Em tom político, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) subiu à tribuna da Câmara para fazer a própria defesa no processo de cassação, nesta segunda-feira (12).

Afastado do cargo desde maio após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e dois meses após renunciar à presidência da Casa, fez discurso em que acusa o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar de tratá-lo de forma “diferenciada” no processo e ataca os parlamentares petistas. “É o preço que eu estou pagando por fazer o Brasil ficar livre do PT”, afirmou ao plenário, que chegou a 420 parlamentares durante a sua fala.

No processo que se arrasta há 11 meses, Cunha é acusado de mentir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras ao afirmar que não tinha contas no exterior. “Eu não menti à CPI.

Não tem a conta, o banco da conta, o numero da conta”, disse o deputado afastado.

O peemedebista reafirmou que o que ele tem na Suíça são trustes.

Cunha reclamou de ser um dos únicos a ter denúncias aceitas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Lava Jato, que começou há dois anos e meio para investigar o esquema de corrupção na Petrobras. “Nós éramos oposição no primeiro mandato do ex-presidente Lula”, se defendeu, para alegar que não tinha poder sobre a estatal no período. “O tratamento é diferenciado”, disse.

Cunha argumentou que o período médio para a abertura de uma ação na Corte é de 662 dias. “No meu caso, menos de 60 dias”, disse.

O deputado afastado frisou que há mais de três anos há uma denúncia contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Contra os petistas Cunha exaltou o fato de ter aberto o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), concluído com a saída dela no último dia 31.

O deputado afastado criticou os petistas diversas vezes na sua fala e afirmou que o andamento da sua cassação foi motivado por isso. “Esse criminoso governo que vocês fazem parte foi embora graças a atividade feita por mim quando abri o processo”, afirmou aos deputados petistas.

Os parlamentares responderam, provocando burburinho no plenário.

O peemedebista, então, afirmou a Rodrigo Maia (DEM-RJ), que o sucedeu na presidência da Câmara, que pediria o tempo de interrupção no fim da sua defesa. “O que quer o PT?

Um troféu para gritar que é golpe.

Golpe é usar o dinheiro do Petrolão, segundo o marqueteiro, para pagar o caixa dois”, atacou.

Eduardo Cunha respondeu a acusação de que teria feito uma chantagem com os parlamentares petistas de que, se eles votassem a seu favor no Conselho de Ética, não abriria o impeachment. “Chantagem foi feita em cima de mim ofertas foram feitas em cima de mim e eu as recusei”, disse.

Cunha ainda chamou Dilma de “inidônea” e disse que ela mentiu ao afirmar que a Câmara teve pautas-bomba contra o governo. “Defesa mínima” O deputado afastado ainda afirmou que não teve amplo direito a defesa. “Se tem uma coisa que ninguém pode negar é que eu conheço o regimento.

Essa forma que eu estou exercendo agora de defesa é mínima”, disse.

Cunha afirmou ainda que não votou a favor da cassação dos parlamentares envolvidos no escândalo do mensalão, há dez anos, por achar que tem que ser respeitado direito ao contraditório.

O peemedebista considerou o processo contra ele uma “covardia” e reclamou que, ao ser afastado do cargo pelo STF, não pôde mais frequentar a Casa. “Se tem uma coisa que ninguém pode negar é que eu conheço o regimento.

Essa forma que eu estou exercendo agora de defesa é minima”, disse. “Foi só instrumento de covardia.

Além da covardia de não me permitirem estar aqui para debater com vocês, começaram a atacar a minha família”, acrescentou. “Cassar o meu mandato é cassar os votos dos meus eleitores, que foram 272 mil no Rio de Janeiro”, afirmou.

Após protestos de aliados de Dilma de que o mesmo foi feito com a ex-presidente, disse: “O vice-presidente foi votado por 54 milhões, junto com a presidente, diferentemente do meu suplente.

Aqui não se respeita o regimento. É um projeto de resolução tem que ser votado.”