O Ministério Público Federal em Pernambuco expediu nesta quarta-feira (14) uma recomendação à Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) a instauração de processos administrativos disciplinares contra os servidores e envolvidos na Operação Pulso.

Além disso, quer que os funcionários investigados, principalmente os três denunciados em junho, sejam exonerados.

Entre os denunciados está o ex-presidente da estatal Rômulo Maciel Filho.

Em nota, a Hemobrás afirmou, porém, que Maciel Filho é diretor, detentor de mandato, sendo seu caso definido em esfera fora do âmbito da Hemobrás.

Por isso, não poderia ser exonerado pela própria estatal.

LEIA TAMBÉM » Investigado na Operação Pulso, Mozart Sales renuncia à diretoria na Hemobrás Além do ex-presidente, foram denunciados em junho por participação na fraude o os ex-gerentes de Plasma e Hemoderivados Marisa Peixoto Veloso Borges, no cargo de novembro de 2013 a fevereiro de 2014, e Guy Joseph Victor Bruere, gerente de março de 2014 a abril de 2015, além dos empresários Fernando Luft, Juliana Cunha Siqueira Leite e Delmar Siqueira Rodrigues, representantes do Consórcio Bomi-Luft-Atlantis.

Borges foi exonerada essa semana e Bruere ainda no ano passado.

A Hemobrás afirmou na nota que está cumprindo a recomendação.

Além disso, diz que já há processos administrativos para apurar informações sobre os contratos. » Funcionários da Hemobrás protestam contra retorno de diretor investigado na Operação Pulso » Afastado após operação da PF, Rômulo Maciel Filho vai voltar à Presidência da Hemobrás por decisão judicial A operação investigou irregularidades no contrato de logística de plasma e hemoderivados com o consórcio.

Ligada ao Ministério da Saúde, a estatal é responsável por pesquisas relacionadas ao sangue.

De acordo com o MPF, o esquema resultou em superfaturamento de R$ 5,2 milhões.

Operação Pulso Segundo o Ministério Público Federal, consórcio havia sido contratado para fazer a coleta de plasma nos hemocentros do país e concentrá-los no centro de distribuição em Itapevi (SP), onde a carga era organizada e remetida à fábrica da Hemobrás em Goiana.

O pagamento era feito por quilômetro rodado.

No entanto, as investigações revelaram que os réus decidiram, diferente do previsto no contrato, desviar recursos para pagar ao consórcio pela disponibilização de contêineres refrigerados para armazenagem do plasma por tempo indeterminado, em razão de acúmulo do insumo no centro de Itapevi.

Para isso, era feita a elevação da real quilometragem percorrida pelos veículos, com uso de notas fiscais e leitura de quilometragem falsas.

O valor dos pagamentos feitos com recursos públicos era definido pelo consórcio. » PF deflagra operação contra organização criminosa que atuava na Hemobrás » Dinheiro “cai do céu” durante operação da Polícia Federal no Recife A Polícia Federal afirma que, durante a operação, percebeu que diversas amostras de sangue coletado que deveria ser transformado em medicamentos contra a hemofilia e outras doenças eram armazenados de forma inadequada, o que os tornava inapropriados para a produção dos remédios.

Em alguns casos, houve perda total do insumo.

As irregularidades foram cometidas pelos acusados entre novembro de 2013 e maio de 2015.

Dinheiro que caiu do céu Durante a operação, em dezembro do ano passado, na chegada dos agentes da Polícia Federal a um dos endereços investigados, os prédios conhecidos como “Torres Gêmeas”, no Centro do Recife, uma situação, no mínimo inusitada, ocorreu.

Maços de dinheiro foram arremessados pelas janelas.

Segundo a Polícia Federal, o dinheiro que “voou” de um prédio no Recife, quando policiais chegavam ao local, foi arremessado da janela de um apartamento de Rômulo Maciel Filho.