Com informações de Marcos Oliveira, repórter do NE10 Derrotado em Olinda para o deputado estadual Professor Lupércio (SD) após uma campanha sem apoio do PSB local, o irmão do ex-governador Eduardo Campos, Antônio Campos, convocou uma coletiva de imprensa para a tarde desta terça-feira (1º) em que criticou a cunhada, Renata Campos, e a cúpula do partido no Estado, tendo como principal alvo o governador Paulo Câmara.
Apesar do racha, adiantou que será candidato em 2018, quando o sobrinho João Campos, atualmente chefe de gabinete de Câmara, deve tentar uma vaga como deputado federal.
Diferente de outros momentos, até mesmo durante a campanha, Antônio se mostrou na tarde desta terça mais leve.
Esperou pelo começo da coletiva ao lado da imprensa, falando com todos e se dizendo tranquilo com o fim da eleição.
A reportagem comentou com ele sobre esse humor para cima mesmo estando prestes de protagonizar um momento aparentemente tenso.
A resposta não veio em palavras.
Mas em um olhar por cima dos óculos e de uma risada que anunciou ser aquele um momento de libertação para o socialista.
Antônio Campos considera ser candidato a deputado federal junto com João. “É possível o partido fazer dois candidatos federais”, disse. “Eduardo merece ter um filho deputado federal”, acrescentou.
LEIA TAMBÉM » Após derrota, irmão de Eduardo Campos bate forte no governo Paulo Câmara e racha PSB Mesmo com a briga interna, disse que não vai sair do PSB para as próximas eleições e que construirá a sua candidatura como socialista.
Antônio poderá tentar uma vaga na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) se não sair para a Câmara. » Aconselhado por João de Deus a se candidatar, irmão de Eduardo Campos não cumprirá “missão” em Olinda » Lupércio vence irmão de Eduardo Campos em Olinda O advogado apontou como os principais opositores da sua candidatura em Olinda, além de Paulo Câmara e do secretário estadual da Casa Civil, Antônio Figueira, a cunhada. “Renata Campos se mostra com uma pretensa imagem de frágil.
Minha mãe fez um apelo pela união da família, mas ela não atendeu”, disparou. “Quem sempre mandou foi Eduardo, ele fazia de conta que ouvia Renata, mas quem mandava era ele”, disse. “Como fazia de conta que ouvia outras pessoas também e quem mandava era ele”, ironizou. “Renata não foi grata comigo”, afirmou. “A questão de Renata é que ela não admite nada na vida que não seja Andrade Lima.
Ela acha que uma outra força que possa surgir na família, que não é antagônica a João Campos, respeito meus sobrinhos, pode fazer sombra a João Campos”, disse.
Antônio Campos citou como exemplo a prima Marília Arraes, vereadora reeleita no Recife que trocou o PSB pelo PT este ano, dois anos após ter rompido com o partido alegando não concordar com a postura da legenda e com alianças como a que fechou com Aécio Neves (PSDB) nas eleições presidenciais.
Campos frisou que não concorda com muito do que ela diz, mas afirmou que Marília sofre perseguição. “Não entendo a perseguição extremada a Marília Arraes Só é Campos e Arraes quem Renata disser.
Não é assim.” » Antônio Campos diz que foi monitorado pela Casa Militar de Paulo Câmara, nas eleições O irmão de Eduardo Campos afirmou que o governador e o prefeito se apossam dos nomes Arraes - do avô Miguel Arraes - e Campos. “Eles usem a grife Paulo Câmara/Geraldo Julio, não a Arraes/Campos”, alfinetou.
Para Antônio Campos, o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, faz o que Renata mandar e o que o prefeito reeleito do Recife, Geraldo Julio, pedir.
Sem apoio em Olinda As críticas ao partido vieram depois que Antônio Campos disputou sem apoio das principais lideranças socialistas em Olinda.
O irmão de Eduardo Campos só conseguiu se candidatar por causa do apoio nacional. “Carlos Siqueira (presidente do PSB) foi um dos homens que mais protegeram nossa candidatura em Olinda”, disse.
Segundo Campos, Siqueira disse que, se tirassem a candidatura dele à força, derrubaria a decisão local.
Agora, com o fim das eleições, vai enviar uma carta com reclamação ao PSB nacional. » Ceça Silva, vice de Antônio Campos em Olinda: “O voto cristão é um voto que garante a nova política” “Resisti dentro do PSB a um processo que trai sua história.
O PSB estadual durante o período pré-eleição tentou desestabilizar minha candidatura.
Toda semana era um movimento.
Mantive a serenidade e a cabeça erguida.
A fragmentação das candidaturas no primeiro turno (eram nove candidatos) foi montada pelo Palácio”, afirmou. “Saímos da campanha politicamente vitoriosos.
Termos chegado ao segundo turno, praticamente sozinhos, demonstra isso”, avaliou.
Para Antônio Campos, o principal objetivo foi atingido: acabar com a hegemonia do PCdoB em Olinda, que teve a prefeitura por 16 anos, primeiro com dois mandatos de Luciana Santos e depois com mais dois de Renildo Calheiros.
Caruaru O irmão de Eduardo Campos ainda classificou como arbitrária a forma como foi definido o candidato em Caruaru. “Discordo da forma arbitrária de como Raquel Lyra foi tirada do partido.
João Lyra foi um vice-governador leal”, afirmou.
Os Lyra deixaram o PSB no primeiro semestre e migraram para o PSDB, depois que Paulo Câmara “bancou” a candidatura do atual vice-prefeito, o socialista Jorge Gomes, impedindo Raquel, agora eleita, de disputar.
No segundo turno, o PSB apoiou o adversário dela, Tony Gel (PMDB).
João Lyra foi vice-governador de Eduardo Campos nos dois mandatos e, quando ele renunciou para a campanha presidencial, assumiu o Governo de Pernambuco.
Antônio Campos afirmou que não se conforma como pessoas como o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) estão sendo privilegiadas no partido e não nomes como os Lyra.
Nota Antônio Campos divulgou uma nota após a coletiva de imprensa.
Leia a íntegra: “Resistir é uma forma de ação hoje 1.
Boa tarde a todos, gostaria de agradecer à presença da imprensa. 2.
Estamos numa época de resistência e aprendi com meu pai que “vencer é a própria capacidade de resistir”.
Resistir é uma forma de ação hoje.
Quando Arraes foi candidato em 1998, muitos não entenderam, ante as dificuldades eleitorais e políticas da época.
No entanto, talvez isso tenha propiciado a eleição de Eduardo Campos como Governador em 2006.
O livro de Marcos Cirano, “Porto do Renascimento – A última campanha de Arraes”, recentemente lançado, inclusive é uma tese que demonstra isso. 3.
Saímos vitoriosos dessa campanha.
Demonstramos força e criamos um sentimento de esperança ao povo olindense, tão castigado nos últimos 16 anos.
Ir ao 2º turno com 90.558 votos, tendo chegado a esse resultado praticamente sozinho, demonstra que nosso projeto inovador para a cidade com ideias, propostas e soluções reais, nos deu uma verdadeira vitória política. 4.
Agradeço mais uma vez à nossa aguerrida militância e os apoios sinceros de lideranças, movimentos sociais, artistas, juventude, mulheres e de partidos em Olinda. 5.
Desde o início, sabia das dificuldades que iria enfrentar e minha candidatura já era para também testar o pretenso campo aliado.
Certamente, a maior importância da minha candidatura tenha sido: a) mostrar um novo projeto político para Olinda (derrotando o PC do B no 1º turno, embora não tenhamos terminado o serviço no 2º turno pois Lupércio foi apoiado pelo PC do B e o tempo vai mostrar isso mais ainda) b) resistir dentro do PSB contra um projeto que fere as raízes históricas do partido e entrega várias de nossas bases à adversários históricos. 6.
O PSB Estadual durante o período pré-convenção tentou várias vezes desestabilizar a minha candidatura.
Quase quinzenalmente saía uma nota na imprensa ou tínhamos conhecimento de uma ação política. 7.
A fragmentação das candidaturas no 1º turno teve o apoio de setores expressivos do Palácio do Governo.
O único pedido político que fiz ao governador Paulo Câmara, antes das convenções, foi uma tentativa de uma conversa com Augusto Coutinho para debatermos as eleições, o que não houve e, logo em seguida, soube que ele tinha recebido o espaço da Junta Comercial de Pernambuco, com alguns cargos dados a Lupércio, na Junta. 8.
Não enfrentei Lupércio, mas, essencialmente, a máquina do PC do B e forças expressivas do PSB Estadual, que propiciaram sua candidatura no 1º turno e o ajudaram nos bastidores no 2º turno.
As poucas participações do PSB estadual em Olinda foram formais.
Tenho diversos depoimentos para provar isso.
Por outro lado, não deu tempo em uma eleição curta, no 2º turno, de desconstruir o discurso do adversário, que desqualificou o debate para assuntos como “filho de Olinda x forasteiro”, “rico x pobre”, as mistificações nas redes sociais e os boatos na periferia de Olinda. 9.
Algumas vezes tivemos que recorrer à Justiça para frear ataques e baixarias e para denunciar fatos.
O Professor Lupércio terminou sua campanha tendo declarado à Justiça Eleitoral ter arrecadado R$151.780,00 e gasto R$88.701,99 (ele gastou mais do que isso só em bandeiras, segundo estudo feito pelo nosso Jurídico, com auxílio técnico especializado).
A sua prestação de contas é objeto de investigação judicial eleitoral.
Ele pode até o dia 19 de novembro fazer a prestação de contas final, mas tal postura mostra a falta de transparência na sua campanha e seu volume de propaganda de rua é incompatível com esses gastos a olhos vistos, o que deveria ter sido motivo de mais atenção por parte do Judiciário e do Ministério Público, ante a forte indícios de caixa 2.
Iremos, no tempo e nos recursos próprios, colocar tal matéria para apreciação do Poder Judiciário. 10.
Estou decidido a continuar a fazer política em Olinda e em Pernambuco.
Serei candidato em 2018.
Decidirei o cargo em 2017.
Não sairei do PSB.
Olinda abre um novo ciclo nessa eleição e serei um dos líderes de uma oposição responsável na cidade, vigilante.
Sempre estarei ao lado das melhores causas de Olinda.
Olinda é uma cidade desafiadora para se administrar ante a situação em que se encontra e espero que o Professor Lupércio e as forças que o apoiaram cumpram com as promessas que fizeram durante as eleições. 11.
O PSB precisa rever posições.
O partido se não corrigir o rumo e buscar o propósito que sempre o fez forte e determinado, que é beneficiar o povo de Pernambuco e ser fiel às suas bandeiras históricas, vai se fragmentar. 12.
Estou fazendo uma carta relatório ao PSB Nacional e uma carta política aos diretórios estadual e municipais de Pernambuco do que se passou em Olinda, que também aconteceu em algumas outras cidades de Pernambuco.
Estão entregando várias das nossas bases a antigos adversários políticos.
Não falo hoje aqui só, represento a voz de muitos descontentes que talvez não tenham condições de falar nesse momento. 13.
Apesar de todos esses desafios, vejo o futuro com fé e esperança. 14.
Resistir é uma forma de ação hoje. 15.
Não desistirei.
Não me intimidarei.
Lutarei sempre.
Olinda, 01 de novembro de 2016 Antônio Campos” Resposta Em nota, o PSB afirmou que discorda de Antônio Campos.
Leia a íntegra: “O PSB de Pernambuco discorda do conteúdo da entrevista concedida pelo ex-candidato a prefeito de Olinda.
As eleições de 2016 deram ao PSB um consistente crescimento nas diversas regiões do estado. É princípio básico da democracia respeitar o resultado das urnas.”