Irmão do ex-governador Eduardo Campos (PSB), o advogado Antônio Campos, também socialista, vai para o segundo turno das eleições em Olinda sem nunca antes ter tentado a carreira política.

Antônio Campos ficou com 28,17% dos votos e Lupércio (SD) com 23,38%.

Dezesseis anos depois de colocar o PCdoB no poder, Luciana Santos ficou apenas em quarto lugar nesta eleição.

Diferente da tendência vista nestas eleições, de não explorar a imagem do ex-governador, Tonca, como Antônio também é conhecido, fez o oposto e começou a vincular sua imagem a de Eduardo desde muito antes da campanha começar.

Outra nuance, é que ele chega sem ter contado no palanque com o governador Paulo Câmara (PSB) ou um dos filhos de Eduardo.

Com o pretexto de parabenizar os olindenses pelos 480 anos, ainda em março de 2015, Tonca, distribuiu dezenas de outdoors pela cidade lembrando uma das últimas frases ditas publicamente pelo seu irmão, antes do trágico acidente. “Não vamos desistir.

Olinda pode mais”.

Parecida com mensagem dita por Eduardo: “Não vamos desistir do Brasil”.

Desde então, as datas comemorativas foram usadas como pretexto.

Dia do amigo?

A imagem de Eduardo foi compartilhada, em post patrocinado, o que é vedado pela legislação, no Facebook.

Logicamente que no dia do irmão o mesmo expediente foi usado, assim como no aniversário de nascimento e morte, tanto de Eduardo como do avô de Antônio e também ex-chefe do Executivo estadual, Miguel Arraes.

A não ida do governador Paulo Câmara ou de, pelo menos, João Campos, tido como o herdeiro político de Eduardo, causou constrangimento durante a campanha, tendo Antônio enviado à imprensa ou se posicionado via redes sociais sempre que uma matéria neste sentido era publicada.

Nos bastidores, o que sempre se comentou é que a candidatura de Tonca teria sido forçada pelo próprio.

Um projeto pessoal, não do partido.

Como Olinda é administrada há 16 anos pelo PCdoB, que integra a base do governador, não estaria na vontade do Palácio das Princesas entrar em atrito com o aliado, que no Recife ocupa a vice do atual prefeito Geraldo Julio (PSB).

Porém, investido pela imagem de ser o irmão do maior líder recente da legenda, a vontade da postulação em Olinda prevaleceu.

Mas o próprio relacionamento entre Antônio e Paulo é conturbado.

O hoje candidato se diz um “aliado crítico” do gestor e comumente tece críticas à sua administração.

A sua mãe, ministra do Tribunal de Contas da União, Ana Arraes, também se envolveu no certame ao criticar a falta de envolvimento dos socialistas na campanha do filho.

Coube a Tonca também farpas contra o fato de a vice na chapa de Geraldo, no Recife, contar com Luciano Siqueira, um nome histórico do PCdoB e ferrenho acusador do que ele considera como “golpe” sofrido pela então presidente Dilma Rousseff.

A queda de Dilma foi uma das bandeiras defendidas por Antônio e a bancada do PSB na Câmara votou em peso pelo seu afastamento.

Em uma das notas enviada ao Blog após uma matéria questionando as ausências no seu palanque, ele, que durante a campanha sempre se colocou como uma continuidade do avô e do irmão, reconheceu caber ao sobrinho essa função. “Tenho, pelo meu sobrinho João Campos, um grande apreço e acho que ele foi escolhido para ser o sucessor do seu pai e meu irmão.

Ele conta com o meu apoio incondicional para essa missão”, disse o socialista.

Mas não foi só a imprensa que notou e comentou sobre isso, os concorrentes também.

Com o mote “Quem conhece Antônio Campos, não vota em Antônio Campos”, a deputada estadual Teresa Leitão (PT) veiculou no rádio e na TV um material que reforçava a não ida deles.

A petista teve de ceder parte do seu tempo para direito de resposta do socialista.

Como resposta, o socialista usou o expediente mais empregado por ele nesta campanha.“Quem conheceu e esteve ao lado de Eduardo Campos, vota em Antônio Campos 40.

Veja o depoimento do próprio Eduardo Campos sobre seu irmão, Antônio Campos”, publicou nas suas redes sociais.

A escolha de Olinda para o início da vida política dele também foi alvo de debate, com opositores chamando-o de forasteiro.

Como defesa, o socialista sempre lembrou da sua “ligação cultural com a cidade”, por ser idealizador da Fliporto, a feira literária que acontece na cidade.

O professor Lupércio está no primeiro mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), mas iniciou a vida política como vereador de Olinda, em 2008. É evangélico e atua na recuperação de dependentes químicos.

Lupércio é professor de matemática e lecionou na rede pública estadual.

Antes de começar na carreira política, militou no movimento estudantil.