O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu nesta quarta-feira (16) um inquérito administrativo para investigar suposto cartel na licitação para a concessão de exploração da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

A investigação está sob sigilo.

A apuração foi iniciada como um desdobramento da Operação Lava Jato, após um de acordo de leniência com a construtora Andrade Gutierrez e a delação de executivos da empresa.

De acordo com a Andrade Gutierrez, além da própria empreiteira participaram do esquema a Camargo Corrêa e a Odebrecht.

Foram citados pelo menos seis executivos e ex-executivos do alto escalão dessas empresas.

LEIA TAMBÉM » Janot pede inclusão de Renan, Jucá, Raupp e Barbalho em inquérito sobre Belo Monte » Eduardo Campos é citado por Delcídio por lobby de fornecedora em usina de Belo Monte Os contatos teriam começado em 2009, com a divisão do grupo em dois consórcios.

A delação apontou as empresas alinharam a preparação das propostas comerciais, premissas da construção, divisão de riscos entre construtoras e investidores e contingenciamento dos riscos.

Isso seria para criar uma paridade de condições e de preços entre as empresas, garantindo a viabilidade de um pacto da construção entre as construtoras.

Isso se manteve por dois anos. » Partidos dizem que repasses da Andrade Gutierrez foram legais » Relatório da PF revela relação da Andrade Gutierrez com Aécio Neves Apesar disso, outro consórcio venceu incialmente.

As empreiteiras, porém, fizeram outro acordo entre si e foram posteriormente contratadas para metade da construção da usina de Belo Monte pela Norte Energia S/A e dividiram entre si o empreendimento. » Belo Monte tem muitas irregularidades, diz procurador da República » Conselho de direitos humanos constata ausência absoluta do Estado em Belo Monte Os acordos foram assinados em setembro, em conjunto com o Ministério Público Federal do Paraná, e mantido em segredo até agora.

Os signatários admitiram a participação no crime e forneceram informações e documentos.

O julgamento na esfera administrativa, pelo Tribunal do Cade, pode acabar aplicando multas de até 20% do faturamento das empresas, caso elas sejam condenadas.

As pessoas, se condenadas, podem ter que pagar multas de R$ 50 mil a R$ 2 bilhões.