O professor João Maurício Adeodato encaminhou ao blog um texto que trata de uma resposta pessoal a uma publicação realizada por Michel Zaidan, que fez, na sua avaliação, ofensas contra sua pessoa.
João Maurício Adeodato Professor de Direito e Pesquisador 1-A do CNPq Currículo completo em: https://lattes.cnpq.br/8269423647045727 Um texto meu sobre o procedimento do recente impeachment, divulgado originalmente no Diário de Pernambuco e depois republicado pelo Jornal Folha de São Paulo e pelo blog CONJUR – Consultor Jurídico, foi multiplicado em inúmeros veículos virtuais e provocou as mais diversas reações, segundo tenho sido informado, por não ter habitualmente muito tempo para frequentar esses ambientes.
Confirmando a dura sentença de Umberto Eco sobre as redes sociais, verifiquei a grande quantidade de tolices e o enorme despreparo nos comentários que meu artigo provocou, ainda que sua quase totalidade tenha sido extremamente elogiosa a minha argumentação.
Por isso li muito poucos e não comentei nenhum.
Agora, contudo, já passados vários dias, enviam-me um texto de um ex-colega da UFPE, Michel Zaidan, publicado em um blog local – Roberto Almeida - Um jornalista a serviço de Garanhuns e do Agreste – e parcialmente repetido no www.brasil247.com, o qual mereceu minha atenção.
Por vários motivos, difíceis de rastrear em tão pouco espaço.
Vou mencionar alguns.
Peço ao leitor que atente para as aspas, são palavras de Zaidan.
O primeiro motivo de estupefação é uma foto de Adolf Hitler no início do artigo, com a frase “que teríamos feito sem os juristas alemães?” (sem qualquer referência sobre quem disse e em que contexto isso foi dito).
Ora, esta não é apenas uma imensa falta de respeito para com os alemães: banalizar jogos de palavras sobre o nazismo não é engraçadinho, partam ou não de judeus, o holocausto é uma chaga na alma, não dos alemães, mas de toda a humanidade, aí incluídos os judeus. É também uma ofensa aos “juristas alemães”, muitos dos quais sofreram sob o nazismo, inclusive o judeu Kelsen, o maior de todos, colocados no saco único da indigência intelectual do articulista.
O segundo é o inexplicado título, que também vem em forma de pergunta: “O que há de comum entre a Uninassau e o estado de exceção?” Deduzi vagamente que o texto iria então unir a Uninassau e o nazismo.
Estranho, pensei eu, diante das políticas inclusivas da instituição, mas vamos ver o que o texto tem a dizer.
O terceiro ponto foi ver o meu nome na primeira linha, o que me levou, além do interesse inicial pelo pitoresco professor, a alguma perplexidade.
Antes permitam-me apontar alguns equívocos sobre informações básicas, os quais, pelo menos de início, explicam as baboseiras afirmadas em seguida.
Diz lá pejorativamente que a Faculdade de Direito de Vitória, onde trabalho, com Graduação, Mestrado e Doutorado, dos melhores indicadores educacionais do país e uma Revista A-1 no Qualis da CAPES (o que pouquíssimas faculdades de direito federais podem ostentar, talvez nenhuma), seria uma “law school de práticas jurídicas”.
Depois, o articulista vai criticar dois autores que nem consegue grafar direito, quais sejam Carl Schmitt e Niklas Luhmann, reduzidos a “Karl Schmidt e Nicos Luhmam”.
Como se pode crer nos argumentos de alguém que critica pensadores cujos prenomes e nomes aparecem, todos os quatro, equivocadamente escritos?
O mais razoável é pensar que o articulista só ouviu falar vagamente desses autores e jamais abriu alguma de suas inúmeras obras, o que é exatamente o caso.
O terceiro indício de ignorância dos fatos é que a UniNassau, independentemente de qualquer juízo de valor sobre sua qualidade, iniciou suas atividades em 2003 e cresceu exclusivamente durante os governos do Partido dos Trabalhadores, ninho e túmulo da percepção política de Michel Zaidan.
Além de confusa e maldosamente imputar à UniNassau gestões para influir nas políticas do novo governo federal, acusa-me do grave deslize ético de trabalhar para a instituição, na qual sou professor desde sua fundação, ainda que como simples empregado, jamais tendo participado de sua política empresarial.
Mais ainda, diz que foi a serviço dessa minha tarefa, segundo ele indigna, que escrevi o artigo mencionado acima, cujas teses não repetirei aqui.
O contexto é cristalino.
Ao lado de um inexplicável ódio à UniNassau, que já revelou abertamente no passado, em jornais locais e processos a que responde na Justiça, faltam a Michel Zaidan isenção e conhecimento para se pronunciar sobre o impeachment.
Sua psique é dominada pelo que chamo de patologia do traído: passou décadas professorando “verdades” e “fatos” sobre uma ideologia e um partido político, defendendo e tirando fotografias com pessoas que hoje são corruptos ou simplesmente “ladrões” na linguagem popular.
Como admitir agora que o “cientista” se deixou enganar por tanto tempo como um tolo qualquer?
Seria preciso muita coragem.
O impeachment tem que ter sido um golpe porque Zaidan e seus companheiros não podem sobreviver sem essa ideia, “acham” que foi, porque eles “sabem” que não houve “crime de responsabilidade”, “não houve corrupção” etc. É a sua “justiça”, o seu “bem”, que ele não vende e ninguém quer comprar, pois parece desprezar o dinheiro que remunera o trabalho.
Fala dos sofistas, que desconhece, porque carrega uma verdade intolerante e ignorante.
A “filosofia do direito” na qual a “verdade” de Zaidan acredita, embora nunca a tenha cultivado, não “ganha” com o meu trabalho, internacionalmente reconhecido há décadas, mas sim o “dono ou presidente do grupo de locação dos serviços educacionais”, o qual “ganhará e muito”.
Não foi minha intenção fazer quaisquer ilações ofensivas, o que pode ter sido inevitável diante de tanta bobagem, nem responder a Zaidan.
Minha atenção é para com meus milhares de alunos e leitores.
O professor Zaidan é um “cientista político” subdesenvolvido, um nítido resultado dessa política educacional que tanto deplora.