Estadão Conteúdo - A nova presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, afirmou na tarde desta segunda-feira (12), em seu discurso de posse, que o “cidadão brasileiro não há de estar satisfeito hoje com o poder Judiciário”.
Segundo ela, o “juiz também não está”. “Talvez estejamos vivendo tempos mais difíceis.
Talvez, porque também cada geração tenha a ilusão e um pouco de soberba de achar que o seu é o maior desafio.
Mas é certo que se modificaram na raiz os paradigmas antes adotados, exauriram-se os modelos estatais antes aproveitados.
O sonho de ser feliz e de viver numa sociedade justiça é o mesmo, o de sempre.
Alguma coisa está fora de ordem”, disse.
Segundo ela, vivemos hoje tempos tormentosos e há que se fazer a travessia para tempos mais pacificados.
Cármen Lúcia disse que nosso tempo exige maior cuidado, “prudência pra saber ouvir, entender e coragem pra enfrentar o que precisa ser mudado, respeitado, a despeito de interesses”.
A presidente do STF afirmou que a luta pela justiça parece mais firme, “fruto, no caso brasileiro, da experiência democrática”.
Ela reconheceu, no entanto, ser de “inegável gravidade e difícil solução rápida” o julgamento em prazo razoável de processos multiplicados.
Para Cármen Lúcia, a transformação há de ser conseguida em benefício exclusivamente do jurisdicionado. “No que o Judiciário não deu certo, há de se mudar”, disse, acrescentando que o momento parece ser de travessia e afirmando que as dificuldades do atual momento exigem mais coragem.
Ela destacou que o cidadão quer sossego para andar nas ruas do País, com segurança e citou trecho da música: “Ninguém quer só comida, a gente também quer diversão e arte”.
Segundo a presidente do STF, o tempo é de esperança. “Todo mundo quer um Brasil mais justo.
Cansamos de ser país de um futuro que não chega nunca; o futuro é hoje.” Cármen Lúcia prometeu transparência na sua gestão e disse que Justiça não é milagre, mas que jurisdição não é mistério. “O Judiciário brasileiro sabe dos seus compromissos e responsabilidades”, completou.
Quebra de protocolo Cármen Lúcia quebrou o protocolo e iniciou o seu discurso cumprimentando o “cidadão brasileiro”.
De uma maneira geral, em solenidades oficiais, o discurso é iniciado com cumprimentos às autoridades das diferentes esferas de Poder. “Não temos o Brasil que queremos, o mundo que achamos que merecemos”, discursou a nova presidente do STF, ressaltando que iniciava a fala cumprimentando “o povo”, para que “cada cidadão brasileiro se sinta saudado por mim e por este STF”.
A solenidade de posse de Cármen é acompanhada pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva - que a indicou ao STF - e José Sarney, além do presidente Michel Temer e dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL).