O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), pediu a demissão imediata do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), que foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de usar o próprio cargo para conseguir vantagens pessoais.

Calero pediu demissão da pasta, nessa sexta-feira (18), e afirmou ter sofrido pressão política que teria sido feita por Geddel para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) liberasse a construção de um imóvel em Salvador (BA).

Leia mais: » Fora do governo, Calero acusa Geddel de pressioná-lo para liberar obra » “Prezarei pelo diálogo”, diz Roberto Freire, novo ministro da Cultura “A narrativa do ex-ministro da Cultura expõe as víscera desse governo corrupto.

Ele entregou o cargo para não ser obrigado a atropelar pareceres técnicos que negavam autorização para a construção de um prédio em uma área tombada, onde o Geddel tem investimentos. É escandaloso que um ministro extremamente poderoso dentro do governo, que trabalha na antessala de Temer, use do próprio cargo para coagir e ameaçar colegas em favor de interesses pessoais”, criticou o Humberto Costa. “Se Temer tiver o mínimo de decência e de escrúpulo, demite Geddel hoje mesmo”, completou.

O líder do PT informou que a bancada do partido fará um convite para que Marcelo Calero vá ao Senado explicar, publicamente, os fatos que redundaram em sua demissão.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Calero disse que Geddel o procurou insistentemente para que liberasse o empreendimento imobiliário e, diante da resistência do Iphan, tentou retirar o caso do Ministério da Cultura e enviá-lo à Advocacia-Geral da União (AGU), onde teria mais força para ver atendida a sua vontade. » Marcelo Calero pede demissão do Ministério da Cultura de Temer » Geddel telefona para Temer e nega ter pressionado Calero sobre obra “Eu fiquei surpreendido, porque me pareceu tão absurdo o ministro me ligar determinando que eu liberasse um empreendimento no qual ele tinha um imóvel.

Você fica atônito (…) O ministro Geddel tem uma forma de contato muito truculenta e assertiva, para dizer o mínimo (…) Estou fora da lógica desses caras, não sou político profissional.

Não tenho rabo preso.

Não estou aqui para fazer maracutaia”, disse Calero à Folha.

Humberto Costa informou, ainda, que vai pedir a convocação de Geddel Vieira Lima para que explique no Senado as acusações que lhe foram feitas pelo colega de governo.

O líder do PT vai ingressar, também, com representações na Comissão de Ética da Presidência da República e no Ministério Público Federal para que abram investigação sobre o caso.

Calero é o quinto ministro que deixou a administração do peemedebista desde que ele assumiu o Palácio do Planalto, há seis meses.

Antes dele, os seguintes ministros deixaram o cargo na gestão de Temer: Romero Jucá (Planejamento), Fabiano Silveira (Transparência ), Henrique Alves (Turismo) e Fábio Osório (Advocacia-Geral da União).