Em Santa Cruz da Baixa Verde, no Sertão de Pernambuco, a agricultora Maria Geni do Nascimento, que recebe 91 reais do Programa Bolsa Família e foi candidata a vereadora pelo PDT recebeu a doação de mais de R$ 75 milhões via transferência bancária doados para sua campanha, dois dias antes das eleições realizadas no último dia 2 de outubro.
Em resposta à Revista Veja, a coligação partidária pela qual Geni disputou a vaga de vereadora atribui a doação a algum erro de digitação junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O escritório que cuida da prestação de contas de Geni informou que a doação foi de 750 reais. “As doações da Geni estão muito longe desse valor de 75 milhões[de reais]”, diz a psicóloga Ildete Gomes Silva, que disputou uma vaga de prefeita pela mesma coligação de Geni, formada por PDT, PR e PSB. “Esse registro de doação deixou todo mundo assustado na cidade”.
O município tem 12.000 habitantes e fica a 450 quilômetros de Recife.
Apesar da doação milionária, não há nenhuma despesa registrada na contabilidade que Geni apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral.
A candidata não se elegeu vereadora na cidade, ficando na suplência.
Segundo reportagem da Rádio Jornal, quem aparece como doador do dinheiro é Pedro Henrique da Silva Rodrigues, nome desconhecido na região.
Ao ser buscado o CPF do doador, Pedro Henrique aparece como estudante de licenciatura em letras e beneficiário de uma assistência estudantil da Universidade Federal Rural de Pernambuco, referente a auxílio alimentação.
Procurada pela Rádio Jornal, a UFRPE confirmou que o estudante está com a matrícula ativa na unidade de Serra Talhada, também no Sertão do Estado.
As irregularidades constam no relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), que também apontam indícios de mau uso de pelo menos metade do dinheiro que circulou no primeiro turno das eleições para vereadores e prefeitos no País.
Entre as irregularidades apontadas pelo relatório estão doações de pessoas mortas, beneficiários do Bolsa Família recebendo doações milionárias e empresas sem funcionários que prestaram serviços que nem uma gráfica grande teria condições de realizar.
Pelo menos metade do dinheiro usado em campanhas leitorais do País está em situação irregular.