Agência Brasil - O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró disse nesta terça-feira (8) em audiência na Justiça Federal que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o teria indicado para a Diretoria Financeira da BR Distribuidora em agradecimento por sua atuação pelo perdão de uma dívida de R$ 12 milhões do PT junto ao Banco Schahin.
Cerveró disse ter sido informado sobre o gesto de Lula por executivos do próprio banco. “Não foi um reconhecimento oficial, mas foi um motivo de reconhecimento que levou o presidente Lula a me indicar para a BR Distribuidora.
Isso me foi dito pelo pessoal da Schahin.” LEIA TAMBÉM » ‘Ela me jogou no fogo, me sacaneou’, diz Cerveró sobre Dilma » Dilma sabia tudo sobre Pasadena, afirma Cerveró em delação premiada O depoimento, feito por videoconferência, fez parte de uma audiência em um processo que corre na Justiça Federal em Brasília, em que o senador cassado Delcídio do Amaral e o ex-presidente Lula são acusados de tentar comprar o silêncio de Cerveró, de modo a impedi-lo de celebrar um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato.
Também são réus no caso o ex-advogado de Cerveró, Edson Ribeiro; o assessor de Delcídio, Diogo Ferreira; o ex-presidente do banco BTG Pactual André Esteves; e o pecuarista José Carlos Bumlai. » Cerveró aponta pagamento de dívidas de campanhas do PT e PMDB » Petrobras orientou negócio com empresa de filho de FHC, diz Cerveró “A informação que me foi dada é que isso seria um reconhecimento do trabalho que eu havia feito na liquidação da dívida do PT em 2006.
Eu tinha conseguido através da contratação da Schahin Óleo e Gás, operadora de uma das sondas que nós contratamos”, acrescentou Cerveró ao juiz substituto da 10ª Vara Criminal da Justiça Federal de Brasília.
Em setembro, Cerveró, Bumlai e executivos do Banco Schahin foram condenados pelo juiz federal Sérgio Moro por causa de um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões, contraído em 2004.
O dinheiro foi destinado a pagar dívidas de campanha do PT e nunca foi devolvido.
Em troca, o grupo Schahin celebrou, em 2006, um contrato de US$ 1,5 bilhão para operar um navio-sonda da Petrobras.
Defesa de Lula Para a defesa de Lula, as declarações de Cerveró comprovam que o ex-presidente não teve nenhuma participação no negócio. “Ele [Cerveró] ouviu dizer”, disse Cristiano Zanin, advogado de Lula, após a audiência. “Não há comprometimento nenhum [de Lula], se não ele [Cerveró] teria recebido esse recado de alguém qualificado, e não alguém tão distante de Lula”, acrescentou o advogado. » Operação Turbulência acha elo entre esquema local e operador uruguaio condenado na Lava Jato por prestar serviços a Nestor Cerveró » Delcídio diz que recebeu US$ 1 milhão de Nestor Cerveró Devido a pressões políticas, Cerveró foi demitido da Diretoria Internacional da Petrobras em reunião do Conselho de Administração da empresa realizada em 3 de março de 2008, mesmo dia em que foi indicado para a Diretoria Financeira da BR Distribuidora, subsidiária da petroleira estatal.