Se em todo o Nordeste o PT encontrou dificuldades para eleger prefeitos, em meio à crise que atravessa, a cidade de Serra Talhada, no Sertão de Pernambuco, a 413 quilômetros do Recife, continua sendo uma ilha para a sigla petista e um porto seguro onde a onda vermelha não deixou de bater.

O prefeito do PT Luciano Duque, que buscava o seu segundo mandato, com coligação “O Trabalho Vai Continuar”, desbancou o neto do ex-presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Inocêncio Oliveira.

O candidato a prefeito Victor Oliveira, ao lado do vice Marquinhos Dantas, da coligação “União Pela Mudança”, disputou sua primeira eleição.

Com 24.532 votos, Luciano Duque obteve 55,74% dos votos válidos.

Victor Oliveira, com 19.091 votos, obteve 43,37 % dos votos válidos. “Nós tivemos a coragem de buscar recursos e transformar a saúde de Serra Talhada”, diz.

A chapa majoritária governista de Luciano Duque tem Márcio Oliveira como vice. “Serra Talhada foi uma cidade que foi governada por muito tempo, e aqueles que governaram esqueceram que o povo existia.

Nós tínhamos educação, tínhamos saúde, mas não com a qualidade que a gente tem hoje.

Nós tivemos a coragem de buscar recursos e transformar a saúde de Serra Talhada.

Em cada Posto de Saúde tem um médico, e em cada escola e cada creche tem um professor, tem merenda e o amor”, disse Luciano Duque, nesta semana, em campanha. “Temos um governo, que tem um olhar para o cidadão e pela melhoria da qualidade de vida do nosso povo.

E o povo, vai nos ajudar a dar continuidade a este trabalho”. “Em cada canto desta cidade, tem uma rua calçada, tem uma rua pavimentada, tem uma creche construída, tem escola sendo construída atrás da caixa d’ água, tem posto de saúde e tem uma quadra coberta…e desta forma que a gente continua mostrando a capacidade de construir melhorias para o nosso povo”, disse.

No começo de setembro, o presidente de honra do PR, ex-deputado federal Inocêncio Oliveira, estevá em Serra Talhada para acompanhar de perto a campanha do neto.

Inocêncio Oliveira foi deputado federal por mais 40 anos.

Ele presidiu a Câmara Federal entre 1993 e 1994 e, nesse período, chegou a assumir temporariamente a Presidência da República em nove ocasiões.

Na cidade do sertão, Inocêncio Oliveira participou de comícios, reuniões e gravou para o programa eleitoral do rádio.

Os estrategistas da campanha tentaram usar os dois caciques do PR na cidade para dar uma injeção de animo na militância que apoiava o neto de Oliveira.

Já o petista Luciano Duque recebeu o apoio do senador Humberto Costa (PT) na campanha. “Luciano é alguém que olha pra população, vendo em cada um ser humano, alguém que precisa ser tratado com respeito e honestidade”.

Em tempos de Lava Jato, o aliado encontrou espaço para enaltecer o modelo de gestão de Luciano Duque. “Essa administração não tem uma denúncia sequer que seja, de qualquer aplicação indevida de recursos de corrupção, do que quer que seja”, discursou Humberto, nesta semana que passou.

A gestão teve o apoio do MST, CONTAG, a FETAPE, além de outros movimentos sociais. “Aqui está a verdadeira representação política do povo pobre de Serra Talhada”, registrou em um dos trechos do discurso. “Nós temos verdadeiramente um projeto político, que começou em 2012 e representou a libertação do povo da minha terra.

Continuaremos cada vez mais unidos e trazendo investimentos para melhorar a vida do cidadão da cidade e do homem do campo.

Quero agradecer aos vereadores, lideranças políticas comunitárias e de associações rurais”.

LEIA TAMBÉM: > Inocêncio Oliveira diz que seu apoio a Aécio é em homenagem a Eduardo Campos » Inocêncio Oliveira é destituído da presidência do PR em Pernambuco » Em Pernambuco, Inocêncio Oliveira prega voto em Aécio Neves » Sebastião chega à Câmara pela primeira vez com os votos do primo Inocêncio Oliveira No último comício da campanha eleitoral de 2016, depois de uma carreata e festa na Avenida principal do Conjunto Residencial, Luciano destacou a participação do Partido dos Trabalhadores, nos governos de Lula e Dilma, com entrega de creche e Unidade Básica de Saúde, a construção do SEST/SENAT e anunciando reformas de praça e instalação de três novas empresas, entre o Vila Bela e Vanete Almeida.

Criação de empregos “Vamos continuar trabalhando e vamos continuar fazendo por esse Bairro, trazendo mais investimentos.

Vamos trazer mais equipamentos, vamos melhorar as praças para que vocês possam ter lazer.

Vamos trazer mais equipamentos esportivos pra essa comunidade: ginásio coberto e praça moderna” garantiu.

Além dos 100 empregos quando estiver funcionando o SEST/SENAT, prometeu uma fábrica de móveis, com 200 empregos para esta comunidade e com a ajuda de empresário do Rio Grande do Sul prometeu para Serra Talhada três indústrias e mais 700 empregos.

Na campanha, Victor prometeu construir um futuro melhor para Serra Talhada, mas não faltaram provocações.

O vice, Marquinhos Dantas, chegou a prescrever um remedinho para a memória do prefeito Luciano Duque, depopis que este disse que o grupo do ex-deputado Inocêncio Oliveira não fez nada por Serra Talhada. “Eu quero dar um recado para quem por ventura encontrar com ele na rua.

Mande ele tomar o “memorex” e lembrar que as coisas mais importantes de Serra Talhada vieram desse grupo aqui”, disse Dantas.

Na campanha, o candidato Victor Oliveira tomou gosto pela campanha, embalado na militância, e chegou a adotar o “tem que mudar’ como grito de guerra nas caminhadas.

Em discurso, disse que era a vez de se ter outro Oliveira na prefeitura. “Política é coisa de ‘cabra sério, é coisa de ‘cabra’ homem, que sabe trabalhar pra quem precisa…”, em outra oportunidade.

O secretário Sebastião Oliveira fazia nos discurso as maiores críticas a gestão Luciano Duque. “Pode até ter construído alguma coisa, mas o que construiu não funciona, não adianta construir gaiola de ouro se não tem canário para cantar”, disse alfinetando a gestão petistas da Capital da Beleza Pernambucana e seguiu enumerando as falhas que vê na gestão " o Samu não funciona, a UPA 24 horas não funciona, o lixão continua lá onde está, não deu o fardamento escolar…” Além do deputado federal licenciado Sebastião Oliveira, a dupla Victor e Marquinhos contava com o apoio do ex-prefeito Carlos Evandro e do ex-prefeito Geni Pereira.

No ano passado,em Serra Talhada, mais um primo de Inocêncio Oliveira ameaçou tentar manter clã no poder.

Waldemar Oliveira é irmão do deputado licenciado e secretário de Transportes do Estado, Sebastião Oliveira, do PR, além de primo do ex-deputado Inocêncio Oliveira.

Ele carrega nas veias o gene político da sua família, mas foi preterido como candidato à prefeitura de Serra Talhada.

LEIA TAMBÉM: > Inocêncio Oliveira diz que seu apoio a Aécio é em homenagem a Eduardo Campos » Inocêncio Oliveira é destituído da presidência do PR em Pernambuco » Em Pernambuco, Inocêncio Oliveira prega voto em Aécio Neves » Sebastião chega à Câmara pela primeira vez com os votos do primo Inocêncio Oliveira Briga com Dilma e voto em aécio Após dez eleições seguidas, o deputado federal Inocêncio Oliveira abandonou a vida pública em 2014 e não disputou mais um mandato.

Em 2015, pela primeira vez desde 1975, o pernambucano Inocêncio Oliveira (PR), então com 76 anos, deixou os cargos eletivos.

Na quarta-feira 19 de novembro, o político fez o último pronunciamento na Câmara dos Deputados.

Um mês antes, Alfredo Nascimento, ministro de Dilma, afastou Inocêncio Oliveira por ter apoiado Aécio Neves na campanha eleitoral.

O senador do Amazonas Alfredo Nascimento, presidente do PR, deu uma rasteira no ex-presidente da Câmara dos Deputados, Inocêncio Oliveira, retirando-lhe o comando do partido, por estar pedindo votos para o presidenciável Aécio Neves do PSDB.

Oliveira optou por Aécio Neves (PSDB) no segundo turno, seguindo o posicionamento da Frente Popular de Pernambuco.

Nacionalmente, o partido estava coligado com o PT e apoiava a reeleição da presidente Dilma.

No primeiro turno, o diretório estadual ficou livre para apoiar a candidatura de Marina Silva (PSB).

Ex-ministro dos transportes dos governos Lula e Dilma, Alfredo Nascimento, que reaproximou o partido da base governista após o mensalão, fez campanha para Dilma e decidiu nomear o deputado federal Anderson Ferreira para o posto, em substituição a Sebastião Oliveira.

O evangélico hoje já se recompôs com os Oliveira e é candidato em Jaboatão dos Guararapes, com chances de vitória.

No final daquele mesmo ano de 2014, depois de perder todo o poder que já teve, o ex-presidente da Câmara dos Deputados sofreu uma cirurgia cardiáca e ficou meses hospitalizado.