Por Jair Pereira Jornalista e militante do PSB Prudência no êxito e firmeza na adversidade. É o que tem faltado em muitos dos assessores e dirigentes partidários para compreender o novo momento da conjuntura política.
Eles constroem mapas e análises eleitorais a partir dos interesses mais diversos, estranhamente nenhum, ou quase nenhum, com o olhar estratégico sobre o projeto que representam ou que se dizem representar.
Quando a vitória surge nas urnas são todos pais.
Já na derrota não aparece um infeliz para assumir a paternidade do erro.
O PSB tende a passar no teste pós-Eduardo, segundo os números preliminares e com as prováveis vitórias de Geraldo Júlio (Recife) e Antônio Campos (Olinda).
Mas isso não invalida a incapacidade política de algumas previsões que induziram ao erro na tomada de decisões este ano.
Reconhecer este fato não é demérito.
Pelo contrário. É um sinal de amadurecimento e inteligência para batalhas futuras.
Na eleição de 1996 a Frente Popular saiu das urnas com o maior número de prefeitos de todas as eleições disputadas até então.
Contabilizou 136 Prefeituras.
Numero, segundo os assessores da época, suficiente para sustentar à reeleição do governador Miguel Arraes.
Dois anos depois sofríamos uma derrota de mais de um milhão de votos.
Apenas um personagem teve a coragem de dizer a Arraes, olho no olho, antecipadamente, que ele não disputasse por que ia perder com uma diferença surpreendente: Duda Mendonça, o marqueteiro.
Ninguém mais.
Todos confiaram na estrutura da máquina administrativa como instrumento de força eleitoral e sofreram um revés proporcional à ignorância da realidade.
Mais do que isso.
As centenas de prefeitos eleitos em todo o Estado em 1996 com o prestígio do conjunto de nossas forças políticas – leia-se Arraes e Eduardo Campos – pulverizou-se na eleição de 1998 e amanheceu em 1º de janeiro de 1999 abraçadas com o projeto vitorioso nas urnas de Jarbas Vasconcelos.
As raríssimas exceções ficaram por conta de militantes comprometidos que permaneceram fiéis ao nosso projeto político e que, anos mais tarde, em 2006, ajudaram a construir a consagradora vitória de Eduardo Campos governador.
E novamente o vicioso ciclo se repetiu.
Os prefeitos traíram Jarbas e vieram a reboque para o nosso lado.
Até quando vamos alimentar essa cultura?
O eleitor já dá sinais de cansaço e distanciamento dessa prática.
Mas, alguns, principalmente os que orbitam nos centros de decisões partidárias, ainda insistem nesta distorção.
E, invariavelmente, induzirão as lideranças ao erro.
Os exemplos nesta direção estão ai espalhados além das fronteiras do Recife.
Candidatos dados como derrotados nos gabinetes do poder saindo das urnas com vitórias politicamente consagradoras.
Alianças mal costuradas e por ai vai.
Que a experiência nessa nova fase do cenário eleitoral possa jogar luz no ambiente do PSB e de suas lideranças maiores.
Tenho esperanças de que todos despertem para aquilo que efetivamente nos empurra para a unidade real, seja na vitória ou na derrota: o projeto político que defendemos e pregamos como legado coletivo.
Jamais os interesses individuais de assessores e dirigentes preocupados com seus efêmeros cargos que ocupam ou que pretendem ocupar.
E que só faz nos dividir.