O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), ficou com 49,34% dos votos neste domingo (2) e vai para o segundo turno com o ex-prefeito João Paulo (PT), que ficou com 23,76%.
Os dois voltam a se enfrentar no segundo turno, no dia 30.
O fato de as eleições terem sido mais curtas este ano acabou diminuindo a possibilidade de mudanças radicais.
João Paulo e Geraldo Julio começaram a campanha empatados tecnicamente.
O socialista chegou a passar o petista nas pesquisas de intenções de voto, mas a diferença entre os dois não passou de 10% ao longo da campanha.
Nestas eleições, Geraldo Julio contou a seu favor, além da máquina, com o maior tempo de TV.
Usou inicialmente para falar sobre ações do seu governo, como a robótica na rede municipal e a construção do Compaz e do Hospital da Mulher.
Depois, passou a criticar o principal adversário, como fez com o projeto da Avenida Conde da Boa Vista.
O socialista teve ainda o maior número de candidatos proporcionais, mais de 450 em um total de 700 candidatos a vereador na capital.
Eleito no segundo turno em 2000 para o mesmo cargo, após virar o placar contra o então prefeito Roberto Magalhães, do PFL, João Paulo deixou a prefeitura após o segundo mandato com 88% de aprovação da gestão.
Agora, porém, enfrenta dificuldades que são consequência da briga interna das eleições de 2012 e da Operação Lava Jato.
O desempenho de João Paulo foi influenciado pela realidade atual do PT, durante a investigação do Petrolão e logo após o impeachment de Dilma Rousseff.
O candidato chegou a sofrer uma tentativa de agressão.
Outra disputa Há quatro anos, disputando como candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo atual líder do PT no Senado, Humberto Costa, a chapa petista ficou em terceiro lugar em 2012, com 17,4% dos votos.
Geraldo Julio venceu ainda no segundo turno, com 51,1% e o deputado federal Daniel Coelho (PSDB), novamente adversário dos dois agora, teve 27,6%.
Porém, o cenário era outro naquele pleito.
Dois anos antes do início da Lava Jato e ainda no início do primeiro mandato de Dilma, a dificuldade era no PT municipal e envolvia João Paulo diretamente.
O petista “bancou” a candidatura do seu então - e agora novamente - aliado João da Costa para sucedê-lo na prefeitura, indo de encontro à opinião de outros petistas e de aliados na época, como Eduardo Campos e o vice-prefeito Luciano Siqueira (PCdoB), que ocupou o cargo com João Paulo e com Geraldo Julio e agora é novamente candidato com o socialista.
O afilhado venceu a eleição com 51,54% dos votos e Milton Coelho (PSB) como vice, mas não manteve a popularidade do padrinho político, contando com apenas 30% de aprovação no primeiro ano de gestão e com 31% dos recifenses considerando seu governo ruim ou péssimo.
Mas a briga foi muito além desses índices.
João Paulo foi acusado por João da Costa de ser centralizador e de tentar influenciar na prefeitura e, por sua vez, foi tido pelo ex-aliado como alguém que abandonou os ideais do partido e os compromissos de campanha.
Em meio à briga, o PT realizou prévias para definir se o caminho seria a tentativa de reeleição ou com Maurício Rands, petista na época, como candidato.
João da Costa venceu o processo, mas o resultado foi indeferido pelo diretório nacional do partido e Humberto foi o indicado.
O PSB conseguiu tirar proveito do conflito para romper com os petistas.
Eduardo Campos tirou Sileno Guedes, Danilo Cabral, Tadeu Alencar e o hoje prefeito das secretarias que ocupavam no governo estadual e colocou os socialistas como pré-candidatos na capital.
O escolhido, Geraldo Julio, que ocupava a pasta de Desenvolvimento Econômico, foi apoiado por Rands, que deixou o PT e renunciou ao mandato de deputado federal.
No ano seguinte, já com pretensão de disputar a presidência, Campos deixou de apoiar os petistas também no âmbito federal.
Os dois superaram as rusgas e voltaram a se falar há dois anos, na eleição em que João da Costa foi candidato a deputado e o PT não conseguiu eleger nenhum parlamentar para a Câmara e diminuiu a representação na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
O afilhado político de João Paulo se candidatou à Câmara Municipal este ano.
Os Joões estiveram juntos em atos durante a campanha, muito influenciada pela realidade atual do partido em que os dois se mantiveram apesar da briga.
Até a escolha do candidato a vice foi um movimento pautado nos âmbitos nacional e estadual.
Sílvio Costa Filho (PRB) é ligado a Armando Monteiro Neto e filho de um dos mais ferrenhos aliados de Dilma em Brasília, o deputado federal Sílvio Costa Filho (PTdoB) - com os partidos deles, veio também o PTN.
João Paulo começou na política sindical, como presidente do sindicato local dos metalúrgicos e da Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE).
Foi o caminho que traçou no início da campanha, dando prioridade a encontros com entidades representativas de trabalhadores e às “cirandas”, como intitulou as rodas de discussão que levaram às ideias para a formação do seu programa de governo.
O petista realizou caminhadas, carreatas e outros eventos de rua, mas, da mesma forma que o seu adversário que venceu a eleição, fugiu dos debates, comparecendo apenas na última semana de campanha.
Como o socialista, teve a gestão questionada pelos opositores.