Da mesma forma que a crise econômica reforçou o apoio ao impeachment de Dilma, o momento econômico adverso acabou ajudando a blindar a gestão do prefeito do PSB no Recife.

A exemplo do que ocorreu nas três rodadas anteriores da pesquisa da Nassau, os entrevistados voltaram a perguntar aos eleitores do Recife se existe crise econômica no Brasil e, em caso afirmativo, na opinião destes, se a crise econômica nacional interferiria negativamente na administração do prefeito Geraldo Julio.

Nada menos que 90% dos entrevistados disseram que havia uma crise e outros 9,4% negaram o óbvio.

Os números são praticamente os mesmos da rodada de pesquisa divulgada na última quarta-feira, antes do fim do guia eleitoral no rádio e na TV.

No entanto, nesta reta final, não se sabe se como efeito do guia eleitoral, cresceu o percentual de pessoas que concordam com a narrativa de que a crise interfere negativamente na administração de Geraldo Julio.

Na terceira rodada, na quarta-feira, o sim respondia por 69%.

Nesta sexta, subiu para 74,2%.

A resposta Não somava, na quarta, 30% das questões.

Nesta sexta, caiu para 23,3%.

Não sabiam ou não responderam registrou apenas 2,5%.

O IPMN entrevistou 816 eleitores do Recife nos dias 29 e 30 de setembro.

O nível de confiança estimado da pesquisa é de 95%.

O levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral com o número PE-02437/2016.

LEIA TAMBÉM » IPMN/JC: com 33% das intenções de voto, Geraldo Julio mantém liderança a uma semana da eleição » Gestão de Geraldo Julio é regular para a maioria dos recifenses, diz IPMN/JC » Recifense continua tendo mais medo de que João Paulo ou Geraldo Julio assumam a Prefeitura » Eleitor do Recife não quer ver guia da TV e continua sem interesse nas eleições » IPMN/JC: administração Paulo Câmara continua regular para os recifenses Já no mês passado, o professor Adriano Oliveira, coordenador geral da pesquisa da Nassau, já chamava atenção para o fato de que a crise acabaria ajudando Geraldo Julio, por mais que os adversários tentassem dizer o contrário, no rádio, na tv, nos jornais ou na estridente internet. “A crise tende a ajudar Geraldo no momento em que ele mostra suas obras.

Como a crise está diretamente ligada ao eleitor, pode ajudar positivamente Geraldo”, afirmou, no mês passado.

Em resumo, os recifenses continuam acreditando que crise econômica nacional afetou gestão Geraldo Julio.

A questão era uma das mais relevantes nestas eleições uma vez que o prefeito Geraldo Julio já havia dado sinais, desde o final de 2015 e de forma mais clara ainda em agosto de 2016, de que usaria a crise para justificar não ter cumprido todas as promessas de campanha.

Os adversários criticaram, antes e depois do início da campanha oficial, a narrativa apresentada pelo PSB, sem sucesso.

Foram sete adversários tentando descontruir a tese, mas aparentemente sem sucesso até aqui.

Geraldo Julio adota estratégia de críticas veladas às gestões petistas em seminário do Lide Geraldo Julio começa prestação de contas ainda em 2015.

Em um único dia, fará três palestras, no LIDE Pernambuco Naquele agosto de 2016, Geraldo Julio já ressaltava as linhas que veio apresentar na campanha, de que houve uma crise econômica no meio do seu mandato, avaliado por ele como o pior desde 1930. “Nenhum de nós viveu numa crise tão dura na economia brasileira”, afirmou.

Porém, defendeu a sua gestão ao dizer que tentou resolver o problema. “Ela atropelou os nossos planos, sim, mas atropelou o plano de todo mundo”, falou.

O prefeito opinou que a economia tem ganhado confiança com o governo Michel Temer (PMDB), mas ela precisa se consolidar para que haja mais investimentos. “A confiança mudou completamente, mas o momento é de apreensão”, ponderou.

Já na campanha deste ano, o tucano Daniel Coelho, respondendo a uma pergunta do blog, no programa de Samir Abou Hana, chegou a comparar a gestão do PSB no Recife com a gestão do DEM, em Salvador, citando ACM Neto, que também enfrentou crise e está com bons índices de aprovação na Bahia.

A campanha do candidato do PT João Paulo também adotou a mesma estratégia, em vários momentos.

Líder da oposição diz que Geraldo Julio usar crise econômica é “tentativa de enganar o povo” Já ali, ao apresentar os dados da própria gestão, o prefeito Geraldo Julio (PSB), adotou a estratégia de comparar os quatro anos de mandato aos três do PT no Recife – os oito primeiros com João Paulo, adversário do socialista nestas eleições, e os outros quatro com João da Costa, que agora tenta uma vaga na Câmara Municipal.

Durante os 40 minutos de fala no seminário “Propostas para o Recife”, realizado no Lide Pernambuco, Geraldo Julio exaltou obras como a implantação do Compaz no Alto Santa Terezinha, na Zona Norte, que recebeu o nome do padrinho político dele, o ex-governador Eduardo Campos (PSB). “É a maior fábrica de cidadania do País”, afirmou, enaltecendo o único dos cinco equipamentos como esse prometidos nas eleições vencidas pelo socialista em 2012, inaugurado este ano. “Quero fazer a campanha da paz, a campanha de a gente discutir o que é melhor para a cidade”, afirmou então Geraldo Julio no Lide, apesar de todas as alfinetadas contra os governos petistas – tanto de João Paulo e João da Costa quanto da presidente afastada Dilma Rousseff (PT).