Principal líder do PSB até a sua trágica morte em 2014, o ex-governador Eduardo Campos (PSB), principalmente a partir de 2012, quando iniciou sua movimentação rumo à Presidência da República, era uma figura certa nos palanques de aliados por todo país, tendo saído daquele pleito como o presidente da legenda que mais cresceu, com 100 prefeituras a mais que em 2008.
No entanto, nestas eleições, quase nada se viu do “eduardismo” pelo Brasil nas candidaturas, mesmo as socialistas.
Diferente também do que aconteceu com a queda do avião há dois anos, quando sua imagem foi amplamente explorada.
A exceção ficou para o seu irmão, Antônio Campos (PSB), candidato que disputa a Prefeitura de Olinda no segundo turno.
Tonca, como Antônio também é conhecido, investiu para se vincular politicamente ao irmão desde muito antes do pleito começar.
E coloque antes nisso.
LEIA TAMBÉM » João Paulo vai para o segundo turno com Geraldo Julio no Recife » Irmão de Eduardo Campos vai para o segundo turno com Lupércio em Olinda » Força evangélica leva religiosos ao segundo turno em Jaboatão dos Guararapes Em março de 2015, a cidade que fica na Região Metropolitana do Recife acordou com dezenas de outdoors comemorando os seus 480 anos.
A mensagem dizia: “Não vamos desistir.
Olinda pode mais”.
Parecida com a dita por Eduardo, um dia antes da sua morte: “Não vamos desistir do Brasil”.
Apresentação esta que já anunciou o mote que foi usado por todo processo político por Antônio, que ainda se postou como a continuidade do seu avô e ex-governador, Miguel Arraes (PSB).
Porém, o palanque dele não contou com a presença do governador Paulo Câmara (PSB) e nem do seu sobrinho mais velho, tido como herdeiro político de Eduardo, João Campos.
Mas esse apelo contínuo ficou restrito praticamente à cidade Patrimônio Histórico.
Em São Paulo, por exemplo, Eduardo que foi definido, em 2012, pelo então prefeito Gilberto Kassab (PSD) como o “meu líder” em entrevista à revista VEJA, não teve o nome lembrado no debate eleitoral deste ano.
Mesmo não tendo um candidato próprio ao governo, o PSB paulista é forte e comumente pauta os caminhos nacionais da legenda. É o polo de poder que rivaliza com o de Pernambuco, tendo o presidente Nacional, Carlos Siqueira, e o vice-governador de São Paulo, Márcio França. » Antônio Campos rompe silêncio: “Memória de Eduardo será absolvida” » Dois anos depois de acidente que matou Eduardo Campos, inquérito ainda não foi concluído » Turbulência: MPF diz que Eduardo Campos era ‘cliente’ de esquema operado por denunciados » Campanha de Eduardo Campos recebeu R$ 20 milhões ilegalmente, diz PF A própria filiação do atual governador, Geraldo Alckmin, é sempre ventilada dentro de um PSDB em que vários caciques – Alckmin, Serra e Aécio - já iniciaram a corrida pela Presidência da República de 2018.
Se não tiver espaço no ninho tucano, seria o amarelo socialista que receberia o governador.
Ele viria para suprir o vácuo de liderança nacional que ficou no PSB após a morte de Eduardo.
Alternativa que não parece provável para o cientista político da Uniesp, Marco Aurélio Nogueira. “Alckmin é um político conservador.
Tem direito de sê-lo, nada a objetar, mas o lugar dele não é num partido socialista.
Aliás, não seria nem mesmo no PSDB, que também tem uma inspiração socialista.
Mas, caso o candidato de Alckmin (João Doria) vença em São Paulo, os alckmistas ficarão muito fortalecidos e não consigo imaginar que vantagem teriam em sair do partido”, coloca.
Voltando a Pernambuco, terra natal de Eduardo, até o prefeito e candidato à reeleição do Recife, Geraldo Julio (PSB), cria do ex-governador, apostou em imprimir uma marca própria.
Ele trocou o tradicional “É40”, usado desde a primeira vitória de Eduardo como governador em 2006, pelo “G40”. » Derrota de Luciana Santos rompe hegemonia de 16 anos do PCdoB em Olinda » Em campanha no interior, filho de Eduardo Campos “usa” o nome do pai » Em Jaboatão, Heraldo Selva se compara a Eduardo Campos.
Candidato foi derrotado Apontando para um projeto político em tordo do seu nome.
Mesmo assim, imagens do ex-governador foram pontualmente usadas nos guias e nos discursos dos socialistas, inclusive com a presença dos filhos dele, principalmente, João, que ocupa a chefia de gabinete de Paulo Câmara.
Embora não represente a morte do “eduardismo”, essas eleições mostraram que para sobreviver o grupo político liderado pelo ex-governador entendeu que precisa apostar em uma marca de continuidade, mas agora sob o comando de novas lideranças. É o que entende o cientista político da Unicap Thales Castro. “O PSB ainda não superou esta perda do ponto de vista de liderança, por isso vejo, no caso do Recife, uma tentativa de Geraldo de se mostrar como detentor de condições para ocupar futuramente essa posição”, afirma o especialista. “A tendência é que a imagem de Eduardo seja usada como é a de Arraes, como o idealizador de um norte a ser seguido pelos que integram seu grupo político, e não explorada como o cerne das candidaturas, como aconteceu em 2014.”