Por Fernando Castilho do JC Negócios Esqueça o apartamento 174 no tríplex do edifício Solaris do Guarujá.
Dessa denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o mais constrangedor é se constatar como ele tratou o seu acervo pessoal decorrente de oito anos no exercício da presidência da República.
Ou como ele mesmo chamou de “as tralhas”.
Essas “tralhas” podem se tornar a Elba de Lula, aqui uma referência a constatação de que o então presidente da República, Fernando Collor de Melo, recebeu como doação indevida um veículo Fiat que seria usado em rotinas na então Casa da Dinda em Brasília.
O constrangedor da denúncia dos procuradores de Curitiba é ver como Lula mandou Léo Pinheiro, presidente da OAS e Paulo Okamotto presidente do Instituto Lula cuidarem do armazenamento dos bens pessoais do ex-presidente até que eles fossem acomodados em definitivo.
Assim, sem qualquer cuidado com a memória de seu governo e com o apreço do povo e os seus interlocutores para com o líder político, os dois simplesmente pegaram toda aquelas “tralhas” e mandaram para um armazém.
Sem qualquer cuidado com a história ou respeito.
Custou exatos R$ 1.313.747,24, provenientes da corrupção e pagos pelos executivos da Construtora OAS, por meio de contrato ideologicamente falso de armazenagem, firmado pela OAS com a empresa Granero Transportes Ltda., o qual se destinava, na verdade, era para armazenar bens do acervo pessoal.
A OAS pagou por 61 meses ($ 21.536,84) sem qualquer justificativa aparente.
O gesto de Lula e Paulo Okamotto mostra como eles eram pequenos.
Imagina Barack Obama tratando desse jeito o seu acervo pessoal?
Imagina qualquer presidente de um país sério agindo desse jeito.
Bom, nos Estados Unidos existem leis e formatos em que o acervo do presidente, documentos e cópias de despachos (não secretos) formam um memorial.
Serve de centro de estudos para definição de pesquisas e estudos estratégicos.
No governo Lula viraram tralhas. É interessante observar como está na denúncia dos procuradores que quando ocorreu a mudança do ex-Presidente da República Lula do Palácio do Planalto para seus endereços particulares, ao fim do seu segundo mandato de Presidente, na virada do ano de 2010 para 2011 surgiu o problema de onde acomodar esses pertences.
Tais bens, que compunham o acervo do ex-Presidente da República, foram transportados pelas empresas Mudanças Cinco Estrelas Ltda. (5 Estrelas) e Três Poderes Mudanças e Transportes Ltda. (Grupo Granero), as quais foram contratadas pela União.
Até aí tudo bem.
Afinal eram os vestuários do ex-Presidente, os quais foram entregues na residência deste em São Bernardo do Campo/SP, parte da adega de Lula, a qual, após armazenada durante algum tempo pela Granero, foi entregue em 13 de junho de 2012 em um sítio em Atibaia/SP; e o acervo audiovisual do ex-Presidente Lula, consistente em mídias de áudio e vídeo, que se encontrava armazenado na Granero até a rescisão do contrato em 15 de abril último.
O problema começou quando surgiu a necessidade de guardar ‘as tralhas”.
Para ocultar a origem e a natureza da vantagem indevida repassada a Lula, que era fruto dos crimes de cartel, fraude à licitação e de corrupção, a Construtora OAS indicou que o contrato tinha por objeto a “armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da Construtora OAS Ltda.” Na verdade o referido contrato tinha, na realidade, como objeto a armazenagem de bens tidos como pessoais de Lula.
A OAS pagou por cinco anos e um mês e continuaria pagando se não fosse descoberta pela Polícia Federal.
Os bens armazenados em benefício de Lula foram, então, transportados, a partir do depósito da Granero, para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo/SP depois de um acordo de guarda do Instituto Lula.
O “Contrato de Comodato” para fins de “arquivo e guarda de pertences pessoais e mimos, recepcionados em viagens diversas do ex-presidente Lula e acervo geral” fez todas as tralhas estarem hoje num depósito atrás da sede do sindicado dos metalúrgicos.
Não há nenhuma previsão e que possam ser vistos acessados ou manipulados.
E assim está guardada do que os brasileiros e autoridade entregaram a Lula em respeito ao que ele fez pelo Brasil.