Estadão Conteúdo - O juiz Sérgio Moro marcou a data do interrogatório da mulher do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB), Cláudia Cruz, para se explicar sobre as acusações da Lava Jato de que teria lavado dinheiro e evadido cerca de US$ 1 milhão por meio de contas secretas no exterior abastecidas por seu marido com dinheiro da corrupção na Petrobras.
A decisão foi tomada na segunda-feira (17) e tornada pública nesta terça-feira (18).
Moro agendou o interrogatório de Cláudia e do empresário Idalécio de Oliveira, também réu na ação, para o dia 14 de novembro, seis meses depois de o juiz da Lava Jato aceitar a denuncia contra a mulher de Cunha.
Antes, no dia 9, serão interrogados o ex-diretor Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada e o lobista João Augusto Rezende Henriques, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras.
Ambos também são réus na mesma ação de Cláudia.
LEIA TAMBÉM » Sérgio Moro manda devolver passaporte de Cláudia Cruz, esposa de Eduardo Cunha » Moro mantém ação contra Cláudia Cruz e nega que haja cerceamento de defesa » Justiça Federal determina indisponibilidade de bens de Cunha e Claudia Cruz O interrogatório é a última etapa antes de o juiz ouvir as alegações finais das defesas e da acusação, últimos argumentos apresentados para o julgamento.
Nele os réus ficarão frente a frente com Moro e poderão responder a todas as acusações do Ministério Público Federal.
Caso queiram, eles também poderão exercer o direito de permanecer em silêncio.
A última testemunha da defesa de Cláudia a ser ouvida antes do interrogatório é o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) que vai depor nesta quarta-feira, 19.
Além disso, Cláudia arrolou várias testemunhas que residem no exterior, que já foram intimadas via carta precatória.
Nestes casos, porém, o juiz da Lava Jato entendeu que não é necessário aguardar a cooperação de outros países para dar continuidade ao processo.
Cláudia Cruz é investigada por receber US$ 1 milhão Na ação contra a mulher de Cunha, a Procuradoria da República aponta que o ex-deputado teria recebido propina de US$ 1,5 milhão para “viabilizar” a aquisição, pela Petrobras, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.
O negócio foi tocado pela Diretoria Internacional da estatal, apontada como braço do PMDB no esquema de loteamento da Petrobras.
Desse valor, US$ 1 milhão foram repassados para a offshore Kopek, que segundo a Lava Jato tem Cláudia Cruz como única controladora.
Com apoio do Ministério Público da Suíça, a Lava Jato rastreou os recursos que aportaram na conta de Cláudia e identificou que eles foram utilizados, por exemplo, para pagar compras de luxo feitas com cartões de crédito no exterior. » “Não falo de processos”, diz Cunha sobre intimação da Lava Jato » Moro intima Eduardo Cunha para prestar contas à Lava Jato » PMDB gastou mais de R$ 10 mil em bebidas alcoólicas na campanha de Cunha Parte dos gastos dos cartões de crédito, que totalizaram US$ 854 387,31, foi utilizada, dentre outras coisas, para aquisição de artigos de grife, como bolsas, sapatos e roupas femininas.
Outra parte dos recursos foi destinada para despesas pessoais diversas da família de Cunha, entre elas o pagamento de empresas educacionais responsáveis pelos estudos dos filhos do deputado afastado, como a Malvern College (Inglaterra) e a IMG Academies LLP (Estados Unidos).
Cláudia ainda teria mantido, segundo a denúncia, depósitos não declarados às repartições federais na offshore Köpek em montante superior a US$ 100 mil entre os anos de 2009 e 2014, o que constitui crime contra o sistema financeiro nacional.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Cláudia, mas o advogado estava em reunião.