Na manhã deste sábado (8) ocorreu um encontro esperado e questionado por não ter acontecido no primeiro turno da disputa pela Prefeitura de Olinda.

Após ter sido tratado “a pão e água” pelo governador Paulo Câmara (PSB) e mesmo assim ter terminado a primeira rodada na frente de dez adversários, Antônio Campos (PSB) teve no seu palanque a presença do chefe do Executivo.

O ato foi uma caminhada na avenida Tiradentes no bairro de Rio Doce, na periferia da cidade, que terminou em um palanque armado, com discurso de lideranças de vários partidos que foram prestigiar o irmão do ex-governador Eduardo Campos (PSB), tudo acompanhado pela militância, moradores do local - uns desconfiados outros mais receptivos - e equipe de filmagem.

Antônio também aproveitou para soltar farpas contra seu adversário neste segundo turno, o Professor Lupércio (SD).

LEIA MAIS: Irmão de Eduardo Campos vai para o segundo turno com Lupércio em Olinda Em Olinda, Antônio Campos diz que Lupércio “mente” e é “linha auxiliar do PCdoB” Mas se teve toda estrutura que garantiram - inclusive com uso de drone - boas imagens para o guia eleitoral, a população local se ressentiu de não ter sido devidamente citada nos discursos. “Você ouviu alguma proposta para a gente aqui de Rio Doce?”, questionou o comerciante Francisco Dantas, que tem uma mercearia há 15 anos no local.

Tido como um dos redutos do Professor Lupércio (SD), o que a reportagem colheu após o ato dos moradores é que eles esperavam uma aproximação maior de Tonca, como Antônio também é conhecido. “Eu conheço mais Lupércio, embora ainda não tenha batido o martelo neste segundo turno.

Não sei o que ele(Tonca) pensa sobre a gente pobre aqui de Rio Doce.

A gente tá muito abandonado”, comentou a doméstica, Severina Conceição, 58 anos.

O governador Paulo Câmara, que adotou uma postura pública de neutralidade, no primeiro turno, afirmou que o momento era de fazer muitas parcerias para mudar a vida do povo. “O serviço público vai avançar para melhorar a vida das pessoas.

Hoje vamos sair daqui com uma única certeza: vocês vão ganhar as eleições porque Olinda quer mudar”, afirmou, sendo tietado por mulheres que o escutavam. “Lindo, tire uma foto comigo, governador”, gritava um grupo de quatro mulheres de meia idade reunidas no canto esquerdo do palco.

Pela correria após o ato, o desejo delas precisou ser adiado.

Em uma rápida entrevista com a imprensa, Paulo voltou a explicar que não havia ido antes por Olinda ter contado com várias candidaturas que são da base do Palácio.

Embora o Professor Lupércio também seja. “Eu respeito o deputado Professor Lupércio, mas eu sou vice-presidente do PSB e preciso prestigiar as candidaturas do PSB”, defendeu.

Durante a caminhada, no entanto, a recepção, mesmo debaixo de um calor abafado, era de acolhimento e não de distanciamento em relação ao séquito que acompanhava Antônio, formado por nomes como os deputados estaduais, Eriberto Medeiros (PTC) e Aluísio Lessa (PSB); federais, como Tadeu Alencar (PSB) e Pastor Eurico (PHS);além do vice-governador Raul Henry (PMDB).

O deputado federal e ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) esteve presente no café da manhã antes, mas não acompanhou o percurso.

Os ex-candidatos a prefeito de Olinda no primeiro turno, Guga, do PV, e Ricardo Costa, do PMDB, declararam apoio a Tonca e o acompanharam.

Com uma fala mais leve, que pouco se parece aos monocórdicos discursos do início da campanha, Antônio agradeceu ao apoio de Paulo. “É um grande governador em um momento de muita adversidade no País.

A família Campos Arraes tem uma fidelidade a você, Paulo, como você tem com o povo de Pernambuco”, colocou o socialista, antes de concluir lembrando das suas origens políticas:“Olinda vai voltar a sonhar.

Miguel Arraes me ensinou que quando a crise for grande, vá pra junto do povo pra encontrar a saída.” “TIRAR O SAPATO E COLOCAR O PÉ NO CHÃO” Sobre a estratégia para vencer este segundo turno, Antônio afirmou que era continuar o que já vinha fazendo: “Tirar o sapato e colocar o pé no chão”.

No entanto, o calçado que ele usava no momento - um tênis mizuno preto com o solado branco gelo - estava, aparentemente novo.

Não foi desta vez que ele literalmente colocou o “pé no chão”, até pela impossibilidade que o calor impôs.

Questionado sobre a melhora no discurso e até no sorriso mais natural, Tonca disse que o curso foi a rua. “É muito discurso, é muito embate, é muita caminhada, faz parte da democracia”, afirmou.

Sobre o professor Lupércio, ele pontuou que quer tratar dos temas da cidade e tocar um debate propositivo, mas voltou a cutucar o adversário. “Ele está fazendo a campanha do coitadinho contra um pretexto milionário que eu não sou.

Sou um homem de classe média.

A declaração de imposto de renda dele diz que ele é milionário, não eu.”