Estadão Conteúdo - A colaboração entre o Grupo Odebrecht e a Lava Jato está na reta final.
Previsto para ser firmado ainda neste mês, o maior acordo já feito pela operação - 53 executivos negociam delação e 32 depõem como lenientes (colaboradores a quem não são imputados crimes) - terá logística diferente para evitar vazamentos e permitir o envio para homologação do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, antes do recesso de fim de ano, em 20 de dezembro.
A Procuradoria-Geral da República informou aos advogados do grupo as penas a serem impostas e, agora, aguarda a resposta das defesas com os depoimentos já tomados.
Depois, cada colaborador será ouvido pelos procuradores apenas para confirmar o teor do depoimento entregue por seu advogado.
LEIA TAMBÉM » Delação de Marcelo Odebrecht prevê cinco anos de prisão domiciliar, diz jornal » Moro nega à Promotoria do Rio dados do ‘departamento de propinas’ da Odebrecht Embora fosse alvo dos investigadores desde 2014, quando foi citada pelos primeiros delatores da Lava Jato - o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa -, a Odebrecht recebeu o primeiro golpe com a prisão do ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht, em junho do ano passado.
Em março deste ano, a Suíça liberou o envio da quebra de sigilo das contas do grupo mantidas no país europeu.
Meses depois, as fases Xepa e Acarajé, da Lava Jato, descobriram o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht - segundo a força-tarefa da operação, um “departamento de propina” que recebia as demandas do grupo para os pagamentos e garantia a entrega do dinheiro.
Além desse setor, também foram identificados offshores usadas pela maior empreiteira da América Latina para camuflar repasses no exterior e um banco adquirido para movimentar dinheiro proveniente do sistema financeiro paralelo. » Odebrecht movimentou US$ 211 milhões na Suíça » Palocci era interlocutor da Odebrecht, diz Lava Jato Embora o Setor de Operações Estruturadas tivesse vida e modus operandi próprios, a palavra final era de Marcelo Odebrecht, herdeiro do patriarca Emílio Odebrecht.
Na negociação com o Ministério Público, procuradores insistem para que Marcelo não se exima da responsabilidade de coordenar o “departamento de propina”.
Executivos da Odebrecht negociam delação O Estado mapeou cargos e as áreas de atuação de executivos que negociam colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República.
Além do núcleo mais próximo à família Odebrecht, são funcionários que vão de presidentes de empresas e diretores de áreas de negócio a secretarias da Construtora Norberto Odebrecht, Odebrecht Ambiental, Odebrecht Óleo e Gás, Odebrecht Realizações Imobiliárias, Odebrecht Defesa e Tecnologia, Braskem, além de braços internacionais da empresa. » Advogados de Lula querem processar delegado da PF que indicou Lula como ‘amigo’ em planilhas da Odebrecht » PF diz que ‘Amigo’ em planilhas de propinas da Odebrecht se referia a Lula Dos 53 executivos que negociam delação, ao menos sete são ligados à cúpula do grupo, sendo três deles ex-presidentes da holding: Emílio Odebrecht, atual presidente do Conselho de Administração do grupo, Marcelo Odebrecht e Pedro Novis.
A lista inclui ainda dois ex-presidentes da Braskem, 14 diretores executivos e 30 diretores ou ex-diretores.
A PF e o Ministério Público identificaram os executivos que trabalharam em dez braços do grupo e tiveram comunicações suspeitas.
Parte negocia delação e vai cumprir pena após prestar os depoimentos.
Outros devem relatar o que viram ocorrer na empresa na condição de lenientes.
Há também diretores de contrato, hierarquicamente distantes da cúpula do grupo.
Todos, independentemente do cargo, tiveram algum contato com o esquema alvo da Operação Lava Jato.
Odebrecht é alvo de investigações em quase 40 contratos Além das bilionárias obras da Petrobrás, a Odebrecht é alvo de investigação em ao menos outros 38 contratos espalhados pelo Brasil com União, Estados e municípios.
Há casos delatados anteriores a 2002, o que significa que não ficam circunscritos apenas a épocas em que o PT ocupou o governo federal.
Há, por exemplo, relatos de irregularidades nas décadas de 1980 e 1990.
Pelo que já foi noticiado do acordo até agora, devem ser implicados na delação mais de 100 políticos. » Odebrecht diz que caixa 2 de José Serra foi pago em conta na Suíça » Suíça autoriza envio de documentos da Odebrecht à Lava Jato; empresa recorre A considerar os cargos ocupados pelos executivos nos últimos anos, devem ser relatadas irregularidades em obras de construção, infraestrutura, óleo e gás, empreendimentos imobiliários, petroquímica e defesa não só no Brasil, mas em pelo menos sete países.
Marcelo Odebrecht resistiu a aderir à colaboração premiada.
O empreiteiro chegou a chamar delatores de “dedo-duro”. “Primeiro, para alguém dedurar, ele precisa ter o que dedurar.
Isso eu acho que não ocorre aqui.
Segundo, tem a questão do valor moral”, disse o empresário à CPI da Petrobrás, em setembro de 2015, três meses após ser preso pela PF.
Mesmo com delação, Marcelo Odebrecht fica preso Cinco meses depois da assinatura de um termo de confidencialidade com o Ministério Público, primeiro passo para iniciar um acordo de colaboração premiada, o empresário Marcelo Odebrecht, ex-presidente da maior empreiteira da América Latina, permanece atrás das grades.
Mesmo confessando o que sabe, o “príncipe” das construtoras ainda terá de cumprir uma pena de dez anos de prisão. » Polícia Federal indicia Palocci e Odebrecht por corrupção » Impasses travam delação premiada de Marcelo Odebrecht A década será subdividida em quatro períodos de dois anos e meio.
O primeiro será cumprido no regime fechado - descontado o um ano e meio cumprido em Curitiba -, depois ele passará para o semiaberto, seguido da prisão domiciliar e, enfim, do regime aberto.
Quando a Lava Jato chegou perto das empreiteiras, ao identificar o cartel de empresas que tinha o controle e dividia as obras da Petrobrás, em novembro de 2014, investigadores já olhavam para Marcelo Odebrecht como líder do grupo.
No “clube vip”, era a empreiteira que tinha a maior fatia dos contratos com a petrolífera.