Estadão Conteúdo - O clima político não altera o plano do governo de anunciar em 13 de setembro o pacote de concessões para a iniciativa privada.

A data foi citada pelo presidente Michel Temer (PMDB) em entrevista após o primeiro dia da reunião das 20 maiores economias do mundo, o G-20.

O presidente diz que a intenção de privatizar e conceder projetos à iniciativa privada “está em pé”.

Temer disse que o calendário continua inalterado e o governo apresentará os projetos que serão concedidos à iniciativa privada em 13 de setembro.

O trabalho, disse Temer, está sendo liderado pelo secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco - que levanta os projetos que serão concedidos - e pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles - que avalia quais ativos poderão ser vendidos à iniciativa privada.

Ajuste de gastos em 20 anos Michel Temer usou o discurso de abertura da reunião de cúpula das 20 maiores economias do mundo para afirmar que as reservas internacionais e o regime de câmbio flutuante dão ao Brasil espaço para enfrentar eventual redução da liquidez global.

Para Temer, o Banco Central tem agido de forma “decisiva” para levar a inflação de volta à meta e cita que o preço das commodities, a política monetária “de alguns países desenvolvidos” e a volatilidade do mercado são elementos que têm “merecido especial atenção” do governo brasileiro.

Aos demais países do G-20, Temer afirmou no discurso de abertura do encontro na China que o Brasil tem ferramentas para enfrentar eventual mudança na liquidez global. “As reservas internacionais do Brasil permanecem elevadas, em patamar próximo de US$ 372 bilhões.

Isso, conjuntamente com um sistema de câmbio flutuante, proporciona margem de manobra suficiente para o Brasil enfrentar cenários adversos de redução da liquidez internacional”, disse Temer.

O presidente não citou, mas analistas temem que países emergentes sofram com a esperada elevação do juro nos Estados Unidos - que é esperada para acontecer nos próximos meses, provavelmente até o fim do ano.

O discurso de Temer foi feito em sessão fechada e distribuído pela assessoria de imprensa do Palácio do Planalto.

Com foco especialmente na economia, Temer citou ainda que o governo brasileiro tem acompanhado especialmente três temas que “têm merecido nossa especial atenção”.

Para o Brasil, os assuntos mais importantes no radar são: 1) a evolução dos preços das commodities; 2) os reflexos sobre os mercados das “políticas monetárias de alguns países desenvolvidos” e 3) a volatilidade dos mercados financeiros em meio a fatores como a instabilidade geopolítica e terrorismo.

Mesmo com os eventuais riscos no radar, Temer elogiou o trabalho do Banco Central. “Na condução da política monetária, o BC brasileiro tem atuado de forma decisiva para trazer a inflação para o centro da meta”.

Sobre as prioridades no Brasil, Temer repetiu discurso de que “o desafio econômico mais urgente é de ordem fiscal”. “Nosso objetivo primordial é promover um ajuste estrutural dos gastos públicos num horizonte de 20 anos”, disse ao citar a proposta de emenda constitucional que cria teto para o crescimento das despesas do governo.

Além disso, Temer mencionou no discurso de abertura de sua primeira reunião de cúpula do G-20 que o governo trabalha para a fixação de idade mínima para os aposentados e articula um programa de parcerias público-privadas para concessões. “Como reflexo desses esforços, já foi possível verificar uma positiva reversão de expectativas. É patente a elevação nos níveis de confiança dos agentes econômicos”, disse Temer.

Fugiu de polêmica sobre aumento para o Judiciário Temer não quis entrar no debate sobre o polêmico aumento de salários do Judiciário, que tramita no Congresso Nacional.

O peemedebista disse que o tema só será avaliado pelo Palácio do Planalto após a tramitação no Senado, mas ressaltou que “há fundamento” de que não se pode aumentar o gasto público.

Ao ser questionado sobre a opinião sobre o reajuste para o judiciário, Temer lembrou que há situação fiscal delicada no Brasil. “Há fundamento de que não se pode ter gastos públicos nesse momento”, disse, em entrevista ao fim do primeiro dia da reunião de cúpula das 20 maiores economias do mundo, o G-20. “Eu vou esperar o Senado decidir.

Eu sei que há uma grande divisão no Senado e a minha tarefa será depois da avaliação do Senado”, comentou. “Vejo que há grande divisão no Senado, mesmo no PMDB.

Há alguns que votam a favor, mas muitos que votam contra.

Dependendo do que o Senado decidir, vem para a sanção ou o veto”.