Em momento de tensão entre o Legislativo e o Judiciário, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) disse, na manhã desta quinta-feira (1º), que não é bom para o País confrontar integrantes do Ministério Público nesse momento. “Ao lado da crise econômica, nosso segundo maior problema é a guerra entre os Poderes.

Acredito que esse não é o momento de confrontá-los, é momento de chegar a um entendimento com eles”, disse o pernambucano em entrevista à Rádio Jornal.

Na noite dessa quarta (30), o plenário do Senado rejeitou um requerimento de urgência para votar o pacote de medidas anticorrupção aprovado pela Câmara.

Foram 44 votos contrários e 14 a favor da urgência.

A proposta de acelerar a votação foi feita pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), em articulação com líderes de outros partidos.

LEIA MAIS: » Metade dos que votaram pela urgência do pacote anticorrupção está na Lava Jato » Renan manobra para votar pacote anticorrupção, mas perde e projeto vai para a CCJ De acordo com Cristovam Buarque, o presidente da Casa não deve desistir de dar celeridade ao projeto. “Renan deve insistir a não ser que pelas pressões que muitos de nós estamos fazendo ele veja que não vale a pena levar a diante essa proposta da forma que veio da Câmara”, ressaltou. “Acho que nós vamos conseguir barrar.

Esse projeto vai para a CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania), vai haver muito debate e depois segue para muitas comissões. então deve demorar muito ainda.” » Saiba como votaram os pernambucanos sobre abuso de autoridade » Procuradores ameaçam deixar a Lava Jato se pacote anticorrupção passar O senador ainda falou sobre a emenda aprovada na Câmara que trata do abuso de autoridade. “Existem juízes com mãos pesadas que não respeitam inocentes e juízes cegos que não veem os crimes.

Em momento difícil, é melhor o que passa da mão, do que o que fecha os olhos”, disse.

Ainda assim, Cristovam disse que existem excessos.

Para ele, levar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) coercitivamente “foi muito forte”.

A Força Tarefa da Lava Jato convocou entrevista coletiva nessa quarta para repudiar o texto final do pacote de medidas anticorrupção aprovado na Câmara dos Deputados.

Os procuradores ameaçaram renunciar caso o projeto seja sancionado pelo presidente Michel Temer (PMDB). “Não será possível continuar a Lava Jato se a lei da intimidação for aprovada.

Vamos renunciar coletivamente”, disseram eles. » Humberto e FBC apoiam Renan em manobra para votar pacote anticorrupção.

Armando é contra MANIFESTAÇÕES Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr O senador também criticou as manifestações realizadas em Brasília, na última terça-feira (29), contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que limita os gastos públicos, em análise no Senado, e contra a medida provisória (MP) editada por Temer que prevê uma reforma no ensino médio. » Janot diz que Câmara “colocou País em marcha a ré no combate à corrupção” » Veja como votou cada deputado pernambucano sobre enriquecimento ilícito Entretanto, de acordo com o pernambucano, os atos do próprio Congresso Nacional estão incentivando atos de violência. “Vimos um exército armado de paus e bombas e isso é grave e nós estamos de certa forma incentivando.

Com atos como o de desvirtuar o pacote de medidas contra a corrupção”, ressaltou. “Mesmo assim, me assusta que nenhum que fez vandalismo reclamou que a Câmara estava sendo tolerante com a corrupção.

Aqueles que protestaram contra a PEC 55 e contra a reforma do ensino médio não defenderam a Lava Jato”, completou.

Para Cristovam a juventude brasileira não tem “bandeiras para seguir”. “É uma fogueira nesse imenso vulcão que é o País.

Vemos violência urbana, juventude sem utopia, sem bandeiras, até os que estão em escolas não tem bandeira de luta, é uma reação antirreformista.

Estamos num momento grave e esta guerra é negativa para o País”, disse. » Mendonça Filho pede que PF apure depredação de prédio do Ministério da Educação Ainda sobre os atos de terça-feira, o senador defendeu uma apuração sobre o ocorrido. “Foi antidemocrático porque é conservador e violento.

E é crime porque destrói. É preciso analisar e julgar”, defendeu.