Por Luciano Siqueira, especial para o Blog de Jamildo A investida da Polícia Federal sobre o Senado, mediante ordem chancelada por um juiz de Primeira Instância – clara ruptura da autonomia entre os três Poderes da República -, fez-se estopim de querela aberta entre o senador Renan Calheiros e o policialesco ministro da Justiça Alexandre Moraes.

Temer estremece com receio de atropelamento da agenda regressiva no Senado.

Padilha se solidariza com Renan, tentando acalmar os ânimos.

A presidente do STF, Cármen Lúcia, defende o Judiciário.

Bala pra lá, bala pra cá… e se desnuda, mais uma vez, a instabilidade institucional que o País atravessa, que permeou todo o processo golpista que propiciou o impeachment da presidenta Dilma (sem que tenha cometido crime de responsabilidade) ao arrepio da Constituição.

Em casa onde falta o pão, todos brigam e ninguém tem razão – ensina o adágio popular.

Os três Poderes da República protagonizam sua crise particular, em íntima articulação com a crise econômica e o mar de incertezas que envolve a sociedade brasileira.

Enquanto isso, a Câmara aprova, em segundo turno, a PEC 241 como peça essencial do processo de regressão neoliberal encetado por Temer o bando palaciano.

Aqui e alhures, como se dizia antigamente, crise de tamanhas proporções encontra expressões as mais variadas, cuja essência está na dispersão de ideias e nas ameaças à ordem democrática.

Ao contrário do que tenta passar o complexo midiático governista, a atividade econômica do no país continua a cair, agora em ritmo mais acelerado, conforme assinala em entrevista ao portal Vermelho o economista Antônio Corrêa de Lacerda, da PUC de São Paulo.

Segundo ele, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve retração de 0,91% em agosto – a maior queda em 15 meses – e de 5,6% nos últimos doze meses.

Mesmo a maioria governista na Câmara e no Senado, de perfil predominantemente conservador e fisiológico, exibe fraturas que poderão se ampliar na medida em que o governo faz água e em que se aproximam as próximas eleições presidenciais.

Nesse cenário, ganham relevância as manifestações contrárias à aprovação da PEC 241, que vão desde a ocupação temporária de escolas e Universidades ao pronunciamento firme e bem fundamentado da CNBB.

Insuficiente para demoveram a Câmara e o Senado, mas significativas enquanto sinais de que uma reação ativa de setores diversos da população poderá crescer na esteira das políticas de regressão social e de restrição de direitos ora em curso.

Tudo parece uma espécie de purgação social e política que tanto pode dar no caos e na emergência de regime ditatorial, como numa renovação republicana.