Agora ré na Operação Lava Jato, após decisão unânime da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou nesta terça-feira (27) que recebeu a decisão da Corte “com profunda tristeza”.

Em nota, disse ainda que na denúncia “não há uma única prova concreta”.

Além da petista, tornaram-se réus o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, e o empresário Ernesto Kugler.

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Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, teriam recebido R$ 1 milhão de propina de contratos firmados entre empreiteiras e a Petrobras, através do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef.

O valor foi supostamente usado na campanha da petista em 2010.

A senadora nega. » Leia a íntegra da nota de Gleisi Hoffmann: “Embora nutra respeito pela Justiça de nosso País, é com profunda tristeza que recebo a decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de acatar a denúncia formulada contra mim e meu marido pela Procuradoria Geral da República.

Em seu voto, o ministro relator Teori Zavascki concluiu dizendo que não dá para ter certeza de que os fatos ocorreram, mas que nesse momento basta uma dúvida razoável para aceitar a denúncia.

Agora, pelo menos terei, no julgamento do STF, o benefício da dúvida.

Estou ciente de que o Supremo Tribunal Federal, ao analisar com profundidade o que foi apresentado nos autos, saberá julgar com serenidade, imparcialidade e isenção esse processo.

Tais requisitos faltaram em outras instâncias.

Por isso, vejo a decisão desta terça-feira como uma nova oportunidade de provar, sem sombra de dúvidas, a nossa inocência.

Desde o início desse lamentável episódio, quando injustamente fomos indiciados pela Polícia Federal, insistimos à exaustão que não há uma única prova concreta que aponte o recebimento de recursos ilícitos para minha campanha ao Senado, em 2010.

Como o meu advogado Rodrigo Mudrovitsch voltou a enfatizar hoje da tribuna do STF, a denúncia da PGR se baseia unicamente em questionáveis delações do doleiro Alberto Yousseff, do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do sócio do doleiro, Antonio Carlos Pieruccini.

Em sua delação, essa pessoa disse que transportou a suposta propina para minha campanha, em dinheiro, de São Paulo para Curitiba, em quatro viagens.

Ele afirmou ainda que entregou a quantia para o empresário Ernesto Kugler, que sempre negou o fato.

Na foto, o ministro Teori Zavascki e o advogado de defesa, Rodrigo Bittencourt, no julgamento sobre a denúncia contra Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo (Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil) Se Pieruccini esteve realmente quatro vezes com o empresário, por que a Polícia Federal não obteve provas físicas desses encontros?

A bem da verdade, a denúncia sequer aponta qualquer ato concreto cometido.

Baseia-se apenas em especulações que não são compatíveis com o que se espera de uma acusação penal.

São inúmeras as contradições nos depoimentos dos delatores que embasam a denúncia, as quais tiram toda a credibilidade das supostas delações.

Um deles apresentou, nada mais, nada menos, do que seis versões diferentes para esses fatos, o que comprova ainda mais que eles não existiram.

Tenho certeza que a verdade prevalecerá.” “Lava Jato fora dos trilhos” Em pronunciamento no Senado mais cedo, Gleisi Hoffmann criticou as prisões dos ex-ministros Antônio Palocci e Guido Mantega, além do que chamou de “show midiático” na denúncia do ex-presidente Lula (PT). “Não é possível.

Eu lamento que o Brasil esteja passando por isso, e nós vamos fazer denúncia internacional, sim, porque temos que mostrar ao mundo que a democracia novinha do Brasil, a frágil democracia brasileira está passando por uma ação continuada de golpe”, afirmou.

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