Em entrevista ao jornal Estado de S.

Paulo, o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, afirmou que não torce para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja preso. “Torço para que a Justiça seja feita.

A prisão dele [Lula] não me traria alegria, mas eu não preocuparia com as consequências”, disse o tucano.

Questionado se houve abuso na condução coercitiva do Lula, realizada pela Polícia Federal, Aécio disse que “talvez pudessem ter obtido o mesmo resultado de outra forma”. » Aécio Neves defende ajustes feitos pelo Congresso: ‘Temos de legislar sem pressões’ “Não cabe a mim dizer se houve excesso.

Não conheço as razões.

Mas como de lá para cá não houve outras consequências, talvez pudessem ter chegado ao mesmo desfecho e obtido as mesmas informações sem a necessidade de uma condução daquela.

Todos os instrumentos do MP devem ser usados com equilíbrio”, explicou.

No momento em que Legislativo e Judiciário vivem momento de tensão por causa dos dispositivos usados pela Operação Lava Jato e do pacote de medidas anticorrupção, Aécio Neves também defendeu os ajustes feitos pelo Congresso. “Temos de desmistificar isso, que tem sido uma tendência nos últimos meses, de que todas as ações que ocorrem no Poder Legislativo e que dizem respeito ao Judiciário e ao Ministério Público têm como objetivo limitar a Lava Jato.

Isso não é verdade.

Não se pode considerar que uma discordância do Ministério Público sobre uma determinada medida por si só significa uma afronta ao Judiciário.

Desde o início eu achei que era um exagero aceitar prova ilícita obtida entre atos de boa-fé validando a determinado processo.

Com isso, você dá margem a qualquer tipo de ação autoritária.

Em relação especificamente ao caixa 2, eu defendo a criminalização.

O equívoco lá atrás foi tentarem aprovar algo sem uma discussão mais ampla.

Os casos passados vão acabar sendo diluídos pelos tribunais”, ressaltou o tucano.

LAVA JATO Durante a entrevista, Aécio Neves também foi questionado sobre a Operação Lava Jato.

Confira: O Ministério Público fala em ofensiva contra a Lava Jato.

Isso existe?

Não vejo a Lava Jato com essa fragilidade.

Não se pode considerar uma afronta ao MP as medidas para que a legislação seja cumprida.

Até mesmo essa questão que foi colocada, e depois retirada (de pacote de medidas anticorrupção da Câmara), de membros do MP responderem por crime de responsabilidade, não pode ser vista como afronta.

Está aí a discussão do (salário) extrateto.

Vi a declaração de um presidente de uma entidade de magistrados dizendo que acham uma afronta ao Judiciário.

Meu Deus, não acho que seja uma afronta ao Judiciário, pelo contrário.

Temos de legislar com autonomia e sem pressões.

O sr, que foi citado na delação do ex-senador Delcídio Amaral e é investigado por isso, é a favor do fim do foro privilegiado?

As citações feitas pelo senador Delcídio estão sendo investigadas e, estou certo, serão arquivadas por serem absurdas e sem o mínimo indício que possa comprová-las.

O próprio senador em entrevistas reiterou que suas citações foram por ouvir dizer, o que, você há de convir, as tornam extremamente frágeis.

Sobre a questão do foro, me lembro sempre de uma conversa que tive com o Itamar (Franco).

Ele me contou que quando deixou a Presidência da República tinha mais de 1.000 processos contra ele espalhados pelo Brasil.

Eram ações de toda ordem.

Ele disse: ‘Olha, se eu não tivesse o foro privilegiado e até mesmo a Advocacia da União, eu passaria a vida devendo advogados ou condenado por essas ações’.

Vamos usar essa discussão para criar uma fórmula de, pelo menos, que os detentores de mandatos não fiquem expostos a centenas de processos, cuja razão é o exercício do mandato, e não uma fraude.

O ex-presidente da Andrade Gutierrez confirmou que teve um encontro com Oswaldo Borges para tratar de doação para campanha.

Oswaldo foi citado, segundo a Folha S.Paulo, como intermediário de propina na construção da Cidade Administrativa.

Ele foi tesoureiro informal da sua campanha?

Trata-se de uma citação sem o menor fundamento.

A Cidade Administrativa talvez tenha sido no País a obra que teve a maior transparência na sua execução.

O sr.

Oswaldo Borges é um conhecido empresário mineiro que atuou formalmente na captação de recursos de várias campanhas do PSDB, inclusive na última campanha presidencial, o que é de conhecimento público e, como afirmou o próprio ex-presidente da Andrade, a relação se deu de forma absolutamente legal e sem qualquer contrapartida, como ele próprio disse.