O secretário estadual de Planejamento e Gestão, Márcio Stefanni, anunciou na noite desta quinta-feira (20) que o governo solicitou ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) a decretação da ilegalidade da greve da Polícia Civil.

Deflagrada essa tarde, a paralisação por tempo indeterminado ainda vai começar na sexta (21).

LEIA TAMBÉM » Policiais civis não aceitam plano do governo Paulo Câmara e deflagram greve » SDS usará PMs para manter atendimento durante greve da Polícia Civil Stefanni afirmou que a proposta inicialmente recebida pela Secretaria de Administração (SAD) representaria um aumento de 300% nos vencimentos atuais e R$ 40 milhões mensais a mais na folha de pagamento do Estado.

O secretário defendeu que atualmente os aproximadamente 220 mil servidores custam R$ 800 milhões e que os 3,5 policiais iriam representar, sozinhos, um aumento considerado alto pela gestão. “Todos nós sabemos que o Brasil passa por uma crise aguda na economia, Pernambuco também passa por essa crise. É impossível conceder tal aumento”, frisou.

Stefanni afirmou que governo não vai ser pressionado pelo movimento (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem) A assembleia que determinou pela greve, realizada em frente ao Palácio do Campo das Princesas após uma reunião da diretoria do sindicato que representa a categoria, o Sinpol, com o secretário de Administração, Milton Coelho, rejeitou a proposta de plano de cargos e carreiras equiparando o teto desses profissionais ao piso dos delegados.

Isso representa 13% de aumento no fim da carreira.

De acordo com a entidade, a proposta agradou, mas não foi aceita por não estabelecer prazos para a implementação do plano, da mesma forma que foi feito quando os policiais ameaçaram entrar em greve durante o Carnaval deste ano. » Contra violência em Caruaru, Tony Gel e Raquel Lyra querem mudança na PM » Com aumento da violência no Recife, candidatos fazem promessas para segurança Stefanni continuou sem falar em prazos e afirmou que provavelmente seria no próximo ano, mas que o caso teria que ser levado à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), no fim do período legislativo.

O documento apresentado por Milton Coelho diz que a construção da nova grade deveria ser feita até 10 de novembro (leia abaixo).

A rejeição, porém, invalidou a proposta.

O secretário endureceu as palavras ao ser questionado sobre a possibilidade de mais uma negociação com a categoria, embora tenha dito que essa seja a orientação do governador Paulo Câmara (PSB), que já tem como calo da gestão os resultados negativos do Pacto pela Vida. “Não será um movimento paredista, não será o corte de serviços à população que vai nos pressionar”, afirmou. “Não serão movimentos que nos coloquem no canto da parede que vão fazer o governo negociar”, concluiu.

Gioia assumiu a SDS há duas semanas (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem) Com a greve deflagrada duas semanas após ser empossado na Secretaria de Defesa Social - devido à saída de Alessandro Carvalho, que foi para a assessoria especial do governador depois de três anos de declínio do Pacto pela Vida -, o novo secretário, Angelo Gioia, disse ver a greve com “tristeza e descontentamento”. “Eu penso que, conhecendo a proposta, uma reflexão (dos policiais) poderá evitar essa paralisação”, afirmou.

Gioia adiantou que colocará parte dos efetivos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros para atuar em delegacias evitando piquetes, ocupação de prédios e interrupção dos serviços.

Os policiais civis prometeram manter os 30% dos serviços obrigatórios por lei nos plantões e no Instituto de Medicina Legal (IML). » Alessandro Carvalho é nomeado para assessoria especial do governador » Processado no Rio, novo secretário da SDS diz que foi acusado por corrigir problemas na PF » Sílvio Costa Filho diz que troca de secretário não tem efeito sem mudança no Pacto pela Vida “Eu me preocupo com o efetivo policial e nós queremos as melhores condições de trabalho para esse efetivo, mas não podemos investir no aumento da criminalidade, na falta de sossego da população vendo isso como possibilidade de pressionar para negociar benefícios e salário para os nossos policiais”, afirmou Gioia, que se colocou como intermediário entre os profissionais em greve e o governo estadual. “Nós devemos trabalhar.

A reivindicação, ainda que justa, não pode penalizar a população”, defendeu.

Governo Paulo Câmara se posicionou em nota Em nota à imprensa esta noite, o governo estadual chamou a greve de “chantagem”, disse que o movimento tem origem político eleitoral e lamentou a decisão do Sinpol de deflagrar greve. “(O governo) mantém-se aberto ao diálogo, mas deixa claro, desde já, que utilizará todos os meios necessários para impedir que um movimento ilegal prejudique a prestação dos serviços de segurança pública à população pernambucana neste grave momento da vida brasileira”, afirma o texto.

Sinpol rebate Governo de Pernambuco em nota Depois da divulgação da nota da gestão estadual, o Sinpol rebateu também em nota. “Com o objetivo de confundir e jogar a sociedade contra o movimento, o Governo de Pernambuco tem mentido ao dizer que a categoria está pleiteando 300% de aumento salarial.

A verdade é que só existem duas reivindicações: melhores condições de trabalho e a implementação da reformulação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos da Polícia Civil, construído por técnicos da Secretaria de Administração e a diretoria do Sinpol.

O Governo também mentiu ao afirmar, em nota emitida, que já realizou 14 reuniões com o Sindicato este ano.

A primeira tratativa sobre o tema aconteceu no dia 17 de agosto, quando mais uma vez estabeleceu e descumpriu um prazo dado para a apresentação de uma proposta concreta sobre as reivindicações”, diz o texto. » Leia a íntegra da proposta apresentada pelo Governo do Estado aos policiais civis: