Com o destino do Cais José Estelita em debate na campanha eleitoral deste ano, o grupo de construtoras que propôs o Projeto Novo Recife defendeu em nota que o empreendimento, que prevê torres residenciais e empresariais para a área dos antigos armazéns entre a Zona Sul e o Centro da cidade, “é fruto das novas diretrizes urbanísticas elaboradas pela Prefeitura do Recife”.

O leilão atualmente está suspenso por ordem da Justiça Federal.

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Saiba o que pensam os candidatos O consórcio formado por quatro empreiteiras – Ara Empreendimentos, GL Empreendimentos, Moura Dubeux Engenharia e Queiroz Galvão – comprou por R$ 55 milhões a área dos antigos armazéns, que pertencia ao espólio da Rede Ferroviária Federal, em leilão realizado em 2008.

Depois que a Operação Lance Final, deflagrada pela Polícia Federal em outubro de 2015, apontou fraude na compra do terreno, a Justiça Federal anulou o processo.

O Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) suspendeu essa decisão um mês depois.

Em junho deste ano, entretanto, o juiz federal titular da 1ª Vara, Roberto Wanderley, reafirmou a sentença, retomando a anulação do leilão.

O projeto inicial das construtoras era de construir 12 torres, entre residenciais e empresariais, de até 40 andares.

A demolição dos armazéns para erguer os prédios começou há dois anos, na noite de 22 de maio de 2014.

Ativistas acamparam no local para impedir a ação, que foi suspensa devido à mobilização.

A ocupação terminou pouco menos de um mês depois, uma ação de reintegração de posse em que a Polícia Militar foi acusada pelos manifestantes por uso de violência.

Novos protestos foram realizados, inclusive em frente ao prédio onde mora o prefeito Geraldo Julio (PSB), na Zona Oeste da cidade, e à prefeitura, no Centro.

A proposta do consórcio e o planejamento urbanístico das áreas do entorno do cais foram refeitos, sendo aprovado pelo Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) no fim do ano passado, quando o TRF5 suspendeu a anulação do leilão, um redesenho com algumas ações exigidas, como a criação de um binário para reduzir os impactos à mobilidade. “Esses direcionamentos foram apresentados em várias oportunidades, desde coletiva de imprensa do dia 6 de novembro de 2014, passando por audiência pública no dia 27 de novembro do mesmo ano, no Clube Internacional.

Posteriormente, as diretrizes foram incorporadas ao novo projeto que foi protocolado na Prefeitura do Recife em junho de 2015 e apresentado em outros encontros com lideranças comunitárias do Coque, Coelhos e Pina, além de entidades como Ademi, Sidunscon, Iphan, CDL, Condepe/Fidem, CAU e Câmara Municipal do Recife”, diz a nota do consórcio.

Entre os candidatos que têm falado sobre o assunto está o ex-prefeito João Paulo (PT), que declarou que iria fazer a desapropriação do terreno leiloado pelo governo federal há oito anos, no fim do seu segundo mandato, e que não enxergava mais viabilidade para o projeto. “Temos a compreensão de que nem os autores estão mais interessados em manter o projeto da forma como foi conduzido”, afirmou na semana passada, durante sabatina na Rádio Jornal.