Sul e Leste-Oeste do BRT; o projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe e o ramal da Copa.

Essas promessas para 2014 hoje integram a lista de obras inacabadas de Pernambuco, segundo estudo recente do TCE.

Diante de um cenário tão grande de incertezas e denúncias em relação à Arena, cabe uma reflexão da sociedade sobre a necessidade da construção desse equipamento milionário e quais os seus reais benefícios para nós, pernambucanos.

Até quando o Estado vai continuar gastando com a Arena?

Quando as obras de mobilidade prometidas serão entregues à população?

Quem vai arcar com os empréstimos contraídos junto ao BNDES e Banco do Nordeste?

E, por fim, quem vai querer assumir a Arena Pernambuco nessas condições?