A Operação Lava Jato foi um dos principais assuntos da entrevista concedida pelo presidente Michel Temer (PMDB) no programa Roda Viva, da TV Cultura.

O peemedebista que já teve ministros que deixaram o cargo por causa das investigações defendeu a ação, mas admitiu que uma possível prisão do ex-presidente Lula (PT) poderia afetar o governo. “Se você me perguntar: ‘Mas se o Lula for preso isso causa um problema para o governo?’, eu acho que causa.

Não é para o governo é para o país, porque haverá, evidentemente, penso eu…”, afirmou Temer.

LEIA TAMBÉM » Cerveró diz que Lula lhe deu cargo em agradecimento por perdão de dívida do PT » “Não sou religioso”, rebate Janot sobre “pacto diabólico” citado por Lula “Eu acho que haverá movimentos sociais… Isto, toda vez que você tem um movimento social de contestação, especialmente e, no particular, a uma decisão do Judiciário, isto pode criar uma instabilidade.

Tanto que muitas vezes dizem: ‘Temer, você está com azar que de vez em quando surge uma notícia aí de ministro ou não sei do que’.

Isto cria uma instabilidade no governo.

Imagine, digo eu, a hipótese, e mera hipótese, de uma prisão do Lula; é um ex-presidente, foi presidente duas vezes, pode criar problemas, não tenho dúvida disso.” Jucá O presidente também comentou na entrevista o caso do ex-ministro do Planejamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que deixou a pasta após o vazamento de uma gravação.

No áudio, Jucá sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma “mudança” no governo federal resultaria em um pacto para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos.

Agora, o peemedebista vai assumir a liderança do governo no Senado. “Não há incoerência nenhuma”, comentou Temer. “Ele não teve a morte política ainda decretada, nem a morte civil.” » Romero Jucá diz que o governo Temer irá aprovar o que for necessário “para colocar o País no rumo certo” » Senado pagará R$ 283 mil por reforma no gabinete de Romero Jucá O presidente ressaltou que não vê impedimentos para o novo cargo do aliado e que não demitiu Jucá do ministério e que ele deixou o governo por conta própria. “Nós no Brasil, hoje, estamos muito acostumados a este fato, se alguém fala de outrem, imediatamente há uma prévia condenação”, afirmou. “Agora ele está no pleno exercício da sua atividade política, é senador, com todos os direitos e prerrogativas que cabe a quem ocupa uma posição no Senado, e é uma figura, isto ninguém vai duvidar, capaz de uma articulação extraordinária sob o foco legislativo.” Acusação no TSE Investigado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por supostas irregularidades na prestação de contas da chapa com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) na campanha de 2014, Temer se defendeu da acusação de ter recebido de forma irregular um cheque de R$ 1 milhão da construtora Andrade Gutierrez. » Defesa de Dilma no TSE muda estratégia “arrastando” Michel Temer » Cassação da chapa Dilma-Temer ganha força no TSE “As contas são julgadas ao mesmo tempo, mas elas são fisicamente prestadas em apartado.

Tanto que quando acabei de mencionar o caso do cheque que o PMDB colocou na minha conta, é porque tinha uma conta da candidatura do vice-presidente da República.

E vocês sabem que isso se deu, esse exame conjunto, a partir de 2010, porque até 2010 o exame era apartado, não é?

Acho que até por uma, digamos assim, por uma, digamos, concessão processual, para facilitar o julgamento, é que se deu o julgamento conjunto.

Então, em palavras finais, vamos deixar o Judiciário trabalhar, a Polícia Federal trabalhar, o Ministério Público trabalhar e vamos trabalhar no Executivo.

Se acontecer alguma coisa, paciência”, afirmou Temer.

O presidente afirmou que respeitaria uma determinação do TSE para deixar o cargo, mas que “tem recursos e mais recursos que você pode interpor”.

Ouça a íntegra da entrevista