A candidata à Prefeitura de Olinda Luciana Santos (PCdoB) fez uma caminhada pelas ruas de Jardim Brasil I na tarde desta quarta-feira (20).
As ruas, ora apertadas ora largas - às vezes as duas coisas no mesmo logradouro -, passaram por uma limpeza momentos antes do ato com a comunista.
Mas o lixo não é o maior obstáculo que ela está enfrentando no momento.
Um outro, bem mais difícil de retirar por homens com pás e sacos, é mais incômodo: a ligação do nome dela com o do atual prefeito, Renildo Calheiros (PCdoB). “Luciana se queimou por causa de Renildo”, comentou Cristiano Silva, 38 anos.
O autônomo, que votou nela por duas vezes, diz que não vai repetir o “65” no dia 2 de outubro.
Luciana ouvindo críticas de Anilza Santos.
Foto: Marcos Oliveira Luciana foi prefeita durante oito anos, tendo vencido a primeira vez em 2000, fez o sucessor em 2008, que se reelegeu quatro anos depois, mesmo tendo perdido para a quantidade de votos brancos e nulos.
Durante o ato, pessoas sorriam para ela e aceitavam receber seus cumprimentos.
Foi o caso de Neide Soares, aposentada de 68 anos, que sempre morou por lá. “Eu voto nela, Luciana é a minha prefeita.
Jardim Brasil era esquecida antes dela”, afirmou, terminando de amarrar o cabelo, pintado com um acaju já rareando.
Neste momento, uma van de condução escolar passava vagarosamente pela Rua Terezina.
A condutora, Maria Bethânia, segundo ela, não em homenagem a cantora, fez cara de desaprovação, para depois soltar um: “Não sei em quem vou votar, mas nesta aí, nem morta”, confessou, ouvindo risos das crianças que estavam no veículo.
LEIA MAIS: Luciana Santos quer “novo ciclo” em Olinda Teresa Leitão não quer que Luciana Santos use imagem de Lula.
Justiça eleitoral aceita liminar “Tenho que me recolher ao meu lugar”, diz Renildo Calheiros na convenção de Luciana Santos A rua por onde o veículo estava passando era uma das que não tinham saco de lixo no chão, copos, garrafas, um pepel não era visto.
Areia, que areia?
Aparentava ter sido limpa a pouco tempo.
O motivo, segundo vários moradores ouvidos, veio com uma conclusão que perpassava pela indignação de uns e a conformidade de que “é sempre assim” de outros. “Passou aqui hoje pela manhã, meu filho, um monte de homem limpando tudo.
Mas vá nas ruas aqui atrás que deve tá tudo sujo”, afirmou a dona de casa Anilda Santos, de 63 anos. “Nem me lembro mais quando cheguei aqui pra morar”, completou.
Ela chegou a ser abordada pela candidata.
Ao ouvir críticas, Luciana afirmou que “a situação de Jardim Brasil era muito pior antes dela”, e citou obras que impedem hoje os alagamentos antes frequentes.
O lixo se acumula na Terezina, ao fundo da foto passa o cortejo político.
Foto: Marcos Oliveira Sobre o conselho de Anilda, de ir na outra rua, a reportagem foi.
Procurou lixo de um lado, viu, procurou lixo do outro, viu também, embora as ruas estivessem calçadas e com a doméstica Fabiane Silva afirmando que antes de Luciana era muito pior. “Mas também piorou muito com esse prefeito que tá”.
Nesta reta final de campanha, a comunista deverá intensificar os eventos e apostar no corpo a corpo para reverter esse tipo de sentimento. “Vamos visitar áreas que ainda não fomos, conversar com as pessoas.
Nós pegamos Olinda em uma situação muito ruim, os olindenses se lembram disso”, afirmou a candidata.
FELIPE E O TAXÍMETRO DE CRÍTICAS A reportagem não voltou para a redação no carro da empresa, precisou pedir um táxi.
Muitas pautas nesta terça-feira, muitas.
Após esperar 15 minutos, chegou.
O taxista, Felipe Tavares, 29 anos, nasceu em Olinda, vive em Olinda e… sim, ele vai votar em Olinda.
Comunicativo, o condutor que aparenta ser mais jovem, com um bigode quase de faz de conta e um cabelo cortado curtinho, perguntou qual era a pauta.
Com a resposta, soltou um “vixeeeee”, carregado, que levou a tréplica do jornalista: “Não gosta dela não?”.
A resposta veio para reforçar o sentimento da caminhada. “Eu moro em Jardim Atlântico, preciso trocar a suspensão a cada três meses.
Muito buraco e ninguém vê o prefeito”, cravou.
Se sabe em quem não vai votar, Felipe mudou durante o caminho, de menos de 20 minutos, em quem iria.
Começou citando “Aquele senhor…
Ricardo”, se referindo a Ricardo Costa (PMDB); passou pela “filha de Jacilda, Izabel.
Votei nela da outra vez”, quando lembrou de Izabel Urquiza (PSDB); até que chegou ao Professor Lupércio (SD), na altura do Tacaruna. “Ele ajuda muita gente, tinha esquecido dele”, concluiu sem concluir, já que se a viagem fosse mais longa, a tendência era de mudar de novo.
E em Olinda, caro leitor, se ele inventasse de passar por cada um, o caminho seria longo.
São dez candidatos à Prefeitura.