Por Fernando Castilho do JC Negócios, colaboração para o Blog de Jamildo Para uma campanha onde um candidato obteve 49,34% dos votos (Geraldo Julio, 430.997), e o segundo colocado (João Paulo, 207.529) só obteve 23,76%, não deixa de ser curioso que João Paulo, do PT, tenha aberto mão de tempo na propaganda eleitoral e tenha aceitado não apenas começar a sua campanha cinco dias depois que lhe permitia a legislação eleitoral.
E que também tenha aberto mão de metade do tempo que poderia usar na TV e no rádio reduzindo o tempo de embate para apenas dez minutos diários quando poderiam ir a 20.
Do ponto de vista da campanha de Geraldo Júlio a proposta é só vantagem.
O prefeito que já teve o apoio dos líderes do DEM e do PSDB e fez uma grande maioria na Câmara Municipal do Recife.
Ele gostaria mesmo é que fosse reduzido para o mínimo possível.
Mas o que dizer do candidato do PT que no primeiro turno se queixou de que não tinha tempo para expor sua campanha propositiva?
Feitas as contas do tempo de João Paulo e Geraldo Julio abriram mão pode se chegar a um total de 1.510 minutos que as duas campanhas abriram mão onde cada um deixou de produzir programas e comerciais de TV num total de 755 minutos de veiculação.
Começando a campanha cinco dias depois do permitido, João Paulo e Geraldo Julio abriram mão de 20 minutos de programas diários e de 74 comerciais de 30’ que correspondem a 36 minutos de exposição de suas ideias.
Somados os 100 minutos dos programas e mais os 180 minutos dos comerciais João Paulo e Geraldo Julio deixaram de estar na TV por 280 minutos.
Ou três horas e quarenta minutos.
Mas a decisão de abrir mão de, também, abrir mão de metade do tempo sob o argumento de que seria muito caro produzir os programas parece não fazer muito sentido depois da exibição dos programas no segundo turno.
Isso porque além da expressão “Somos a maioria” de João Paulo, os programas do segundo turno do PT são repetições do que ele mostrou no primeiro.
Geraldo tem programas novos e ampliou o embate político mostrando que o PT governou o Recife por 12 anos.
Mas é nas inserções e no tempo de embate que se observa que o PT perdeu oportunidade de expor aquilo que se queixou no primeiro turno insistindo na falta de tempo.
Ao fazer sua propaganda em 19 dias com apenas 10 minutos/dia - em lugar de 20 minutos permitidos pela lei - os candidatos deixam de usar 190 minutos cada.
Como abriram mão de 44 comerciais deixaram de usar 15 minutos diários ou um total de 285 minutos nos 19 dias de campanha até o final e outubro.
Abrindo mão de mais 190 minutos de programas e mais 285 de comerciais cada um dos candidatos deixou de se apresentar na TV por 475 minutos.
Se forem somados aos 280 minutos dos cinco dias quando não houve campanha, chega-se ao total de 755 minutos de propaganda que Geraldo Julio e João Paulo deixam de veicular suas propostas.
Liderados pelos marqueteiros Karla Curi (pelo PT) e Diego Brandt (pelo PSB) as duas campanhas disseram oficialmente que usar o tempo seria mais caro.
Pode ser.
Mas dificilmente para uma cidade como o Recife a contratação de equipe de TV e de produção costuma ser um problema que exige mudança de estratégia de tal porte.
Afinal a disputa é pela capital de uma cidade como o Recife e no caso do PT a única onde ele está disputando o segundo turno. É verdade que o eleitor está muito descrente dos políticos, mas se isso é verdade não seria o segundo turno um momento de expor melhor as ideia e propostas.
Ou configurar o embate político?
No fundo a redução só foi boa para as emissoras de TV cujo tempo é ressarcido em termos de crédito pela Justiça Eleitoral.
Ou seja: a fatura desse tempo que as TVs poderão usar sua programação será paga de qualquer forma pelo contribuinte.
O que talvez se explique pela decisão da Justiça Eleitoral no Rio de Janeiro que obrigou os dois candidatos a usarem todo o tempo para o debate.
O mesmo motivo que levou os candidatos em Olinda, Antônio Campos e Professor Lupércio a usar todo o tempo que dispõem.