Estadão Conteúdo - Efetivado no cargo há três dias, o presidente Michel Temer (PMDB) afirmou neste sábado (3) que as recentes manifestações contra seu governo são promovidas por “grupos mínimos” e têm caráter antidemocrático por supostamente envolverem depredações. “O tal do ‘Fora Temer’, tudo bem. É um movimento democrático”, declarou em entrevista na China.

LEIA TAMBÉM » Dilma alfineta Temer e diz: “Quando se começa a temer as palavras, se leva ao processo autoritário” » Dilma se diz vítima de segundo golpe, mas convoca “luta” Perguntado se os protestos comprometiam o início de seu governo, Temer insistiu no que considera o caráter inexpressivo das manifestações. “As 40 pessoas que estão quebrando carro?

Precisa perguntar para os 204 milhões de brasileiros e para os membros do Congresso Nacional que resolveram decretar o impeachment”, disse em entrevista a jornalistas brasileiros. “O que preocupa, isto sim, é que se confunde o direito à manifestação com o direito à depredação.” Grupo em protesto contra Temer em São Paulo (Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil) Na sexta-feira, cerca de 400 pessoas participaram em São Paulo do quinto dia de protestos contra o governo Temer.

A manifestação foi pacífica, mas terminou com oito prisões depois que um grupo de “black blocs” depredou pontos de ônibus e quebrou vidros de concessionárias de carros.

Ato contra o impeachment no Rio de Janeiro (Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil) O presidente disse ser “mais do que natural” que seu governo não tenha “apoio” neste momento, mas em seguida atribuiu o fato ao desconhecimento da população em relação aos ocupantes da presidência e da vice-presidência.

Temer também considerou previsível a realização de manifestações, considerando o momento “politicamente mais complicado” gerado pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Protestos “mini” no Brasil e “de verdade na Venezuela Durante entrevista na China, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, foi questionado sobre a continuidade das manifestações no Brasil após o impeachment de Dilma Rousseff. “Manifestações onde?”, questionou Serra. “No Brasil”, respondeu a jornalista. “Mini mini mini mini mini mini.

Manifestação de verdade é a de Caracas, com 1 milhão de pessoas na rua protestando contra o desabastecimento, contra a falta de remédios e contra prisões políticas que existem naquele país”, disse Serra.

Questionado sobre eventual instabilidade política que poderia ser gerada pelas manifestações contra o governo Temer, Serra negou qualquer problema. “De forma nenhuma. É fruto de pequenos grupos organizados sem dúvida nenhuma.

Não tem nenhum caráter de massa”, comentou o ministro no lobby do hotel onde está hospedado para o G-20.