Do PSB, partido do ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, o deputado federal Tadeu Alencar (PE), primeiro vice-líder da legenda na Câmara, foi um dos 111 parlamentares contrários à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 241/2016, que limita o crescimento dos gastos públicos ao avanço da inflação, em primeiro turno na Câmara.
Questionado pelo Blog de Jamildo depois de o Palácio do Planalto mandar o recado de que o governo Michel Temer (PMDB) punirá “traições”, Alencar reafirmou a postura de independência dos socialistas em relação à gestão do peemedebista. “Do ponto de vista partidário, não existe esse compromisso de forma incondicional”, disse, frisando, porém, que o partido tem “comportamento de boa vontade” com o governo.
O parlamentar ainda afirmou que não se sente pressionado com a subida de tom do Planalto e advertiu que a gestão de Temer ainda tem dois anos e pautas polêmicas pela frente, precisando do apoio do PSB para apoiá-las. “Se vier com a intransigência que veio, talvez não tenha a quantidade de votos”, disparou.
LEIA TAMBÉM » Governo Temer punirá ‘traições’ na PEC do teto dos gastos públicos » Com 366 votos, base aliada ajuda governo Temer a aprovar PEC 241 em primeiro turno » Veja como votaram os deputados pernambucanos em relação à PEC que limita gastos públicos A fala de Tadeu Alencar foi uma reivindicação para um maior diálogo entre o governo e os parlamentares.
Com relação à PEC 241, por exemplo, se posicionou a favor da proposta, mas defendeu a flexibilização do prazo de 20 anos. “Em um País com tanta desigualdade, não pode ter um corte linear de limitar a despesa à inflação.
Termina não atingindo os objetivos”, justificou o deputado.
Citando áreas como saúde, educação e ciência e tecnologia, afirmou que as despesas nessas áreas são crescentes, por problemas como a falta de médicos e de equipamentos, por exemplo.
A bancada do PSB apresentou uma emenda propondo que, se houvesse superávit primário a partir da aprovação da PEC, pelo menos 50% fossem aplicados nas áreas de saúde, educação e assistência social.
Isso não foi acatado pelo relator, Darcísio Perondi (PMDB-RS). “Toda vez que os interesses do País se contrapuserem aos interesses de qualquer governo, nós vamos ficar com o Brasil”, disse. “Fui eleito não para atender aos interesses do governo e tenho quase plena aprovação dos que me confiaram o voto.
Pernambuco tem tradição de insurgência”, afirmou ainda. » PEC 241 em dez perguntas e respostas » Rodrigo Maia prevê votação da PEC do Teto na última semana de outubro » Entenda o que diz a PEC 241, proposta para limitar os gastos públicos Dos 32 votos do PSB na PEC 241, dez foram contrários à aprovação da proposta: além de Tadeu Alencar, os pernambucanos Danilo Cabral, Gonzaga Patriota e João Fernando Coutinho; César Messias (AC); Heitor Schuch (RS); Janete Capiberibe (AP); JHC (AL); Jose Stédile (RS); e Júlio Delgado, que no ano passado disputou a presidência da Câmara contra o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Já o ministro chegou a ser exonerado para retomar o mandato na Câmara e votar a favor do projeto do governo Temer.
Tadeu Alencar reconheceu que, embora o partido não se coloque como base aliada, o fato de a maioria da bancada ter chancelado o nome de Fernando Filho para a pasta de Minas e Energia cria uma imagem de vinculação da legenda com a gestão.
O socialista frisou, entretanto, que, mesmo votando pelo o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o partido não ficou na base aliada de Temer “para saber qual é o comportamento do governo com relação à realidade socioeconômica do Brasil”. » Padilha: Temer vai “discutir relação” com aliados que votaram contra PEC » Em meio à votação da PEC 241, deputado pernambucano defende vaquejada » Ex-vice-líder de Dilma diz que prefeitos e governadores deveriam propor teto dos gastos » PSB de Pernambuco critica PEC do teto dos gastos de Temer Mais cedo, o jornal O Estado de S.
Paulo publicou que, apesar de o discurso oficial não falar em retaliação, o Planalto já elabora um mapa dos “traidores” que podem ser punidos com retirada de cargos, emendas e diminuição de espaço no governo, de acordo com interlocutores do presidente.
Tadeu Alencar classificou que para ele “soa mal” que o governo, com mais dois anos de uma gestão “transitória” e de pautas que nem sempre têm “sintonia com a sociedade”, nas palavras dele, tente intimidar parlamentares que discordarem das matérias.
O socialista afirmou que Temer conseguiu o governo com amparo jurídico, mas questionou a legitimidade em relação à sociedade. “Legitimidade só se adquire quando tem sintonia com a sociedade”, ponderou.
O deputado afirmou que, se houver uma tentativa de “enquadrar o PSB”, o partido vai “pular o esquadro”.
Fonte: Agência Câmara - Fonte: Agência Câmara teto dos gastos2 - teto dos gastos3 - teto dos gastos4 - teto dos gastos5 - teto dos gastos6 - teto dos gastos7 -