Olinda era a cidade há mais tempo governada pelo PCdoB no País, tida como um reduto nacional dos comunistas.

Porém, a quarta colocação da ex-prefeita Luciana Santos (PCdoB), neste domingo (2), com 16,57% dos votos, pôs fim a isso.

Ela que foi uma das principais defensoras da então presidente Dilma Rousseff durante o processo do impeachment.

LEIA MAIS: “Luciana se queimou por causa de Renildo” é o sentimento durante caminhada “Se eu não fosse bom não teria sido eleito e reeleito”, acredita o prefeito de Olinda, Renildo Vaias contra Luciana Santos e confusão marcam início do debate com candidatos à Prefeitura A derrota na cidade também foi de outro grupo político tradicional da Marim dos Caetés: a família Urquiza, que este ano, assim como em 2012, lançou Izabel (PSDB), filha da ex-prefeita Jacilda (1996-2000), que acabou ficando na terceira colocação com 18,40% da preferência do eleitor.

Desde que esteve representada na tentativa de Jacilda conseguir a reeleição, os Urquiza tentam, sem sucesso, voltar ao posto máximo do Executivo municipal.

Há quatro anos, a tucana ficou em segundo lugar.

Luciana Santos no discurso de posse em 2001.

Foto: Divulgação - Luciana Santos no discurso de posse em 2001.

Foto: Divulgação Luciana em campanha no ano de 2004.

Foto:Renato Spencer/JC Imagem - Luciana em campanha no ano de 2004.

Foto:Renato Spencer/JC Imagem Luciana em campanha no ano de 2004.

Foto:Renato Spencer/JC Imagem - Luciana em campanha no ano de 2004.

Foto:Renato Spencer/JC Imagem Luciana Santos votando em 2004.

Foto:Renato Spencer/JC Imagem - Luciana Santos votando em 2004.

Foto:Renato Spencer/JC Imagem Luciana Santos votando em 2016.

Foto: Divulgação - Luciana Santos votando em 2016.

Foto: Divulgação Nesta campanha, Luciana, que está no segundo mandato de deputada federal por Pernambuco, não conseguiu superar a rejeição do atual prefeito Renildo Calheiros (PCdoB), eleito com o apoio dela em 2008 e reeleito quatro anos depois, mesmo tendo perdido para a quantidade de olindenses que votaram branco ou nulo.

A própria ligação entre eles foi excluída do material de campanha dela, embora ele tenha comparecido, com direito a discurso, na convenção que homologou sua candidatura e na inauguração do comitê.

Mas também nesses dois eventos, mesmo com o público quase completamente tomado por militantes dos partidos que a apoiaram - além do PCdoB: PSD, PDT, PP, PRTB e PSDC - ou funcionários da prefeitura, o público não reagiu tão bem ao atual mandatário.

Na convenção, por exemplo, os funcionários da Prefeitura foram organizados praticamente por pasta durante o evento na quadra do Colégio São Bento, como os servidores e comissionados da Educação que ficaram no canto esquerdo da arquibancada.

Quando Renildo foi anunciado pela apresentadora como “o melhor prefeito do Brasil”, parte do público se olhou e riu.

Diversas pesquisas registradas no Tribunal Regional Eleitoral (TER) mostram que a rejeição ao governo dele supera os 80%.

Em atos de campanha em que a reportagem esteve presente, essa vinculação se mostrava como a mais prejudicial para Luciana, com olindenses falando que o governo dela tinha saldo positivo, mas que o do seu sucessor tinha tirado seu prestígio. “Luciana se queimou por causa de Renildo”, chegou a definir o autônomo Cristiano Silva.

O possível uso da máquina municipal em prol de Luciana foi outro ponto que os dois precisaram explicar durante a campanha.

O advogado Antônio Campos chegou a representar na Justiça contra ela. “Pelas redes sociais oficiais da segunda investigada (Luciana Santos), é possível verificar internautas deixando comentários sobre a evidente participação de servidores ocupantes de cargo em comissão nos seus atos de campanha", acusou o socialista.

Se Luciana foi uma das principais líderes nacionais contrárias ao impeachment da hoje ex-presidente Dilma, isso não permitiu que ela usasse símbolos petistas ou até a imagem do líder-mor do PT, o ex-presidente Lula.

Uma das suas concorrentes foi a deputada estadual Teresa Leitão (PT).

Junto ao TRE, a assessoria jurídica da coligação Olinda Quero Avançar, da petista, conseguiu, em 31 de agosto, que a Justiça impedisse que a comunista continuasse usando a imagem do ex-presidente.

VOTO DE LUCIANA NO IMPEACHMENT: Inclusive, nem quando Lula esteve no Recife e aproveitou para gravar e discursar a favor de candidaturas ligadas ao seu grupo político na Região Metropolitana do Recife (RMR), ela foi chamada para integrar o ato.

Sua assessoria e a própria acusaram o incômodo informando que “ela havia sido chamada, mas que não iria” por causa de um ato de campanha.

Enquanto que o presidente Estadual do PT, Bruno Araújo, havia dito a reportagem que de fato ela não tinha sido chamada por “questões eleitorais”.

BIOGRAFIA DE LUCIANA Na política, Luciana começou a militância no movimento estudantil, em 1984 no movimento Viração.

Foi presidente do Diretório Acadêmico (DA) de Engenharia e Computação da UFPE (1985), dirigente do DCE e vice-presidente regional da União Nacional dos Estudantes, UNE, (1989-1991).

Em 1987 filiou-se ao PCdoB. É membro do Comitê Estadual do PCdoB/PE e membro do Comitê Central desde 2001, sendo em maio de 2015 eleita presidente Nacional do partido.